domingo, 26 de dezembro de 2010

O dia da saudade

O DIA DA SAUDADE - por Moacir Poconé

25 de dezembro. Natal. Para muitos, momento de alegria e de confraternização. Mesa farta, presentes, encontro de familiares. Uma festa, enfim. Um momento de celebrar a vida e a amizade. Para outros, porém, momento de tristeza e de reflexão. Tanto que deveria ter outro nome. Deveria se chamar o dia da saudade.

É no dia de Natal que se percebe que aquela pessoa que estava presente à mesa todos os outros anos já não está mais. Percebe-se de modo mais concreto, mais físico a sua falta. Pode ser uma falta temporária (por motivos de viagem, por exemplo) ou a pior de todas, a definitiva. A primeira pode ser amenizada por um telefonema ou, nos tempos de hoje, pelo uso de uma webcam, o que pode de certo modo “trazer” a pessoa para a confraternização. Mas no caso da segunda forma não tem jeito: o vazio será inevitável.

E como fazer para se manter a alegria, a felicidade do encontro na falta daquela pessoa que esteve presente em outros anos? É muito difícil. Acontece até de famílias deixarem de celebrar o Natal, pois o sentimento da dor e da perda supera os outros sentimentos. Nesses casos, não há o dia do Natal. É o dia da saudade. O dia de lembrar momentos vividos, ver fotos antigas, brincadeiras e de sentir a falta daquele ente querido. É a confirmação da frase do grande poeta Olavo Bilac: “Saudade é a presença da ausência de alguém”. Certamente, não há dia no ano em que essa ausência será sentida com maior intensidade. É a cadeira vazia na mesa. É o riso que não se ouve mais. O silêncio que aterroriza e entristece.

Felizes daqueles que comemoram o Natal. Mas que se preparem para viver o dia da saudade, sabendo transformar esse dia num momento de reviver (no sentido literal da palavra) aquele que se ausentou. E o traga, ao menos em sentimento, para celebrar essa data.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Agora quem dá bola é o Santos...e o Palmeiras


AGORA QUEM DÁ BOLA É O SANTOS... E O PALMEIRAS – por Vicente Bezerra

A CBF resolveu, finalmente, reconhecer os títulos brasileiros de 1959 a 1970. Concordo, com uma ressalva, que farei mais tarde. Fez-se justiça histórica com os clubes e com muitos heróis do nosso futebol em sua fase áurea, entre eles Pelé e Tostão.

Os times e a imprensa da época já reconheciam como campeonato nacional, faltava apenas a chancela da CBF. Com isso, Santos e Palmeiras passaram a ter oito títulos brasileiros. Bahia, Cruzeiro, Botafogo e Fluminense também foram reconhecidos. Não conheço um único torcedor do Bahia (torcida que acompanho de perto) que não se considerasse bicampeão brasileiro (59 e 88). Para os tricolores, tal decisão não vai surtir muito efeito.

Também não conheço um único cronista, jornalista, comentarista esportivo que não seja parcial. Desafio quem me aponte um. Todos trabalham com as camisas de seus times por baixo das fardas. E nisso aponto o aclamando Juca Kfouri como exemplo, o paladino da moralidade e da ética no futebol. “Me poupem”. Para Juca, o reconhecimento é inadmissível. Claro, seu Corinthians passa a ser a quarta força paulista, em termos de títulos realmente importantes. Mas entendo a ótica dele. Para o mesmo, Ronaldo sofreu pênalti claríssimo e o campeonato brasileiro de 2005 foi uma lisura só, afinal foi o curingão campeão.

Muitos comentaristas têm ido de encontro a esse reconhecimento, alegando que a fórmula de disputa e o número de clubes não merecem comparação ao campeonato brasileiro. Comparação com qual campeonato brasileiro? Já tivemos diversas fórmulas de dispute e um sem número de clubes participantes. Argumento pobre esse. Segundo essa ótica, a Copa do Mundo de 1930 não deveria ter validade, pois havia 13 clubes, muitos grupos com 3 seleções, e o Uruguai foi campeão realizando 4 jogos. As primeiras Libertadores contaram com 7 equipes, não deveriam valer. Muitos títulos mundiais de clubes não deveriam valer, pois só houve um jogo apenas, enquanto que o Santos, por exemplo, chegou a fazer 3 jogos para ser campeão mundial. Os primeiros campeonatos carioca e paulista (e desconfio que outros estaduais) tiveram seus primeiros campeonatos com três a cinco times em média. Não devem valer também? Já disse, argumento pobre esse. Esses campeonatos reconhecidos, eram o campeonato brasileiro possível de se realizar à época. E não se fala mais disso.

Agora entro na ressalva que falei adiante. Em 67 e 68, a Taça Brasil e o “Robertão” foram disputados no mesmo ano, tendo sido reconhecidos campeões os vencedores dos dois, ficando esses anos com dois campeonatos brasileiros. Nosso futebol é recheado de títulos divididos e esses serão mais um, ou melhor, dois.

Quanto ao fatídico campeonato de 1987, nada resolvido. O Flamengo, vencedor da Copa União (e aí, considera ou não? Não foi outra fórmula, outro nome?) continua na batalha de ver reconhecido o campeonato brasileiro de 87. Também não conheço um único flamenguista que não se ache campeão nesse ano. Surtirá efeito o reconhecimento? Os vascaínos irão sempre protestar. A CBF está proibida judicialmente de fazer tal reconhecimento. Este escriba sugere a divisão do título entre Flamengo e Sport, mas a polêmica será infinita e haverá os que não concordam. Só posso dizer uma coisa: o choro é livre e o freguês tem sempre razão. Não é Flu?

P.S.: Um feliz natal a todos os leitores do blog!

sábado, 18 de dezembro de 2010

Umbora ma, umbora mais eu


UMBORA MA, UMBORA MAIS EU – por Moacir Poconé

Sexta-feira, ensaio geral do pré-caju. Estava lá. Pode parecer estranho, mas não direi os motivos de minha ida. Assunto privado. A noite promete. Muito estilo, muitas irreverência. Faz parte da festa. Logo na chegada, três loiras (seriam mesmo?) chamam a atenção. Parecem deformadas, tamanha falta de equilíbrio entre as partes do corpo. Uma delas está com o seio de fora. Desfila livremente. Alguns riem. Eu me assusto com a cena tão cedo. Que ocorrerá mais tarde, penso. No palco, um cantor desconhecido pergunta enquanto canta: “Você quer picolé? Toma aí seu picolé”.

As pessoas fazem uma verdadeira dança do acasalamento. Tudo coreografado. Muito organizadas as pessoas. Todas fardadas com um pedaço de pano cor de rosa a que chamam abadá. Alguns o usam na mão. Outros sobre outra camisa. Muito estranho. No palco o cantor continua seu repertório de música erótica. Canta algo que insinua uma relação sexual entre a Mulher-Maravilha e o Superman. A galera delira e entoa as letras das canções. Ainda há poucas pessoas. Mas a multidão começa a chegar.

Fim da primeira banda. Intervalo. Ouço a melhor música da noite até agora: “Money for Nothing” do Dire Straits. Acho estranho. É hora da segunda atração. A primeira oficial. Aviões do Forró. O vocalista não para de usar seus bordões. “Solanja”, “Riquelme na batera”. Mulheres seminuas (umas dez pelo menos) quase não têm espaço para dançar (?) no palco apertado. Pelo menos por seis vezes pausas para avisar os próximos shows. Brincadeiras com a platéia que delira. Fecha o pano.

Hora da atração mais aguardada da noite. Chiclete com Banana. O locutor avisa que faltam cinco minutos para o início. Passam-se vinte e nada. A multidão aumenta. Ouço a segunda música da noite até agora: “Fácil” do Jota Quest. Já não posso me virar para todos os lados. À minha frente uma mulher vende balas e chiclete. Acho estranho. Depois de mais uns dez minutos começa o show. Só consigo ficar numa posição. O show de axé começa com um solo desconsertado de guitarra do vocalista Bell Marques do Chiclete. Nizan Guanaes, publicitário baiano, já duvidava dele. Disse que a música baiana era tão falsa quanto o citado vocalista, pois é careca e finge que usa tranças. Ninguém liga pra isso. Ao meu lado, mulheres declamam as belas letras da banda baiana. Sabem todas de cor. Me pergunto se usam a memória para alguma coisa útil.

Uma briga começa à minha esquerda. Me afasto. Uma briga começa à minha frente. Me afasto. Uma briga começa à minha direita. Já não sei aonde ir. O cantor chama a todos de “chicleteiros”. Penso que o sufixo “-eiro” no Brasil remete a profissões, como o padeiro, o pedreiro e o ferreiro. Mas ele insiste. “Quem é chicleteiro aqui, levante a mão”. Eu não levanto. Não sei o que isso significa. Lembro da mulher que vende chiclete. Ela sim é uma chicleteira. Procuro mas já não a vejo. Acho estranho. O show se aproxima do fim. Diversas repetições vocálicas ocorridas, termos africanos usados sem qualquer critério, nada de coerência nas letras. A multidão delira. “Dança, muzenza”, diz o cantor.

Após mais de quatro horas de música e álcool os ânimos começam a esquentar. O rapaz beija a namorada. Duas mulheres se beijam apaixonadamente. Dois rapazes se beijam escancaradamente. Um grupo se beija sincronizadamente. É a diversidade cultural e sexual. Melhor ir embora. Nunca se sabe o que pode acontecer com tanta gente junta ao som de músicas que incitam a essas práticas. Sem preconceitos, mas acho estranho. Muito estranho. Perdi Psirico e Parangolé mas ganhei algumas horas de sono. Aliás, uma dúvida me incomoda: como terá o incrível Parangolé preenchido o tempo de duas horas cantando apenas o Rebolation? Não saberei a resposta.

Pensar que tudo isso não passou de um ensaio. O espetáculo pra valer é em janeiro, no Pré-caju. Pra terminar com mais uma citação do repertório do Chiclete: umbora mais eu?

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Um pouco de poesia


UM POUCO DE POESIA – por Vicente Bezerra

Esse é um lado meu que pouquíssimos, raros, conhecem. Há tempos atrás eu era dado a escrever (ou tentar na verdade) poesias. Um amigo poeta me incentivava. Outro, também poeta, dizia que guardava as poesias na gaveta, para saber se sobreviveriam ao tempo e ao ridículo, após o passar dos dias (talvez meses, anos). Hoje, raramente as escrevo. Na média de umas três por ano. Com o corre-corre desses dias de fim de ano e a falta de inspiração, ressuscito essa, que talvez seja uma das melhores, sem modéstia. Participou de um concurso, o qual eu não assisti pois tinha prova na universidade, e um colega a leu. Sorte ter se classificado. Dedico aos amigos Fábio Ribeiro e Genivaldo Gouveia, os amigos citados acima. Ah, o nome no final, é meu pseudônimo. A foto? Rachel Bilson (a Summer do seriado OC). É uma poesia, concordam?


DOMINGO

Aqui, há léguas de distância
De tudo que lembre um domingo.
Aqui, as horas falam saudade
E as flores cheiram a livro velho.

Na parede, um quadro em carne
É a tênue lembrança do amor.
Devaneio infantil de verão,
Felicidade fútil.

De que adianta o espelho,
Se os anos não dão conta
E o seu reflexo é o ser puro, racional?

Aqui, a léguas de um erro,
Cacos de sangue se juntam.
Em meio à colheita das frutas,
Tua lembrança persegue.

A sinceridade é mordaz.
O desejo, doloroso.
A mentira seria o bálsamo
Do coração ensandecido?

Tolice pensar.
Seu nome traz calma.
A alma reza, ora.
Chora por outro domingo.

(Elias Nolasco)

10ª colocada no concurso de poesia falada de Lagarto, em 2001.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Heráclito, Lulu Santos e Nietzsche: variações sobre um mesmo tema

HERÁCLITO, LULU SANTOS E NIETZSCHE: VARIAÇÕES SOBRE UM MESMO TEMA - por Moacir Poconé

Heráclito de Éfeso foi um filósofo morto quatro séculos antes do nascimento de Cristo. É dele o célebre pensamento de que “um homem não pode se banhar duas vezes no mesmo rio”. É um pensamento que atesta a mutabilidade das coisas. Ao se banhar pela segunda vez, o homem não será mais o mesmo. O tempo terá passado e mudanças terão ocorrido. Nada será como antes. Até o rio também não será mais o mesmo. O fato de o homem ter nele entrado já o transforma. Assim, pensava Heráclito, apresenta-se o mundo: numa constante mutação. Não existem repetições. A regra é a mudança constante de tudo que nos cerca.

“Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará”. Versos muito conhecidos do compositor Lulu Santos na canção Como uma onda. Seguem a mesma linha do pensamento de Heráclito. Tudo muda. “Tudo o que se vê não é igual ao que a gente viu a um segundo”. O tempo é um mero detalhe na transformação das coisas. Nada mais que um segundo basta para que não sejamos mais os mesmos ou para que as coisas que nos cercam se modifiquem. Isso mostra a relatividade do tempo. Importante notar que tais mudanças não dependem de nossa vontade. Elas acontecem e pronto. Embora sejamos elementos ativos desse mundo, suas transformações muitas vezes não nos dizem respeito. Não dependem de nossa vontade para que ocorram. Nossa passividade, nesse caso chega a ser aterrorizante. Embora nossa soberba diga que não, verdadeiramente pouco podemos fazer para evitar as mudanças. Elas simplesmente acontecem. E muitas vezes nem as notamos.

Voltando no tempo em relação a Lulu (ou avançando, em relação a Heráclito) temos no século XIX o pensamento do filósofo alemão Nietzsche que, entre outras brilhantes teorias, apresentou a do Eterno Retorno. Segundo ele, nossas vidas seriam formadas por ciclos repetitivos, que teriam um número limitado de fatos. Assim, não haveria nada de novo. Na verdade tudo estaria acontecendo como sempre aconteceu, porém em forma de ciclos. É um pensamento contrastante em relação aos dois primeiros aqui colocados, obviamente. Mas faz uma indagação que chega a ser cruel: amamos ou não a nossa vida? Teríamos a capacidade de amar a vida que temos, mesmo sendo a única, a ponto de vivê-la da mesma forma infinitas vezes ao longo da eternidade? Seria um dom divino ou uma maldição viver as mesmas dores, alegrias, sofrimentos e prazeres num eterno movimento sem fim?

São pensamentos ou mesmo devaneios sobre esse tema tão apaixonante que é o nosso papel no mundo e como ele se nos apresenta. Há uma inconstância das coisas ou tudo não passa de mera repetição? Quem estará com a razão? Ou ainda: é necessário que se tenha uma razão nisso tudo? Parece que não. Mas se apresenta imprescindível a análise racional do que somos e o que queremos. Somente assim estaremos no caminho que nos leve a alguma resposta a essas questões.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Observando o esporte bretão por esses dias...


OBSERVANDO O ESPORTE BRETÃO POR ESSES DIAS... – por Vicente Bezerra

Seguindo os moldes do meu post anterior, por tópicos, vou tocar em alguns assuntos desta semana no mundo da bola e entrar num território minado de polêmicas: os pontos corridos. Ele por si só daria um post imenso, mas serei breve nesse tema inóspito, porque tenho outros pitacos para dar.

Fluminense – Difícil questionar o título do tricolor. Merecido. Sem muita polêmica de arbitragem ou coisas semelhantes. O Fluminense contratou (e bem) e saltou de virtual rebaixado ano passado (não é Oswald de Souza?) para campeão este ano. Conca, Deco, Fred, Washington, Mariano, pra falar de alguns. Elenco com estrelas e equilibrado. Equilibrado no sentido de que os que não são jogadores consagrados, darem conta do recado, jogando um bom futebol e mantendo a equipe no nível dos estelares. Mas, embora a equipe tenha sido muito boa, não se pode deixar de falar no seu técnico. Muricy Ramalho foi muito questionado se manteria seu nível fora do São Paulo. Questionado também no turbulento período em que foi convidado para a Seleção. Vai ou não vai? Muita gente criticou, mas o tempo e a história responderam e fizeram justiça.

Argentinos – Guiñazu, D’alessandro, Conca, Montillo. Já faz um tempo que o futebol brasileiro tem recorrido ao Mercocul, e sobretudo à Argentina, para reforçar as nossas equipes. E tem dado certo. O jogador argentino tem se adaptado muito bem ao nosso futebol e somado seu talento e garra a ele. Esse ano os maiores destaques, sem dúvida foram Montillo do Cruzeiro e Conca do Fluminense. Montillo já havia aparecido na Libertadores destruindo o time do Flamengo praticamente sozinho e chamando a atenção dos clubes daqui. Meia driblador, finalizador e armador, foi considerado por grande parte da mídia esportiva como o destaque deste brasileirão. Foi uma grande dúvida, afinal, Conca não fica atrás. Conca veio para o Brasil, trazido pelo Vasco, mas a teimosia de Renato Gaúcho, que não concebia uma meiúca com ele e Morais juntos, aliado à falta de pagamentos da gestão Eurico Miranda, o fizeram debandar para o Flu e lá desabrochar. Melhor para os tricolores. Só não dá pra entender a ausência desses dois na seleção argentina. Uma pergunta que não quer calar: se importamos meias talentosos (e argentinos), estaríamos com escassez desse produto no mercado?

Paulo Baier – Esse jogador de 36 anos, para mim, mais uma vez, foi destaque. Jogando no meio ou na lateral, marcou 10 gols nesse brasileirão. Baier é um veterano em atividade, sempre jogando com qualidade e sempre aparecendo no noticiário fazendo seus gols. Volta e meia Léo Batista narra um gol dele e pensamos: “esse cara de novo?” ou “esse cara faz muito gol”. Estranhamente, Paulo Baier sempre rodou por times medianos, do segundo escalão brasileiro, nunca despontando quando esteve em times grandes. Sport, Criciúma, Palmeiras, são alguns dos clubes por onde passou, mas todos lembramos mesmo dele é no Goiás ou no Atlético-PR. Talvez o fato de em quase toda sua carreira jogar fora do eixo Rio-SP tenha prejudicado um reconhecimento maior pela mídia esportiva. Por exemplo, Baier nunca foi convocado pela seleção brasileira, enquanto já houve grandes perebas vestindo a amarelinha. Mozart, por exemplo.

Pontos corridos – Sou contra, não apoio, desconsidero. O Brasil, com mania de europeizar um monte de coisa, resolveu fazer o mesmo no futebol. E futuramente, a longo prazo, nosso esporte preferido vai ficar igual ao campeonato alemão, inglês, espanhol, italiano, francês, etc: só dois ou três times ganham. Aqui a variedade até está maior; por enquanto. Um campeonato sem graça, onde em algumas edições o campeão se dava há zentas rodadas de antecedência, ou quando isso não ocorre, há um entrega-entrega de resultados dos diabos. Não é porque meu time está uma nulidade nos pontos corridos. É porque não tem graça. Justiça? Desde quando futebol e justiça andam juntos? Que nos diga o Maracanazzo e o Sarriá! No “mata-mata” o time que está em décimo, ainda luta por uma vaguinha nas quartas...E agora, luta pra que? Sulamericana? Dizem que essa fórmula é melhor porque a melhor equipe vence, se faz justiça. Ora, se é a melhor, que seja também quando se deparar com os melhores classificados! E não irei falar no aspecto torcida e estádio, porque aí é covardia. O mata-mata é muito mais emocionante. Que graça tem ver uma “final” entre Fluminense e Guarani, em que só um tem interesse no jogo? Atlético-MG, Atlético-PR, Botafogo, Coritiba, Bahia, Guarani, entre outros clubes, nunca serão campeões brasileiros nessa fórmula de disputa. O futuro aponta para que São Paulo e mais uns três (talvez) se revezem na disputa pela hegemonia do nosso futebol. Para os outros times, o troféu consolação: Copa do Brasil.

sábado, 4 de dezembro de 2010

O melhor filme de... Charlie Chaplin


O MELHOR FILME DE... CHARLIE CHAPLIN – por Moacir Poconé

Uma pequena introdução:

Como bem disse meu amigo Vicente Bezerra sou um amante da sétima arte. Não que ele precise me pedir licença para falar sobre o assunto, mas efetivamente gosto e aprecio muito o cinema, com seus grandes filmes, atores e diretores. É uma sensação prazeirosa ao fim de cerca de duas horas notar que se assistiu a um grande filme. O inverso também é verdadeiro. A sensação das horas perdidas com um mau filme é terrível, como devem ter ficado os que assistiram a Pânico na Neve, assunto do post anterior.

Pois bem. Pensando nisso, resolvi criar a seção “O melhor filme de...”. Na primeira sexta-feira de cada mês terei a pretensão de discorrer sobre aquele que considero o melhor filme de determinado ator ou diretor. Claro que deverão surgir (e seria muito bom que surgissem) comentários com outras escolhas. É natural e salutar que existam opiniões diversas. A intenção (pretensiosa mais uma vez) é a de discutir sobre a obra e até mesmo fazer com que alguém a assista por essa indicação. Então, comecemos...

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Charlie Chaplin foi, sem dúvida, o maior ator de cinema de todos os tempos. Foi ator, diretor, produtor, roteirista, dançarino e músico, criando várias trilhas sonoras para seus filmes. Era o tempo em que o cinema era mudo e não havia efeitos especiais, a interpretação do ator tinha um peso muito maior. A prova maior de seu grande talento é a confusão que até hoje as pessoas fazem ao chamar o personagem Carlitos, o vagabundo, de Charlie Chaplin, o nome do ator.

Geralmente, Tempos Modernos ou O Grande Ditador disputam o título de melhor filme de Chaplin. Discordo dessa opinião. O melhor filme de Charlie Chaplin é Luzes da Cidade, comédia romântica lançada em 1931.

O filme conta a história de um vagabundo (Carlitos, obviamente) que conhece uma florista cega. A cena em que ambos se conhecem foi repetida por Chaplin mais de duzentas vezes, tamanha a necessidade de se dar veracidade ao encontro, pois a partir dele é que a florista pensará que se trata de um milionário. Foi necessária muita criatividade fazer isso num filme mudo com uma personagem que é cega. Mas Chaplin resolve o problema genialmente.

O vagabundo permanece fingindo que é rico para a florista. E ela sonha em fazer uma cirurgia nos olhos para voltar a enxergar. No decorrer do filme, o vagabundo salva um milionário bêbado de suicidar-se e se torna grande amigo dele. Infelizmente, o milionário só reconhece o vagabundo quando está embriagado, o que provoca cenas de riso e comoção. Além disso, a florista corre o risco de ser despejada da casa onde mora com sua avó, pois não tem dinheiro para pagar o aluguel. Sensibilizado, Carlitos vai trabalhar como varredor de ruas e até mesmo como lutador de boxe (momentos mais engraçados do filme) para tentar ajudar a amada.

Ocorre que numa de suas bebedeiras, o milionário real dá mil dólares ao vagabundo que vê a possibilidade de pagar o aluguel e a tão sonhada operação para a sua florista amada. Ele fica muito feliz e sai correndo para usufruir do dinheiro, Porém, ao ficar sóbrio, o millionário acusa Carlitos de roubo. Envergonhado, não consegue dizer a verdade à florista. Deixa o dinheiro com a florista e some ainda antes da operação, dizendo que precisa se ausentar. Acaba preso, acusado do roubo. Mas o dinheiro tem a serventia que desejava.

O desfecho do filme é espetacular. A florista, já com a visão restabelecida, é dona agora de uma floricultura. Não sabe quem é o seu amado, responsável pela operação. Apenas imagina ser um milionário, com quem sonha encontrar todos os dias. Nesse momento reaparece o vagubundo. Tendo passado alguns meses na prisão, caminha sem ter para onde ir e pega uma flor na calçada da floricultura, sendo agredido por dois jovens. Vendo aquilo, a moça começa a rir. Carlitos a vê e fica paralisado sem acreditar que reencontrou o seu amor. Ela, claro, não o reconhece. Zomba do vagabundo. E vai lhe entregar uma flor e uma moeda. É quando toca em sua mão. Nesse momento, percebe que se trata de seu grande amor. Ainda confusa, chora, de emoção e arrependimento. A expressão de Chaplin na cena é indescritível, nesse que é considerado por muitos um dos momentos mais marcantes do cinema em todos os tempos e reproduzido na foto acima.

Assim termina Luzes da Cidade. Um filme que resume aquilo que o cinema tem a oferecer de melhor: emoção, graça, amor, risos. Isso tudo mostrado de maneira que o espectador ao terminar de apreciá-lo terá a certeza de ter visto um grande filme. Para mim, o melhor de Charlie Chaplin.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Observando a sétima arte por esses dias...


OBSERVANDO A SÉTIMA ARTE POR ESSES DIAS... – por Vicente Bezerra


Faz um tempo que estava querendo falar sobre alguns filmes aqui, tecer uns comentários, mas não aparecia inspiração para isso. Eis que as coisas foram acontecendo e juntei alguns temas para falar hoje. Peço licença ao companheiro de blog, Moacir Poconé, cinéfilo e profundo conhecedor desta arte, o cinema.

Leslie Nielsen – Essa semana o mundo perdeu um pouco da graça, com a morte de Leslie Nielsen. Aos 84 anos e mais de 100 (!!) filmes, Nielsen ficou mundialmente famoso com sua participação em “Apertem os cintos...”. Para mim, ele surgiu no “Esquadrão de polícia”, uma série que seria o protótipo da franquia “Corra que a polícia vem aí”. O humor escatológico e as paródias foram a marca registrada desse senhor de cabelos completamente brancos e olhos azuis. Outros destaques de Leslie foram “A repossuída”, “Todo mundo em pânico 3 e 4”, “Mr. Magoo”, “Drácula, morto mas feliz”, “2001 um maluco no espaço” entre muitos outros. O cinema perde um grande comediante. Nós, boas gargalhadas.

Bud Spencer – Há tempos rolou o boato na internet da morte de Bud. Bom para nós que só boato. Spencer, hoje com mais de 80 anos, ficou famoso nos anos 70 com filmes de faroeste italiano e nos anos 80 com comédias pastelão, na maioria das vezes em parceria com Terence Hill, dez anos mais novo. Carlo Pedersoli é na verdade o nome de Bud (apelido que adotou por adorar a cerveja Budweiser). Esse italiano foi nadador e disputou as olimpíadas de 1952 e 1956, sendo o primeiro a nadar 100 m em menos de um minuto, ficando famoso mesmo aqui no Brasil, graças à “Sessão da Tarde” e o “Cinema em Casa”. Quem não se lembra do filme do buggy “vermelho com capota amarela”? Muito boas risadas, do gordão barbudo que descia a pancadaria em todo mundo. Esse pequeno texto é para celebrar e relembrar este comediante que muito nos fez rir (hoje em dia não filma mais). Assistamos seus filmes (como os de Leslie também), e celebremos à alegria. Para relembrar, seguem dois links, para ver uma atuação recente de Bud, numa propaganda hilária, bem ao estilo de seus filmes http://www.youtube.com/watch?v=CZyaGA8vS6U e outro junto com os nossos “Trapalhões”: http://www.youtube.com/watch?v=SI22Sot2tiQ

Red – Aposentados e Perigosos – O que esperar de um filme com Bruce Willis, Morgan Freeman, John Malkovich, e de quebra, fazendo uma pequena ponta (como porteiro dos arquivos da CIA), o lendário Ernest Borgnine aos 93 anos? Não poderia ser um filme ruim. E não é. Neste filme o protagonista Bruce Willis é Frank Moses, agente da CIA aposentado, que se vê perseguido pela agência a qual servia, sem saber o motivo. Perseguido, procura a ajuda dos ex-compaheiros, Joe (Morgan Freeman), Marvin (John Malkovich) e Victoria (Helen Mirren) para elucidar o caso. O thriller de ação toma outro rumo quando o personagem Marvin aparece. Malkovich, excelente ator que é, está em mais uma bela atuação. Quando entra em cena, dá ao filme momentos de comédia, retirando-o do lugar comum dos filmes de ação de Bruce Willis. Literalmente, ele rouba a cena. Ainda em cartaz, se puderem não percam, bom filme, boas risadas, bons atores e ainda tem a bela Mary-Louise Parker. Colírio.

Pânico na neve – Ninguém agüenta mais: Pânico, Pânico na selva, Pânico na mata, Pânico na luae etc. Agora o Pânico é em frente à TV, e quem sente é você, vendo este horrendo filme, que está sendo lançado em DVD (infelizmente) depois de não empolgar nos cinemas. Não, não se trata de contrapropaganda, nem de psicologia reversa. Não perca o seu tempo. O filme é ruim, insosso e ridículo. Tanto que irei contá-lo aqui: Um jovem casal e seu amigo estão numa estação de esqui e resolvem usar o teleférico de graça, para isso, enganando o zelador do mesmo, com um motivo qualquer. Claro que esse passeio no teleférico era o último da noite, num domingo, e todo mundo já tinha saído da estação. Claro que o zelador também sai e desliga o teleférico com os três no alto da montanha, no meio do nada, a zentos metros do chão. Pronto. Isso levou 15 minutos do filme. A partir de agora, uma hora e meia de três idiotas numa cadeira suspensa, tentando socorro ou como sobreviver. Um resolve pular, quebra as pernas e os lobos o comem. O outro pula com o esqui, para ser mais rápido, mas os lobos o comem. A terceira, também pula, mas como os lobos estão de barriga cheia, ela chega na estrada, toda arrebentada, consegue carona e se salva. Fim. É tão ridículo que os tópicos ganharam uma fotozinha nesse post, menos este. Fuja.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Te cuida, Lobato!


TE CUIDA, LOBATO! - por Moacir Poconé

Monteiro Lobato é o maior escritor de literatura infantil que já houve no Brasil. Sua vasta obra divertiu e ainda hoje diverte as crianças e pessoas de todas as idades, que viram nos personagens do Sítio do Picapau Amarelo uma maior identificação com a cultura brasileira que as fadas e bruxas que povoam as histórias infantis européias.

Mas eis que no ano de 2010, nada menos que 62 anos após morte de Lobato, sua obra foi censurada pelo Ministério da Educação, acusada de ser preconceituosa e racista. A passagem que se destacou ocorreu com a personagem Tia Nastácia (chamada erroneamente de Anastácia na nota oficial) no livro Caçadas de Pedrinho. Lobato comparou a preta cozinheira a um macaco, no momento em que ela subia os galhos de árvores. Para a proibição não se levou em conta o contexto histórico e nem mesmo fato de que essa mesma comparação também foi feita com outros personagens, todos brancos.

A medida proibitiva causou tanta estranheza e teve uma repercussão tão negativa que foi logo revista pelo governo. Porém, é bom que o autor paulista coloque suas barbas de molho (se ainda as tem, é claro), pois certamente sua obra poderá ser alvo de outras representações. Senão, vejamos alguns exemplos:

- Em várias as histórias, Emília utiliza um pó que chama de pirlimpimpim para levar os seus amigos ao mundo da imaginação e da fantasia. Apologia às drogas?

- Pedrinho vive caçando animais na mata que cerca o Sítio. Com autorização do Ibama?

- A mesma Tia Nastácia vive fazendo quitutes que são logo devorados pelas crianças, certamente calóricos e nem um pouco saudáveis. Como ensinar uma boa alimentação às nossas crianças?

- Emília é uma boneca de pano. Visconde de Sabugosa, uma espiga de milho. Ambos falam e vivem como pessoas. Que loucura é essa?

- A Cuca aterroriza bebês desde a mais tenra idade (Dorme nenê que a Cuca vem pegar...). Crianças traumatizadas certamente serão adultos inseguros, confusos etc. etc. etc.

- O Saci só tem uma perna. Deveria ser tratado como um portador de necessidades especiais. Inexplicável a ausência de rampas na mata ou pontos de melhor acessibilidade para que o negrinho (epa!) possa se locomover.

- Por fim, a Dona Benta. É avó de Pedrinho e Narizinho. Mas onde estão os pais das crianças? Como ela consegue manter o Sítio do Picapau Amarelo? Qual sua fonte de renda? É viúva? Nada se sabe a respeito da velha senhora. Em tempos de prostituição infantil é bom não vacilar...

É. O Ministério da Educação tem razão. A obra de Monteiro Lobato é repleta de personagens que são um verdadeiro perigo às nossas crianças, pois representam o que a sociedade moderna chama de “politicamente incorretos”. Ainda bem que os técnicos de nosso governo perceberam a mensagem que se escondia nas histórias do Sítio do Picapau Amarelo e estão agindo para censurá-las. Te cuida, Lobato!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

De quem é esse jegue?


DE QUEM É ESSE JEGUE? – por Vicente Bezerra

Recebi por esses dias um email, promovendo uma abaixo-assinado (não consigo me livrar do hífen) contra maus tratos e atrocidades contra eqüinos, recheado de fotos em que os mesmos sofriam crueldades, desde serem “tocado fogo” (literalmente) a agüentar cargas enormes. Muito válido o email e interessante a causa. Mas, depois, recebi o mesmo email, já de outra pessoa, com o adendo para proibição de utilizar os animais para transporte de cargas, apenas de humanos e para prática de esportes. Válido? Não. Direi por quê.

Cavalo, jegue, mula, burro, jumento, jerico e semelhantes podem ser considerados os “melhores amigos do homem”. Não o cão. O cavalo (e seus parentes) trabalha para e com o seu dono. Estão presentes também no lazer. Os eqüinos foram os primeiros animais domesticados pelos humanos, para uso em trabalhos, caçadas etc. A importância deste ato é enorme e comparável ao fato do andarmos em pé. Não haveria evolução para o homo sapiens, sem a doma do cavalo. Toda a história da humanidade tem a figura eqüina como participante. Que nos diga Incitatus! Para ilustrar tal importância, existe a lenda de que, quando fugia para o Egito, Jesus ainda menino fora sentado num burrico. Desde então tais animais ostentam a marca do que seria o suor de Jesus quando montou o jumento. Aonde quero chegar? Continue lendo.

Lógico que sei que os abaixo-assinados dos emails têm pouquíssima chance de prosperar. É uma espécie de corrente que mobiliza, mas pouco produz. Mas, suponhamos que desse resultado, principalmente o segundo. É aonde quero chegar. Conseguindo-se a proibição de utilizar os eqüinos para cargas, estaremos contribuindo para a extinção dos mesmos, que serão vistos apenas nas altas rodas, nos haras, nas partidas de pólo, na equitação dos bacanas.

Exagero? Não. O Nordeste do Brasil, e acredito que em boa parte do interior do país, sofre de um problema, aparentemente surreal: a extinção dos jegues e congêneres (burro, jumento, jerico). Esses animais estão deixando de ser usados em transporte, carroças e até mesmo para cargas, sendo trocados por motocicletas. As facilidades de compra, o aumento de poder aquisitivo e a rapidez que uma moto proporciona, estão fazendo com que grande parte da zona rural deixe de usar os citados eqüinos, que são abandonados à sorte, sacrificados ou ainda pior, sem procriarem (não falo da mula, porque esta não reproduz mesmo). O número da população de jegues e afins diminui a olhos vistos.

Esse é o ponto onde quero chegar. Deixar de utilizar o nosso amigo cavalo e seus parentes, é vaticinar sua extinção (falei em vaticinar, lembrei de Vaticano. Alguém lembra o nome do jegue que deram pra João Paulo II ?).

Claro que tanto o email como o texto e minha preocupação é carregada demais (pra não dizer que é maluquice). Mas o caso que citei do nordeste, é verdadeiro. Montem suas ONGs, adote um jumento pra chamar de seu.

Gostaria de dedicar esse texto, com carinho e respeito, a Diogo Mainardi e ao et Bilu.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Ninguém nos vence em vibração


NINGUÉM NOS VENCE EM VIBRAÇÃO - por Vicente Bezerra


O hino do E.C. Bahia, recém subido à primeira divisão do futebol brasileiro, diz: “...Somos do povo, o clamor. Ninguém nos vence em vibração...”. É uma bela frase, de um belo hino, que resume o sentimento que toma conta da torcida baiana e os milhares de simpatizantes por todo o país.

Nada de “até a pé nós iremos” (e, por mim, depois da entregada do título para os urubulinos, iriam a pé pra casa do baralho). O clamor do povo era a volta do Baêa, como pronunciado pelos baianos. E em vibração, realmente a torcida tricolor é ímpar. O Bahia é um dos poucos times no Brasil que fazem maioria quando joga em casa, contra qualquer outro time do país. E isso enche os olhos da imprensa esportiva.

A imprensa sulista tornou-se uma aliada. Estádios cheios e torcida apaixonada é muito mais bonito de se mostrar do que as baratas em qualquer jogo do Engenhão (ou enche-não). Não falarei dos jogos do Grêmio cigano (Barueri, Prudente, Ohio, Massachussets) porque aí é covardia. Um estádio cheio é mais renda, mais visibilidade para patrocinadores. É um aumento de mercado consumidor. Merchan, ops, Milton Neves que o diga. Milton foi um dos cronistas mais presentes na mídia, elevando o nome do tricolor da boa terra e tirando brincadeiras com o atual maior rival do Bahia. Tanto que deverá ser homenageado.

E aqui vale um parêntese: o maior rival local do Esquadrão até início da década de 80 era o Ypiranga, o terceiro time de todo baiano, uma espécie de América-RJ. Mesmo sendo mais antigo, o rubro-negro baiano, somente na década de 90, conseguiu superar o Ypiranga em títulos baianos. Ainda assim, está a quilômetros do tricolor.

Foram sete longos anos longe da elite. Muitas crises, decepções, retratos de um falta de estrutura que havia no Bahia, e que está começando a ser remontada. Uma boa base foi formada e alguns jogadores do time principal são frutos disso. A estrutura administrativa, capitaneada pelo experiente Paulo Angioni, e a técnica, com técnico experiente, rodado e testado, como Márcio Araújo, foram igualmente importantes para a subida.

Mais que uma homenagem ao estado, ao time, a subida é uma homenagem aos nomes que já honraram a camisa do tricolor bi-campeão brasileiro: Baiaco, Biriba, Marito, Osni, Zanata, Pereira, Paulo Róbson, Wesley, Raudinei, Claudir, Paulo Rodrigues, Osmar, Douglas, Beijoca, Dendê, Dada, Cláudio Adão, Ronaldo, Rodolfo Rodrigues, Émerson, Zé Carlos, Charles e Bobô.

“Mais um, mais um Bahia. Mais um, mais um título de glória”. Com a bênção do Senhor do Bonfim.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Segunda sem lei - Futebol nordestino: vamos fortalecer


FUTEBOL NORDESTINO: VAMOS FORTALECER - por Elísio Cristóvão*

Depois de escrever sobre música e seriado infantil (hehehe), tá na hora de falar sério. Falar sobre o que a maioria dos homens gostam, Futebol. Sim. Futebol com letra maiúscula, para demonstrar a grandeza desse esporte. Como bom nordestino que sou parei e pensei... Por que o futebol nordestino não vai mais pra frente? Temos na série A apenas dois clubes, o Ceará que anda mais ou menos e o Vitória que anda mais pra menos.

No Nordeste temos nove estados, em cada Estado no mínimo dois clubes de nome. Citemos alguns: America de Natal, ABC de Natal, Ceará, Fortaleza, Sport, Náutico, Santa Cruz, ASA de Arapiraca, CSA, CRB, Campinense, Bahia, Vitória, Confiança, Sergipe, entre outros que agora me falta a memória. Dentre esses citados, muitos já estiveram na Série A, mas aí vem a pergunta. Por que não estão mais lá ou porque lutam para não descer para Séries C e D? O Nordeste detém três títulos brasileiros um com o Sport (que me perdoem os flamenguistas) e dois com o grande Esquadrão de Aço o Bahia, que foi o primeiro campeão brasileiro da história.

Na minha humilde opinião, existem diferentes respostas. Uma delas é falta de planejamento desses clubes. Não existe um planejamento a longo prazo, com apoio as divisões de base, CT de treinamento, salários justos. Outra resposta está diretamente relacionada com a anterior, que é a falta de apoio das grandes empresas nacionais (incluindo principalmente as do Nordeste), pois sem dinheiro a engrenagem não roda. Outra resposta é a torcida em si, pare um momento e se pergunte: Pra que time eu torço? Garanto que não é do Nordeste. Estou falando em torcer mesmo, assistir aos jogos, comprar camisa, falar mal dos adversários (hehehe). Um exemplo é nosso presidente, que é Nordestino e torce pelo Corinthinas(acho que para angariar mais votos, porque ele era vascaíno), até este autor que aqui vos escreve torce “também” para um time que não é nordestino. Imagine o que seria da torcida do Flamengo, Corinthians, Vasco e demais clubes sulistas se os nordestinos torcessem somente para clubes nordestinos. Quanto não iria diminuir o número de torcedores. Quando você compra uma camisa do seu clube, isso vira em dinheiro para o clube, quando você vai ao estádio a renda se transforma em dinheiro para seu clube. Um grande exemplo é o Bahia, o Ceará e o Sport. Quando um time desses do sul jogam aqui no Nordeste a maior parte da torcida é dos clubes nordestinos. Na época que o Bahia esteve na série C, teve o maior publico entre todas as divisões (que torcida linda). Isso não ocorre com outros clubes daqui do Nordeste. E se ocorresse? Não seria maravilhoso?

Imagine um campeonato brasileiro com muitos clubes nordestinos, como seria bom para nossa região que é tão pobre e discriminada no sul do país. Imagine um campeonato da série A com cinco ou mais clubes daqui. Ano que vem provavelmente o Nordeste terá três clubes na série A, isso se o Bahia realmente subir (se já não tiver subido no dia da publicação deste texto) e se o Vitória não cair. Eu realmente estou vestindo agora a camisa do meu clube nordestino, sou Esquadrão de Aço (já deu pra perceber não é?) de sangue e coração e espero que com este texto consiga fazer você acreditar mais no teu time do nordeste. Esteja ele onde estiver. Vamos fortalecer nosso Estado, nossa região.

*Elisio Cristovão é bacharel em Eng. Ambiental e atualmente cursa Mestrado em Ciência e Engenharia dos Materiais. É também guitarrista da 1ª banda de Heavy Metal de Lagarto, a "STTONEHENGE".

Os textos da "Segunda sem lei" são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião dos criadores deste blog.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Os bons velhinhos


OS BONS VELHINHOS – por Vicente Bezerra

Paul McCartney está no Brasil para três shows, e os ingressos esgotaram em poucas horas. Paul movimenta gerações, pessoas dos 7 aos 70, por onde passa. Por que isso? A resposta é qualidade. Há muito já passou a beatlemania, mas a música resiste. Lady Gaga, Justin Bieber e Jonas Brothers podem vender milhões, mas daqui a cinco anos ninguém lembrará direito quem foram. Ou alguém sabe qual o último sucesso de Britney Spears? Se formos falar em Rock então, o ritmo na atualidade depende de bandas pouco inspiradas como Mars Volta, Kaise Chiefs, Arcade Fire entre outros que não merecem nota.

Embalados pela qualidade e longevidade, 2010 tem sido um ano abundante de sessentões mostrando o que sabem fazer e bem: boa música. E o chamado Classic Rock tem dado show nisso, literalmente.

A voz rouca de Bob Dylan deu o pontapé inicial do ano com Toghether Through Life. Fez o mesmo disco que faz desde que entrou nos anos 2000. E daí? É bom como os outros e mostra que o bardo existirá enquanto tiver voz. Bom para nós.

A voz e a guitarra dos Dire Straits, Mark Knopfler veio com o seu Get Lucky. Não espere a mesma pegada dos Straits. Knopfler ainda toca divinamente sua guitarra, porém com mais calma, passeando pelo folk, blues e country. Mas não deixa de ser um ótimo disco. Bom para se ouvir para relaxar.

Bruce Springsteen lançou Working On A Dream, um album delicioso. Sua voz rouca e potente, e sua banda competente, fazem um excelente disco que já nasce clássico. Os anos 2000 tem sido muito bons para Bruce e seu rock calmo, mas questionador.

Ian Gillan, a voz do Deep Purple, deixou o peso de lado no seu One Eye to Morocco e inspirado no país do título (Marrocos) fez um disco swingado, com pitadas de Hard Rock. Uma boa surpresa para os fãs. Tirando o pé do peso também, o ex-Led Zeppelin, Robert Plant enfiou o pé no folk e cometeu um ótimo disco, batizado de Band Of Joy. Para momentos de reflexão.

Para dirigir cantando e com um sorriso besta no rosto, nada melhor que um ex-beatle. Ringo Star com o seu Y Not faz o disco de sempre, alegre, animado, cheio de convidados e com sua bateria marcante. Difícil não se render. Por falar em baterista (?!), Phil Collins deixou os problemas de audição de lado e lançou o ótimo Going Back, com músicas que lhe fizeram a cabeça na juventude. Destaque para a belíssima versão da música que dá título ao cd, original dos Byrds.

O texano Tom Petty e seu inconfundível sotaque resolveu voltar com os Heartbreakers e lançou Mojo. Claro que é Coutry Rock e dos bons. Tom, sempre com seus refrões marcantes, faz a música grudar no seu ouvido e fazer você não ter vergonha de ouvir Country. Vale muito a pena.

Entrando no Blues Rock, tem-se que falar na voz de Woodstock. Joe Cocker nessa década tem gravado discos belíssimos, de alto nível, sendo impossível apontar qual melhor. E mantendo o nível, lançou este ano Hard Knocks. Obrigatório. Ainda no Blues, todos sabemos que Deus toca guitarra. E Eric Clapton também lançou o seu esse ano, homônimo. Clapton fez o seu disco de blues de sempre, sendo este meio morno e pouca ousadia na guitarra, peculiaridade sua. Quem liga? É Deus na atividade!

Pesando as guitarras e a bateria, o Scorpions lançou seu último disco, Sting In The Tail. Não é o último, de mais recente, é de derradeiro mesmo. Os alemães anunciaram a aposentadoria e estão em turnê de despedida. E o seu disco está à altura de sua vitoriosa carreira, com as indefectíveis baladas, marca registrada. Recomendado para viagem e alta velocidade!

E o melhor disco de rock veterano de 2010 vai para Neil Diamond, com Dreams. O setentão abusou do violão e de sua voz firme, apesar da idade, e fez um álbum fabuloso, tocante e sincero. Resolveu gravar alguns dos seus hits na voz dos outros (I´m a Believer, sucesso com os Monkees e conhecida aqui como Não Acredito, na voz de Lulu Santos), e alguns covers certeiros como Blackbird, Let it Be Me e a religiosa, porém linda, Hallellujah.

Os velhinhos estão aí, botando pra quebrar e mostrando que música de qualidade resiste ao tempo, assim como músicos também. Estão na atividade, tanto pela alta qualidade de seus trabalhos, como pela ausência de novos nomes. “Nossos ídolos ainda são os mesmos” como dizia Belchior. Ou, “panela velha é que faz comida boa”, não é Sergio Reis?

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A viagem sem volta


A VIAGEM SEM VOLTA - por Moacir Poconé

Parece coisa de ficção científica, mas é uma realidade cada dia mais próxima. Cientistas falam com frequência em viagens tripuladas a Marte, com o objetivo de preparar o terreno para o surgimento de uma nova civilização. Surgirão os humanos-marcianos, ou seja, chegará o momento em que os seres humanos não só viverão como nascerão no chamado Planeta Vermelho.

O mais curioso é que, num primeiro momento, especula-se que dois seres humanos serão enviados a Marte numa
viagem só de ida. Isso mesmo. Como a distância é longa e os custos são altos, dois nobres voluntários partiriam numa missão cientes de que morreriam em solo marciano. Calcula-se que viveriam por cerca de dez anos, devido às condições naturais daquele planeta. Seriam loucos ou heróis? Somente o tempo dirá. O fato nos causa estranheza, mas algo similar ou até mesmo pior aconteceu no tempo das Grandes Navegações. Imaginemos homens em barcos enormes, com pouquíssimas condições de sobrevivência, avançando pelos mares sem ao menos saber o que encontrariam. Meses e meses vendo apenas água por todos os lados, verdadeiras ilhas de coragem e de medo. Contradição? Não. Coragem no sentido de buscar novas terras. Medo por lidar com o desconhecido. Acreditava-se que o mundo tinha um fim, que havia monstros marítimos e a quase certeza de que muitos jamais retornariam a suas casas.

Nessa comparação, a viagem dos exploradores de Marte será bem mais tranquila. Toda a tecnologia conseguida nesse intervalo de mais de cinco séculos certamente será utilizada para que não ocorram surpresas. Não haverá sobressaltos. Talvez isso mesmo cause desconforto aos que ficam. Como podem seres humanos com famílias, lares, abandonarem tudo em prol de uma missão sem volta? No caso dos navegantes, havia uma possibilidade. Embora remota, embora quase nula, mulheres, filhos aguardavam numa espera silenciosa e às vezes infinita. Os entes queridos dos que irão a Marte não terão qualquer dúvida: eles não voltarão. Será uma espécie de suicídio com um objetivo digno do fato: fazer surgir um lugar que abrigue os humanos após o colapso (que parece inevitável) da Terra. Sem dúvida, uma missão de alto apelo humanístico, ainda que seja incompreensível para a maioria de nós.

Assim caminha a humanidade e é por isso que ela nunca acabará. Seu instinto de sobrevivência e capacidade de adaptação aliados ao nível tecnológico que alcançou são ferramentas que farão com que o homem seja eterno. Foi assim há quinhentos anos. Será assim por muitos séculos. E para sempre o homem guiará ele mesmo o seu destino. Esteja onde ele estiver. Viva onde ele viver.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Antes dos outros, havia Emerson


ANTES DOS OUTROS, HAVIA EMERSON – por Vicente Bezerra

Antes, tudo eram as trevas. Eis que se fez a luz! Antes dos outros, havia Emerson. Emerson Fittipaldi.

O brasileiro realmente tem memória curta. E os meios de comunicação fazem questão que isso se perpetue. Essa semana, Emerson Fittipaldi completou 40 anos de sua primeira vitória na F1. Tal ocasião foi comemorada com uma volta na sua eterna Lotus pelas ruas de São Paulo. Muito pouco para quem merece mais.

Nosso primeiro grande piloto é bicampeão mundial, títulos conquistados em 72 e 74. Títulos estes conquistados em um tempo em que o braço falava mais alto que a tecnologia do motor. Era o piloto o diferencial, não o carro. Hoje em dia, o termo “circo da F1” deixou de significar a vida nômade e a montagem e desmontagem das parafernálias do esporte. Hoje, significa um forte interesse financeiro e publicitário, jogadas de bastidores, equipes definindo quem deve vencer. De “circo”, restam só os palhaços, que somos nós. Saudades dos tempos de Fittipaldi, Lauda, Piquet, Mansel, Prost e Senna (Schumacher já faz parte do novo circo).

Deixando o desabafo de lado, é bom lembrar que Emerson foi bicampeão, quando não era muito comum um só piloto obter vários títulos. Emerson brilhava em meio a uma constelação de pilotos habilidosos, competentes, não mero coadjuvantes como os muitos que habitam a F1 de hoje. Jean-Pierre Beltoise, James Hunt e Niki Lauda, só pra citar alguns mestres do volante da época. O talento valia mais.

Mas Emerson não parou por aí. Fittipaldi (ou o “Rato” como foi apelidado) entrou no fechadíssimo círculo da Fórmula Indy, quando era difícil a participação de estrangeiros, principalmente latino-americanos. Emerson foi campeão na Indy e deixou sua marca vencendo por duas vezes a corrida mais importante da categoria: as 500 milhas de Indianápolis, que curiosamente oferta leite para os vencedores brindarem, não champagne.

O “Rato” também foi ousado. Foi além de piloto, manager de uma equipe de F1 totalmente brasileira, a Copersucar, já nos seus últimos anos na categoria.

A imprensa esportiva, quando fala em F1, dá imenso destaque para Ayrton Senna e seus feitos. Não que Ayrton não seja merecedor, muito pelo contrário. Senna foi um dos maiores. Mas o crédito deve ser dado aos demais. Nos últimos anos se falou muito em Massa e Barrichello, que estão um degrau acima de Gugelmim e Pupo Moreno, igualados a Carlos Pace (o “mouco”), talvez. Na constelação dos maiores pilotos, não se pode ofuscar o brilho de um Nelson Piquet, e do que abriu as portas para os demais, e foi (é) um dos grandes: Emerson Fittipaldi.

Toquem o tema da vitória para Emerson. Ele é digno da homenagem.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A campanha da infâmia


A CAMPANHA DA INFÂMIA – por Moacir Poconé

Hoje, com o último debate realizado pela TV Globo, encerra-se aquela que foi a campanha eleitoral mais infame de que já se tem notícia no Brasil. Tanto um como o outro candidato que disputam o segundo turno se esmeraram em baixar o nível da campanha, tornando-a um espetáculo de baixarias em vez de ser um momento de propostas de governo.

Segurança, saúde, educação ficaram em segundo plano. Entraram em cena frases preconceituosas, ligadas à religiosidade ou até mesmo à sexualidade de um dos candidatos. A internet se tornou terreno fértil para a propagação da mentira. Fichas falsas de ambos os candidatos no tempo da ditadura foram feitas. A discussão sobre o aborto foi o ponto mais debatido da campanha. Afinal, “o candidato é a favor ou contra o aborto?”, perguntaram-se centenas, talvez milhares de vezes. “E o casamento entre pessoas do mesmo sexo?” outras milhares de vezes. Reparem que são assuntos que dizem respeito ao íntimo das pessoas. Aqueles que professam determinada religião e condenam tais atos, que não os pratiquem. O erro está em querer impor a todos. Mas por uma questão de votos, ambos os candidatos beijaram a mão do papa e condenaram o que antes aceitavam. O Brasil, como estado laico que é ou que deveria ser, mais uma vez se viu refém da fé em detrimento à razão.

Outro papel deplorável foi o da imprensa. Formaram-se duas grandes equipes, uma para cada candidato. A cada semana, revistas semanais estampavam denúncias em suas capas, cada uma produzindo ou pelo menos tentando produzir um escândalo que derrubasse o seu oponente. Os jornais, diariamente, buscavam notícias ou entrevistas que incriminassem ou absolvessem o candidato de seu interesse. Até mesmo editoriais em apoio a candidato foram publicados. Na imprensa televisiva, mais um show de parcialidade. Âncoras de telejornais visivelmente transtornados com resultados de pesquisas, reportagens de meia hora com mais denúncias e até mesmo em entrevistas realizadas com o fim de discutir os programas dos candidatos, só se ouviram perguntas sobre escândalos. Assim, os veículos de comunicação se tornaram verdadeiros panfletos partidários, divulgando ou omitindo fatos conforme o interesse do candidato de sua preferência.

Quem saiu perdendo com tudo isso? Sem dúvida, o eleitor. Se já não é esclarecido como deveria ser, dessa vez pôde decidir seu voto por critérios menos dignos como “A candidata é homossexual? A mulher do candidato abortou? Quem é o beato? Quem mata criancinhas?” São esses os requisitos necessários para o exercício da presidência? Certamente não. Mas na infame campanha de 2010 foi isso que se discutiu.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Paulo, Erenice e uma bola de papel


PAULO, ERENICE E UMA BOLA DE PAPEL – por Vicente Bezerra

Domingo, o segundo turno definirá o futuro do país, sendo apresentada para escolha uma volta à determinada maneira de governar ou a continuidade da atual. Ao eleitor não haverá opção de escolher uma nova forma de governo: ou será a atual ou a antiga.

Nisso, essa eleição se tornou uma batalha difícil para os opositores do PT. Como lutar contra um governo que tem mais de 80% de aprovação, segundo as pesquisas? Bater no governo Lula, e por conseqüência na sua candidata, se tornou uma dura tarefa.

Mas, quem disse que a oposição não tentou? A equipe que coordena a candidatura Serra e o próprio (além de parte da mídia de massa) colocaram nos últimos dias uma verdadeira metralhadora giratória de polêmicas, factóides e denúncias. O caso Erenice foi um deles. Esse episódio, particularmente, mancha a candidatura petista e é um fato que deve ser investigado e punido severamente. O erro do PSDB de Serra é querer jogar pedra no telhado alheio, tendo teto de vidro. Apontar uma denúncia de corrupção no governo é dever de toda oposição, mas usar tal fato para manchar o adversário e se arvorar em ser paladino da ética há uma distância enorme. Os escândalos de corrupção do PSDB são diversos e não fica bem apontar o dedo sujo para o vizinho. O povo tem memória, curta, mas tem. Um erro não justifica, nem legitima o outro. Nem torna ninguém menos ou mais ético que outrem. Quem tem Paulo Preto, não deve abrir a boca pra falar de Erenice.

Mas o Serra não parou por aí. Lembrando sua verdadeira origem (do coronelismo e antigas oligarquias), o PSDB tirou da manga uma das velhas ferramentas usadas em eleições, tipo aquelas pequenas do interior, que passam em novelas: a de “ferir” o próprio candidato, alegando ter sido o adversário, se fazendo de vítima, virar mártir e ganhar a eleição. Essa é velha. Mas como dizem por aí, a perícia fez a “bolística” e comprovou que o tiro partiu de uma arma Chamex, calibre A4. Lembraram até do Rojas! O papel (não o da bolinha) feio ficou para um canal de televisão e para o casal 20 que apresenta o jornal. Constrangedor até para quem assistiu.

No debate da última segunda-feira, pouca coisa mudou. Os assuntos dominantes foram Paulo Preto e Erenice. A bolinha, de tão ridícula, ficou de fora. Outra coisa que mudou neste debate foi a postura do Serra. O senhor calmo e polido deu lugar ao incisivo e agressivo, chegando o mesmo a chamar Dilma de mentirosa (que retribuiu o elogio em alguns momentos, mas de forma mais disfarçada).

Serra tentou no citado debate de todas as formas atacar os pontos positivos do governo Lula. Atacou o PAC, o bolsa-família (que ele diz que criou), o pré-sal (que ele disse que não existe), o Prouni (que ele criou também). Falou até que Lula e Dilma privatizaram mais que o FHC. O desespero ficou patente e latente. Não vai dar Serra. Pelo menos nessa eleição.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A bolinha de papel


A BOLINHA DE PAPEL - por Moacir Poconé

“Tinha uma bolinha de papel. No meio do caminho tinha uma bolinha de papel. José Serra jamais esquecerá esse acontecimento na vida de suas retinas tão fatigadas.” Nunca na história desse país se viu tamanho estrago causado por uma mísera bolinha de papel. O candidato tucano inclusive se submeteu a uma tomografia computadorizada (!) para avaliar os danos causados pelo projétil e o seu médico disse que havia um edema na região atingida.

A farsa foi desmontada por uma câmera do SBT. Vê-se claramente o candidato atingido pela fatídica bolinha de papel, caminhando, depois de alguns minutos recebendo um telefonema e começar a passar a mal. Alguns comentários na internet inclusive levantaram a suspeita de ter sido o telefonema a causa do mal estar. Afinal, de vez em quando surgem pesquisas médicas analisando os problemas que o celular pode causar. Outros suspeitaram de traumas oriundos da infância de Serra, dizendo que o candidato não pode passar em frente a uma papelaria que desmaia. Mais precisos foram outros que disseram estar pronto o “exame de balística” da tal bolinha: teria saído de um pacote de Chamequinho, calibre A4. Em caso de vitória, aliás, o PSDB já determinou que não se faça a tradicional chuva de papel picado, pois há o risco de Serra passar mal.

Esses comentários acima e milhares de outros invadiram o Twitter com a hashtag #serrojas e logo estava em primeiro lugar dos assuntos mais comentados no mundo. Todos zombavam da malfadada encenação orquestrada por José Serra no Rio de Janeiro. O nome serrojas é uma referência feita por alguns (inclusive o presidente Lula) que lembraram do goleiro chileno Rojas que simulou ter sido atingido por um rojão em pleno jogo das Eliminatórias para a Copa de 1994. Talvez tenha sido inspiração. Afinal, José Serra é casado com uma chilena e ela pode ter sugerido ao marido que buscasse meios teatrais como o do seu compatriota para a conquista da presidência. Pena que o modelo utilizado também não obteve êxito em sua encenação.

Mas eis que surge o Jornal Nacional do dia da enxurrada de críticas à farsa montada pelo PSDB. Numa reportagem de mais de dez minutos, com análises de perito, cenas congeladas. O casal 20 do jornalismo brasileiro anuncia: José Serra não foi atingido por uma bolinha de papel. Foi um rolo de fita crepe(!). Impressionante. Agora se compreende a gravidade do fato. Afinal rolos de fita crepe são infinitamente mais perigosos que bolinhas de papel. Realmente, a vida do candidato correu grande perigo, as instituições no Brasil sofreram grande abalo e a democracia foi prejudicada e etc. etc. etc.

O goleiro chileno foi castigado. Pena: banimento da prática de futebol. José Serra foi ao médico. Recomendação: 24 horas de repouso. No primeiro caso, houve exagero. No segundo,foi pouco. O médico deveria ter recomendado quatro anos de repouso a Serra.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Give peace a chance!


GIVE PEACE A CHANCE! – por Vicente Bezerra

O “Deu na telha!” inova e trás uma entrevista inusitada. Vocês irão entender.

Epílogo: Nosso entrevistado já disse que seu grupo era mais conhecido que Jesus Cristo. Já esteve em todos os jornais na sua luta pela paz. Sofreu um atentado em 1980 que o deixou em coma por quase um ano e desde então vive recluso. Já foi ao ápice como músico, hoje aparece e lança algo muito esporadicamente. Pra ele, o sonho acabou faz tempo. Seu último disco foi lançado em 1997. Nos últimos dias completou redondos 70 anos. Estamos falando do ex-beatle John Lennon.

P – Lennon, porque tanto tempo recluso?

L – Hoje não sou mais John Lennon ou um ex-beatle, sou somente John ou Jonny. Optei por ficar fora da mídia para viver a minha própria vida, não de um personagem. Poder sair na rua e comprar pão. Não quis fazer como Elvis, forjar uma morte e viver trancado em algum lugar. Minha vida e minhas limitações de saúde após o atentado também são motivos. Não tenho mais 25 anos há muito tempo.

P – Incomoda te chamarem de ex-beatle?

L – Um pouco. Eu fui um dia. Mas estava deixando de ser John para ser um Beatle. Isso eu deixo para o Paul.

P – Como assim?

L – Ele prefere viver como ex-beatle, lucrar com isso, viver disso. Aliás, ele podia viver e bem sendo só o velho Paul e ir pescar com os netos. Nossos direitos autorais nos dão esse conforto. Mas ele prefere estar em ação e na mídia. Paul sempre gostou disso.

P – E você não?

L – Eu queria ter uma banda de rock e ser famoso. Depois que consegui, percebi que há muitas outras coisas mais importantes na vida e no mundo. Eu não conseguia fazer show enquanto gente morria no Vietnã, como agora no Afeganistão e em vários outros lugares.

P – Lennon, o sonho realmente acabou?

L – Sim! O tempo de balançar as cabeças e fingir alegria, sim. O sonho acabou porque todos nós, da nossa geração, acordamos. E temos que manter as próximas gerações acordadas também. Muita coisa está acontecendo e as pessoas precisam lutar pelo que querem e não esperar que Buda, Jesus ou Obama traga. Como eu já disse há muito tempo, pense globalmente e atue localmente. Power to the people, sempre!

P – A mensagem de Imagine ainda é atual?

L – Metaforicamente sim. Devemos nos libertar das amarras do mundo materialista e pensar no amanhã e no próximo. Mas eu diria que mais urgente é a mensagem de Give Peace a Chance. Alguém deve parar o maluco do Irã! Mas não entupindo aquela pobre gente de bombas.

P – O que você acha da música atual?

L – Água. Sem cheiro, sem cor e sem sabor. Mas precisamos de música para viver. Hoje em dia qualquer pessoa grava qualquer coisa. Mais vale o ritmo do que a mensagem. Hoje, eu e Bob Dylan provavelmente não seríamos conhecidos. Pouca gente quer ouvir o que precisa ser dito. Não somos musculosos, nem temos bunda grande. Mas, a Beyoncé é linda! Melhor ouvir a Lady Gaga do que ser surdo.

P – Você falou no Paul, e os outros? Que tem a dizer deles?

L – Paul sempre foi meu maior amigo/inimigo. Nos vemos pouco, mas ele ainda manda suas coisas pra eu opinar. Não sei por que faz isso, talvez pra ter aprovação, mas eu sempre critico (risos). Ringo sempre foi o bacana da turma e nos vemos em ocasiões especiais, tipo Natal. E George é o meu irmão mais novo, que já se foi. Foi triste, mas ele está em paz.

P – Encerrando a conversa, que recado daria hoje para seus fãs?

L – Tudo que já disse antes. Lutem pela paz, nem que seja a sua. O que precisava ser dito, já foi dito. Tem é que botar em prática. Mas tudo se resume em uma frase só: all we need is love. Pratiquem o amor ao vizinho, ao carteiro, ao motorista do ônibus, ao lixeiro. Cada um propagando isso, o mundo se torna um lugar melhor.

Prólogo: Lógico que foi viagem. Mas que seria bom seria. Boa música e mensagem fazem falta ao mundo atual.

Notas explicativas: A imagem é uma estátua que fica em Cuba. O texto é uma homenagem à Lennon, que teria completado 70 anos se vivo estivesse. Mas está. Em sua música e em sua mensagem. Basta ouvir novamente e praticar. Love is all we need.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Coronel Nascimento, o Indiana Jones brasileiro


CORONEL NASCIMENTO, O INDIANA JONES BRASILEIRO – por Moacir Poconé

Numa eleição anos atrás realizada com cinéfilos dos Estados Unidos, Indiana Jones foi eleito o maior herói do cinema em todos os tempos. Forte, corajoso, inteligente, seus filmes de ação representam o espírito de aventura tão cultuado pelos estadunidenses. Agora no Brasil, surge nosso maior herói: o Coronel Nascimento, de Tropa de Elite.

Sem dúvida, o Coronel (antes Capitão) Nascimento é o maior herói que o cinema nacional já produziu em todos os tempos. Que semelhanças teria com o herói eleito nos Estados Unidos? Coragem e força, certamente, são atributos em comum. Vêem-se essas características principalmente no primeiro filme Tropa de Elite em que a violência combinada com um humor corrosivo, quase negro, transborda pela tela. No segundo filme, lançado essa semana (e já batendo recordes de bilheteria), nosso herói mantém o estilo destemido, mesmo que de forma mais contida. Mas as semelhanças param por aí. Nosso herói é muito mais humano e por isso apresenta problemas comuns a todos nós. Se Indiana luta com nazistas em busca de artefatos sagrados e perdidos, o Coronel Nascimento enfrenta as milícias na comunidade de Rio das Rochas. E o pior: a corrupção está bem próxima a ele, já que Nascimento deixa o BOPE e vai trabalhar na Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, um verdadeiro covil de policiais e políticos desonestos. Sua luta agora não é contra os traficantes, mas contra todo o sistema, como ele mesmo diz. É grande o risco inclusive de ser corrompido, tragado pelas facilidades da ilegalidade.

Mas nosso herói é incorruptível. Nada parece o abalar. Apenas parece. Se ele é uma fortaleza no que diz respeito ao campo profissional, no aspecto pessoal sua vida está em farrapos. Nascimento está mais velho, ou melhor, desgastado não só pelos anos de trabalho, mas por seus problemas pessoais. Divorciado, vê sua mulher casar com a antítese de tudo aquilo que representa: um defensor dos direitos humanos. Inclusive seu filho se identifica mais com seu rival do que com ele próprio. Surge um dilema: sabe agir com os traficantes, com as milícias, mas tem dificuldades quando se dirige ao próprio filho. Assim, nada resta a nosso herói senão desafogar suas mágoas atacando de forma violenta criminosos que surgem em seu caminho, estejam fardados ou não. Nisso, ele é implacável. Nenhum sentimento de culpa, nada de vacilos. Simplesmente os ataca e ponto final. As conseqüências para ele nada significam. Numa cena emblemática, surra o secretário de segurança pública, após descobrir o seu envolvimento nas ações criminosas. Palmas são ouvidas na platéia, como que lavando a alma do povo brasileiro que queria ver cenas como essa na vida real e não apenas na ficção.

Esse é o Coronel Nascimento, o maior herói já visto no cinema nacional. Para nós, brasileiros, até maior que Indiana Jones, o herói estadunidense. Por ser mais real. Por ser mais humano. Por representar um basta num cenário visto como perdido para muitos, mas não para ele.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Fundo do poço



FUNDO DO POÇO – por Vicente Bezerra

Enfim, os mineiros saíram. Do fundo do poço, literalmente. O mundo acompanhou esse drama de perto, graças à mídia, seja televisiva ou internética. Teve canal de televisão no Brasil que transmitiu ao vivo (!), todo (isso mesmo, todo) o resgate.

Foi um verdadeiro Big Brother involuntário. Todos os passos (?!) dos anônimos coitados mineiros foram noticiados. Isso nos faz pensar no verdadeiro papel da mídia informativa e o quanto ultimamente a mesma tem exagerado na cobertura de algumas notícias, sobretudo as tragédias. Espremem tudo até a última gota de sangue.

O caso dos mineiros é emblemático. O apagado Chile, ficou conhecido nos quatro cantos do nosso planeta redondo. Não há críticas nisso. Realmente o isolamento desses trabalhadores foi um acontecimento diferenciado, inclusive justamente nesse acompanhamento midiático. Tal isolamento terá marcas e conseqüências nas vidas desses senhores e suas famílias.

Voltando à mídia, teve quem defendesse interferência internacional, alegando que o Chile, sozinho( ?!), não teria capacidade para a empreitada do resgate. Apareceram especialistas de plantão, até em canal daqui. Psicólogos, já adiantavam diagnósticos sobre os mineiros e seus possíveis problemas psíquicos.

Os mineiros, de vítima, saíram como heróis. Travaram essa batalha consigo mesmos, e com a difícil vida em grupo. Isolados e no escuro, estavam jogados à própria sorte, no que se refere à arte do convívio humano. Para desgosto da mídia, saíram todos produzidos, arrumados, barbas feitas, óculos escuros (estes para proteção), e não sujos, barbudos, cabeludos, vitimizados, como os da foto acima.

O Chile foi capaz. Boa sorte aos mineiros (inclusive os do Atlético) e suas novas vidas. Alguém duvida que essa estória virará filme e livro?

P.S. Já tem gente com maldade indicando a equipe de resgate pra treinar alguns clubes brasileiros, perto da zona de rebaixamento. Outros, pra salvar nosso país depois da eleição. Vai saber...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Segunda sem lei - O seriado que ultrapassa gerações

O SERIADO QUE ULTRAPASSA GERAÇÕES - por Elísio Cristóvão*

Em meio aos vários temas que vi neste grandioso blog (e que gosto muito), venho por meio desta tratar de um assunto que ainda não foi visto por aqui. Apesar de ter atingido a maioridade há alguns anos (não muitos) ainda continuo tentando assistir a alguns desenhos animados. Os desenhos atuais são desenhos que não possuem um enredo chamativo, não prendem os telespectadores, pelo menos para mim (deve ser a idade). Mas tem um desenho ou série que passa ano, entra ano não sai das telas. Pare um instante a leitura e pense qual série ou desenho você lembra-se de ter assistido há dez anos e ainda passa atualmente. Isso mesmo, dez anos atrás. Lembrou de algo? Para facilitar eu diria que esta série você pode assistir naquele mesmo canal, naquela mesma hora. Lembrou? Isso, isso, isso. É o Chaves mesmo. Que maravilha de série, eu assistia há dez anos e ainda consigo dar gargalhadas com as peripécias dessa turma. Esta sim é uma série que resistiu a longos anos. Dizem as más línguas, que o Chaves tem mais audiência que o programa da Hebe e que em seu horário já bateu grandes programas. O problema é descobrir o horário. Pois outro dia chego eu em casa as 3h da manhã ligo a TV e quem esta lá? O Chaves. Podem acreditar, o pior é que eu assisti todinho.

São vários e vários episódios, mas o que mais gosto de assistir é o de Acapulco. Muito bom ver a bagunça na piscina. O Quico se afogando no raso, o Professor Girafales indo salvar o Quico e o enforcando. Muito divertido. Gosto muito também quando o episódio se passa na escola, quando todo mundo fala ao mesmo tempo e o Mestre Lingüiça, quer dizer, o Professor Girafales pede que “calem-se” e o Chaves sempre termina falando algo seguido por Prof° Lingüiça. Episódio muito bom é o episódio dos desenhos. Teve o desenho da vaca no pasto, o pão com ovo, o jogo de xadrez do Godines e o clássico desenho da chinforinfula. Sem falar das respostas dos meninos. Aí pergunta o Professor: “O que fez Colombo depois que pôs o pé nessas terras?” Chaves responde: “Pôs o outro” ou “Quanto é 3 laranjas menos 2 laranjas?” e Chaves: “Eu sabia com maçãs.” Pergunta: “Como se diz gavião em inglês?” Gaviaio”. “Porque Colombo deixou Genova?” “Porque não cabia no navio.”

Quanto aos personagens, o que mais gosto é o grande Seu Madruga. Dia passa, mês passa, ano passa e ele continua devendo 14 meses de aluguel ao Seu Barriga. Que sempre leva uma pancada do Chaves quando chega na vila. Gosto também do Jaiminho, o carteiro de Tangamandapio. Quem nasce em Tangamandapio é o que mesmo? A bruxa do 71 e seu cachorro Satanás. A de que menos gosto é a Pops. Acho a garota muito chata.

Por fim, as grandes frases dos personagens. Dentre elas temos: Conta tudo pra tua mãe..., Tá, tá, tá, tá, tá; Tinha que ser o Chaves mesmo; Foi sem querer querendo; Ninguém tem paciência comigo; Vamos Quico não se junte com essa gentalha; Eu quero evitar a fadiga; Dizia eu, que a aritmética; Estamos aqui para isso; Ai que burro dá zero pra ele; dentre outras que não me lembro agora.

Agora pare e pense qual desenho você gostará de continuar vendo daqui a dez anos? Eu gostaria de continuar vendo o Chaves. Dê sua opinião: de qual personagem você mais gosta? Qual a frase memorável da turma? Qual seu episódio favorito? E lembre: se você é jovem ainda, amanhã velho será.

*Elisio Cristovão é bacharel em Eng. Ambiental e atualmente cursa Mestrado em Ciência e Engenharia dos Materiais. É também guitarrista da 1ª banda de Heavy Metal de Lagarto, a "STTONEHENGE".

Os textos da "Segunda sem lei" são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião dos criadores deste blog.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A encarnação do demônio


A ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO - por Moacir Poconé

Na reta final do primeiro turno da campanha presidencial, uma onda de boatos invadiu a internet. Foi um verdadeiro tsunami de mentiras que causou um estrago maior do que se possa imaginar. Na verdade, esses boatos provocaram o segundo turno, muito mais que o fator Marina. Em todos os cantos, com uma ou outra variação o que mais se ouviam eram frases como “Dilma é a favor do aborto” ou “Dilma vai levar macumba para as escolas” ou ainda “Dilma disse que nem Cristo tira a sua vitória no primeiro turno”. De repente, Dilma virou a encarnação do demônio.

O PT nunca foi bem visto pela Igreja Católica. Desde a época de Lula se ouvia falar que igrejas seriam fechadas e que os comunistas iriam comer criancinhas. Nada disso aconteceu. Mas a propagação de boatos ligados a fatos religiosos cresceram de uma maneira nunca vista na história desse país. O mais interessante é que as pessoas recebem a “notícia” e imediatamente a consideram como verdadeira. Não têm o trabalho de buscar a verdade, de saber se há fundamento ou não. Está na internet, em e-mails ou sites é verdadeiro. O mundo digital se transformou num mundo sagrado, em que a palavra assume um papel devastador.

Interessante um comentário do deputado federal eleito por São Paulo Gabriel Chalita. Vale lembrar que Chalita é um católico fervoroso, inclusive amigo de padres que freqüentam a mídia, como o galã Fábio de Melo, inclusive tendo os dois escrito um livro em conjunto. Disse Chalita que se Lula ou Dilma fossem a favor do aborto teriam feito algum movimento nesse sentido nos oito anos em que estiveram no poder. Disse ainda que a candidata Dilma defendeu que o sistema público cuide das mulheres pobres que fazem aborto clandestino, uma vez que as ricas o fazem em clínicas particulares. E, por fim, Chalita comentou que a função do sistema de saúde do estado era a de cuidar. Não importa quem. Até mesmo um assaltante que leva um tiro deve ser cuidado pelo sistema. E por que as mulheres pobres que abortam não deveriam receber os cuidados médicos num hospital público? É uma pergunta muito pertinente.

Dilma está se esforçando para tirar de si o estigma de demônio. Faz reuniões com padres, pastores, mães-de-santo e tudo o mais que lidar com forças do além. Afirma e reafirma que é contra o aborto, que não é anticristo e que não come criancinhas. Num país laico como é ou como deveria ser o Brasil é uma pena ver que discussões sobre assuntos muito mais importantes perderam espaço para uma única discussão. Se as diversas igrejas são contra o aborto, que orientem os seus fiéis para não fazê-lo. Determinar o futuro presidente do Brasil ou as diretrizes do seu governo foge de seu suas atribuições.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Onda verde, mar vermelho, céu azul


ONDA VERDE, MAR VERMELHO, CÉU AZUL – por Vicente Bezerra

O assunto dominante desta semana continua sendo política. Ou melhor, as eleições presidenciais. Findo o primeiro turno, aparece a interrogação de o quê mudará no panorama para o segundo turno. Será possível mudar o rumo da eleição e contrariar as pesquisas? Só a urna dirá.

Onda Verde – Como já previsto pelo nosso blog (texto Terceira Via), Marina aglutinou novos eleitores, camadas diversas da sociedade e surpreendeu. Derrubando institutos de pesquisa, carimbou quase 20% do eleitorado. Para um partido diminuto e uma figura política não muito festejada, Marina pode considerar-se vitoriosa. Resta agora saber quem ela apoiará. Ideologicamente falando, Marina é mais próxima do PT. Mas a política brasileira passa longe das amarras ideológicas. Dilma foi um dos grandes motivos da saída da ex-ministra do governo. Sob este aspecto, Serra leva vantagem na busca de seu apoio. O problema é que Marina anunciou que só definirá seu apoio, lá pelo dia 17 do mês. Muito próximo da eleição. Com isso, seu apoio pode não ser garantia de transferência de votos.

Mar Vermelho – A esperada vitória no primeiro turno não veio. E o mar de sossego começou a turbar. O segundo turno promete uma batalha interessante pelo voto dos órfãos de Marina. Entretanto, Dilma tem a tranqüilidade do discurso do continuísmo da obra lulista. Quem acompanhou os últimos vinte anos da vida política brasileira e era cidadão ativo e produtivo (trabalhador e remunerado), sabe que a vida melhorou. Mais moradia, mais emprego, mais dinheiro. Certo que o pontapé da economia estável foi dado por Itamar e FHC, mas que adianta economia forte, sem emprego ou dinheiro para gastar? Em contrapartida, Dilma carece de passar segurança de suas idéias, arte tão bem utilizada por Lula. Os pronunciamentos de Dilma rodeiam e pouco esclarecem. Mas deverá ser eleita em razão de o povo querer continuar com a melhoria de vida. Torçamos pra não vir depois a continuidade de Dilma, pois pode ser a Erenice.

Céu Azul – Na verdade “é um céu carregado, rajado, suspenso no ar”. O Serra tem pela frente o grande desafio de se mostrar e demonstrar que é melhoria em relação ao que está aí. Os avanços sociais dos governos tucanos foram poucos, na esfera federal. Serra fez um bom governo, mas explora pouco suas próprias virtudes. A campanha do PSDB também peca em pouco explorar as virtudes do governo FHC. Talvez porque se o fizer, as mazelas do mesmo governo tornarão à tona. Nisso, Serra se perde em ataques e devaneios, ativando o “promessômetro”, e lançando no ar algumas promessas de difícil aplicação, como o salário de R$ 600,00 já no dia primeiro de janeiro. Talvez ganhasse mais mostrando propostas concretas, pois o povo não é mais bobo. Vai ficar aguardando o apoio de Marina ou algum escândalo de última hora para virar o jogo.

A verdade é que os finalistas para o segundo turno não empolgam. Mas entre deixar como está e voltar à época do nascimento do real, o povo não terá dúvida. Você terá?