sexta-feira, 25 de junho de 2010

Dois técnicos sem educação


DOIS TÉCNICOS SEM EDUCAÇÃO - por Moacir Poconé

As imagens acima aconteceram num
intervalo de cerca de 30 dias. A foto à esquerda mostra a displicência do técnico Dunga ao ser cumprimentado pelo Presidente Lula. A da direita, a já famosa recusa do técnico francês Domenech em apertar a mão de Parreira ao fim do jogo entre França e África do Sul. Ambas são desrespeitosas e exemplos de má educação.

A imagem do cumprimento entre os brasileiros ocorreu ainda em solo brasileiro. Em solenidade oficial, a seleção brasileira se despedia dos seus torcedores numa passagem por Brasília. Note-se que os brasileiros estavam representados pela figura de seu presidente, eleito por voto popular ainda no primeiro turno. Atente-se, no entanto, para a figura do treinador da seleção: impávido, mão no bolso, numa leve e desajeitada inclinação, num forçoso cumprimento a Lula. O presidente coloca mão no ombro do treinador, provavelmente tentando um abraço, mas sequer recebe um aperto de mão.

A outra imagem aconteceu essa semana na Copa do Mundo. As câmeras captaram o grosseiro gesto do técnico francês, num gesto de antidesportividade e falta de educação. Após uma primeira negativa e virada de costas, Parreira ainda o puxa pelo ombro e ouve uma série de desaforos e mais uma recusa. Tudo filmado e passado para os quatro cantos do mundo, causando estarrecimento aos que acompanhavam o fim do jogo.

Mas, afinal, o que estaria acontecendo aos treinadores? Por que gestos tão vis, tão medíocres? Surgiram algumas especulações e explicações dadas pela imprensa. Em relação a Dunga, revelou-se que não queria o encontro do presidente. Achava que a seleção seria usada como instrumento da campanha eleitoral que se aproxima e não gostaria que isso ocorresse. Já o francês teria evitado Parreira uma vez que este último havia dito que a França não deveria estar no Mundial devido a sua classificação conseguida de forma irregular.

Para encontrar a verdade, devemos voltar ao tempo. Historicamente, o aperto de mãos deriva de uma demonstração de paz. Isso porque o homem primitivo, que sempre andava armado, estendia a mão vazia para mostrar a outro indivíduo que não estava armado. Pelo jeito, não era isso que pensavam Dunga e Domenech. Nas duas ocasiões, não estavam desarmados. Eram ainda homens primitivos portando a arma da falta de educação, numa demonstração de intolerância e raiva, sem qualquer traço de civilidade.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Cala a boca Magda!



CALA A BOCA MAGDA! – por Vicente Bezerra

No humorístico Sai de Baixo, a frase “Cala a Boca Magda” era vociferada por Miguel Falabella (que fazia o personagem Caco) para a Magda, estrelada por Marisa Orth toda vez que ela soltava uma tijolada na língua portuguesa.

Hoje, o “Cala a Boca” do momento se dirige a Galvão Bueno, execrado por programas de humor, por torcedores menos pacientes e pela internet (tweeter, orkut e afins). Mas, ninguém deixa de ver o jogo com ele. Por mais que Galvão mereça, ele não pode ficar sozinho nessa campanha. Muita gente por aí anda dizendo e fazendo besteiras, e merecem também o seu “Cala a Boca”. Eis os homenageados:

CALA A BOCA DUNGA – Em tempo de Copa do Mundo, esta é óbvia. Dunga fecha treino, briga com imprensa (às vezes, merecidamente), faz cara feia para as câmeras. Sujeito chato.

CALA A BOCA LULA – O nosso presidente não pode ficar de fora. Suas metáforas futebolísticas já encheram. Agora tira onda de apaziguador querendo botar a mão no vespeiro que são as relações entre Irã e EUA. Ninguém agüenta mais o bordão “Nunca antes na história desse país...”

CALA A BOCA MARADONA – Pra não dizer que só falei mal do Dunga, o portenho sofre de mania de perseguição. E quem o persegue é só e sempre o Pelé. Já deu.

CALA A BOCA NETINHO DE PAULA – O negão (ou seria melhor a negona?) é candidato a senador por São Paulo. E antes que me acusem de racismo, veja o mote da campanha do cara: “Ajudem a levar a loira (Marta Suplicy) para Brasília, mas não esqueçam de votar no negão aqui”.

CALA A BOCA ANA MARIA BREGA (OPS, BRAGA) – Ninguém agüenta mais ver essa mulher assumir/desmentir seus namoricos com caras mais jovens. Haja estômago.

CALA A BOCA FERNANDA YOUNG – Essa mulher é um talento escrevendo. Já falando... se acha a última pepita de ouro encontrada em Serra Pelada. Ela é a mais inteligente, a mais descolada, exemplo de mulher moderna e outras titicas. Achou até que era gostosa e pousou na Playboy. Ah, que saudade da Luciana Vendramini....

CALA A BOCA NETO – Ô comentarista podre. Muda de opinião em segundos. Num lance, o jogador é um pereba, depois um craque. Qualquer um pra ele merecia estar na seleção, porque é um “baita jogador”. Haja.

CALA A BOCA MILTON NEVES – Faz tempo que deixei de assistir esse rapaz. Não fala nada que se aproveita, vive suscitando polêmicas inúteis entre torcidas e seus programas têm mais merchandising do que os intervalos comerciais.

CALA A BOCA KAJURU – De tanto falar mal de tudo e de todos, não consegue emprego em lugar nenhum. A nova dele é dizer que o Brasil não será campeão desta copa, porque já teria feito acordo nos bastidores para vencer a de 2014, e botar uma pedra em cima do Maracanazzo. Tem gente com crack na cabeça falando coisas com mais nexo...

Bom, o texto é curto, e muito influenciado pelo futebol. Não podia ser diferente nesse mês que respiramos o esporte bretão. Se você sentiu falta de alguém nessa lista, pode mandar o seu “Cala a Boca” nos comentários.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A estrela da Copa


A ESTRELA DA COPA - por Moacir Poconé

Existe uma crônica do grande Luís Fernando Verissimo em que uma criança estranha o presente que recebe do pai. Trata-se de uma bola. Sim, uma bola. A graça do texto está justamente no fato de ser algo inusitado uma criança não saber que a bola é um brinquedo e nem como funciona. Chega a pedir ao pai um manual de instruções ou regras para o novo brinquedo, pois não sabe brincar com aquele objeto esférico. Claro que se trata de uma crítica aos brinquedos ultratecnológicos, cheios de luzes, sons ou qualquer coisa do tipo.

Algo parecido acontece com a bola dessa copa, a já famosa Jabulani. Nunca se ouviu falar tanto de uma bola para a Copa do Mundo. Uns dizem ser “leve”, que parece até de plástico, como nosso goleiro Júlio César. Craques e mesmo os “cabeças-de-bagre de nossa seleção acusaram a bola de ser uma “patricinha que não que ser chutada”, como se alguma patricinha quisesse. Foram tantas reclamações que o secretário-geral da FIFA se manifestou em defesa da bola e foi logo repreendido por nosso severo técnico Dunga, que disse que o cidadão jamais chutara uma bola num campo qualquer.

Depois da polêmica futebolística, entraram em campo as informações vindas do marketing esportivo. Os jogadores que teriam se queixado da Jabulani seriam todos patrocinados por uma empresa de material esportivo concorrente da que fabrica o objeto de tanta confusão. Em resposta, esta última programou um contra-ataque no melhor estilo das seleções sulamericanas: convocou atletas patrocinadas por ela para defender a pobre bola. E aí ouvimos elogios, exaltações, comentários sobre a forma aerodinâmica da Jabulani e coisa e tal.

Diante de tanta discórdia, que relegou os jogos da Copa ao segundo plano, lembrei-me da tal crônica citada no início do texto. A Jabulani, queiram ou não, É uma bola. Redonda, esférica, com o peso certamente adequado às normas estabelecidas pela FIFA. Será que causa tanto desconforto aos goleiros e jogadores? Ou será que eles precisarão de um manual para saber como usá-la?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A volta dos que não foram


A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM – por Vicente Bezerra

“A volta dos que não foram” é um clássico do cinema, que só fez sucesso no imaginário infantil de um tempo atrás, junto com “Poeira em alto-mar”, que Renato Aragão tornou um especial seu. Mas aqui, “A volta dos que não foram” quer dizer isso mesmo: aqueles que pareciam sumidos, que partiram, mas que voltaram atrás, sem terem ido, na verdade.

Felipe Scolari é um deles. Felipão foi campeão do mundo com a Seleção. Atraiu para si os holofotes, virou celebridade internacional. Deixou o Brasil, foi treinar a seleção dos nossos colonizadores. Em Portugal, Scolari era estrela. Fez sucesso e levou a mediana e sempre limitada seleção lusa a lugares nunca antes experimentados pela mesma. Cumpriu sua missão, mas podia ter ido mais longe. Podia mais. Competência nunca lhe faltou. Com o sucesso em Portugal, foi para o Chelsea da Inglaterra, e lá experimentou o mesmo gosto amargo que antes Luxemburgo havia provado. O estilo brasileiro de treinar não combina com o estrelismo dos craques europeus: eles não admitem alguém com brilho maior. Pior: não se subordinam e começam as conhecidas “panelas” para derrubar treinador. Como conseguiram, Felipão foi parar no Uzbesquistão, um lugar que deve ficar entre o purgatório e o inferno. O próprio limbo. Felipão caiu e não soube se levantar. Está de malas prontas para o Palmeiras. Um retrocesso numa carreira internacional promissora.

Outro exemplo de volta mal sucedida é o Campeonato do Nordeste. Outrora salvação financeira dos clubes, que enchia estádios e movimentava a rivalidade local, voltou esse ano como salvação da lavoura para os combalidos times nordestinos. Acontece que os “grandes” clubes do nordeste resolveram dar um tiro no pé: as principais equipes estão disputando o “Nordestão” com times mistos, times “B” e até mesmo juniores. Resultado: nível técnico fraco e afastamento da torcida. Fora a época de disputa totalmente fora de propósito, com a Copa do Mundo em andamento. Hoje por exemplo, tem BA-VI. Pela primeira vez com casa vazia. O canal que está transmitindo, o Esporte Interativo, tem feito esforço pra não perder audiência com jogos tão fracos. Devem ter se arrependido de terem comprado o Campeonato.

Outro que ia, mas não foi, é o Ciro Gomes. O cearense, que na sua vida política é muito comparado a Fernando Collor, junto com as declarações atrapalhadas que dá, no que se refere à sua vida pessoal e amorosa (é casado com a atriz global Patrícia Pillar), também vem colecionando trapalhadas na vida pública. Embora não se noticiem escândalos seus, mas suas idas e vindas em suas tentativas de candidatura estão se tornando risíveis. Ele também tem ajudado. Mostra-se irritadiço facilmente com essas situações, mostrando destempero para quem quer ocupar o cargo maior do país. Sua ausência na convenção de seu partido, que aderiu à Dilma, é mais uma patética amostra de suas idas e vindas políticas. Resta saber se vai sobrar um governo ou ministério dessa vez.

Dedé Santana, após a morte dos colegas trapalhões e fim do grupo, foi ser cantor evangélico. Não deu certo. Depois passou a freqüentar programas vespertinos de fofoca, a falar mal do colega “Didi”, em busca de atenção ou de estar na mídia. Não deu certo. Foi tentar a sorte com um programa, que tinha a intenção de ser humorístico, no canal de Sílvio Santos, concorrendo no mesmo horário do ex-colega. Também não deu certo. Hoje, voltou a ser companheiro do antes “espinafrado” Renato Aragão, depois de tanto cuspir no prato que tanto comeu.

Dizia Getúlio Vargas que não era oportunista, mas se o cavalo passasse por ele selado, ele montava. Os citados perderam o bonde da história. Nesses casos, ou o cavalo seguiu a viagem sozinho ou os derrubaram no caminho.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

E começou a Copa do Mundo



E COMEÇOU A COPA DO MUNDO – por Moacir Poconé

De quatro em quatro anos é sempre a mesma coisa: Copa do Mundo. Com o evento, os clichês, saltam aos nossos ouvidos, teimosos, como que sendo usados pela primeira vez. Tentarei lembrar alguns deles e, os que forem esquecidos, espero que algum leitor apresente como forma de complemento. Então vamos lá:

E começou a Copa do Mundo, com ela temos (ou teremos):

Em casa:

- reuniões animadas, churrasco na brasa, cerveja no copo e de vez em quando uma olhadinha na tv para ver quanto está o jogo do Brasil.

- brigas com a esposa (ou namorada) que não aguenta mais ver você assistir tanto jogo e não dar atenção a ela.

- chateação por estar passando Argentina x Inglaterra numa manhã em plena quarta-feira, mas você tem que ir trabalhar.

- alguns quilos a mais após a maratona de jogos acompanhada de pipoca, refrigerante, amendoim, cerveja, salgadinhos e outros petiscos mais.

Na televisão:
- repórteres esbarrando com os habitantes do local, na tentativa de informar algo que está acontecendo em algum jogo (não conseguiremos ouvir)

- repórteres no Brasil, ou melhor como diz a Globo, nos “quatro cantos do Brasil”, mostrando a festa (ou a decepção) da torcida brasileira. As cidades, certamente serão as mesmas: Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Porto Alegre.

- a reportagem mostrando algum trabalhador que não pode parar nem no jogo do Brasil. Geralmente, um garçom ou um cozinheiro.

- a reportagem de como aquela grande cidade está vazia (geralmente o repórter deita no chão de uma avenida movimentada e coisa e tal)

Nos campos:
- a sensação da Copa: uma seleção que irá muito bem na primeira fase, mas que não chega nem às quartas-de-final. Acredito que esse ano serão os Estados Unidos.

- a decepção da Copa: aquela seleção que chega com ares de campeã e que fica no meio do caminho. Alguma dúvida: Espanha.

- o craque de um jogo só, por uma grande jogada ou por marcar quatro vezes na mesma partida. Virá de alguma seleção que enfrentar a Nova Zelândia.

- o árbitro que foi decisivo para a eliminação de uma grande seleção. Carlos Eugênio Simon é grande candidato.

- o artilheiro da Copa, que geralmente não é da seleção campeã eque dará uma entrevista dizendo que está muito feliz, mas que trocaria o seu prêmio pelo título de campeão do mundo.

- a seleção que frustrou o sonho do hexa do Brasil. Pela tabela, grandes chances para a Holanda.

Enfim, não faltarão instrumentos para aquela sensação de déja vu.

E, no Brasil, daqui a quatro anos, tudo começará mais uma vez com mais uma Copa do Mundo.

E, mais uma vez, veremos os mesmos fatos, da mesma forma, com todos fazendo de conta que tudo está acontecendo pela primeira vez.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A Copa psicografada e traduzida para brasileños



A COPA PSICOGRAFADA E TRADUZIDA PARA BRASILEÑOS – por Vicente Bezerra

Eu pensei em colocar entre parênteses aí em cima, a colaboração que recebi neste artigo. Aliás, recebi literalmente. Ou melhor, espiritualmente.

Estava eu no MSN conversando com um amigo sobre a Copa do Mundo, quando de repente senti uma coisa diferente. Foi uma sensação estranha, que depois fui descobrir o que era: uma manifestação espírita que eu estava recebendo. Eis que incorporei o espírito do famoso médium paraguaio Xiko Javier, recém desencarnado, que através de mim, ditou comentários sobre algumas das Seleções da Copa, comparando-as aos clubes brasileños para melhor entendimento, segundo ele. E o que foi psicografado e traduzido segue adiante.

Portugal: umas das comparações mais óbvias. Os patrícios encontram na nossa Portuguesa sua melhor tradução (são as mesmas cores, inclusive). Assim como a Lusa, Portugal tá sempre por aí, participando, sendo simpático, e...participando. Ganhar que é bom, nada!

Dinamarca: saudosa Dinamáquina de Laudrup e Olsen. É o nosso Bragantino. Fez um time bom uma vez na vida, sumiu e ninguém vê mais. Só aparece na TV quando enfrenta alguém realmente importante.

Itália: time enjoado, jogo feio, classificação suada, campeã. Alguém pensou no Grêmio? Acertou! Como é sem graça ver a Itália jogar (e o Grêmio também). E volta e meia atravessa nosso caminho, incomodando como uma pedra no sapato. Ou o Grêmio já não te fez raiva também?

França: a frescura em forma de futebol. A pronúncia dos nomes dos seus jogadores dá náuseas e você se pega fazendo biquinho. Falou em frescura, falou no tricolor do Morumbi. A torcida do São Paulo não assume, mas adora. Richarlysson e vai ao delírio quando Raymond Domenech, técnico dos azuis, dobra aquela mãozinha quando reclama de algo. Nooooooooossa!

Chile: igual ao Paraná Clube: horas está, horas não. Também conhecido como time iô-iô.

África do Sul: é uma festa a sua torcida! Muita música e vibração. A torcida acha que o time é muito bom, mesmo sendo uma droga. Mas, o que vale é a festa. Igualzinho ao tricolor de aço da boa terra. Bora Baêa! Bafana Bafana!

Argentina: é o Corinthians! Sua torcida se acha o máximo, eles se acham os melhores e maiores, mesmo não sendo(e não são!). Não importa: tudo deles é o melhor. Ô torcidinhas chatas! E tem outra: eles acham que aquele camisa 10 deles foi melhor do que os dos outros. Maradona e Neto não se comparam, mas pra essas torcidas foram seus Deuses. E nos outros times não existiu ninguém que os superem. A arrogância em pessoa. Ou melhor, em time.

México: sempre como coadjuvante, o time nunca emplaca. O máximo que eles conseguem é simpatia pelo seu país. Assim também é o Vitória da Bahia, todo mundo adora a terra de todos os Santos e o time que não incomoda nunca, boa praça como os baianos.

Inglaterra: pose pura. Dizem ser lordes, nobres, serem bons no futebol, mas título que é bom, só aquele que faz tanto tempo que pouca gente lembra. Fluminense, claro.

Holanda: a Laranja Mecânica monta boas equipes, sempre é apontada como favorita, encanta os amantes do futebol e a mídia, mas na hora H dá chabu. O Cruzeiro é assim: todo campeonato é apontado como um time bem montado, favorito, mas...

Uruguai: já teve grandes equipes, já teve grandes jogadores (Rodolfo Rodrigues, Francescoli, Dario Pereyra, De Leon), já foi um grande campeão, mas hoje vive na draga. Faz tempo que não faz uma graça. Foi só eu que lembrei do Vasco?

Alemanha: o time do Dr. Fritz lembra muito o Internacional. Monta grandes times, revela grandes jogadores, tem tradição, volta e meia tá levantando um caneco, mas não enche os olhos de ninguém com seu futebol burocrático.

Espanha: a Fúria é a seleção tida como eterna promessa. Toda Copa é aquela expectativa: dessa vez a Espanha emplaca! E nada. Nada e morre na praia. Parece o Atlético Mineiro.

Brasil: assim como o Flamengo, é penta atrás do hexa. Suas torcidas são poderosas. O time pode ser um fiasco, mas pra eles são os melhores do mundo. São os queridinhos da Rede Globo, pois dão privilégios e são privilegiados. Ambos sempre entram como favoritos, mesmo com equipes capengas. Ambos já depositaram confiança num jogador (um gênio por sinal), mas que sempre amarelou em momentos decisivos (você ganha um doce se achar algo no Google depois de digitar “gol de Zico na final”!).

Quando ia responder quem seria o cavalo paraguaio desta Copa, o amigo com quem eu teclava no MSN chamou a atenção e perdi o contato com o médium-volante Xiko Javier e não psicografei mais nada. Será que ele se ofendeu?

E vocês, podem vuvuzelar à vontade nos comentários...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A necessidade faz o homem



A NECESSIDADE FAZ O HOMEM - por Moacir Poconé

Um dia desses, conversava com um pai de um aluno meu. O senhor já não sabia o que fazer. Segundo ele, havia dado (e ainda dava) tudo o que o filho lhe pedia, mas o menino não correspondia nos estudos. Era uma pessoa de posses. O menino tinha computador (com internet, claro), videogame, moto e carro à disposição, ou seja, uma vida extremamente confortável em bens materiais. Logo percebi qual era o problema e fui direto ao ponto. “O problema é justamente esse. O senhor está dando coisas demais a seu filho.”


A reação do pai foi de incredulidade. Mas ele logo percebeu o que quis dizer. Qual o valor que um jovem hoje em dia dá aos bens que recebe de seus pais mesmo sem merecer? O que faz com que ele se motive para conseguir algo com seu próprio esforço? Muitos pais certamente fazem o mesmo, achando que estão agindo da melhor maneira. Triste engano. Estão na verdade criando seres desocupados e despreocupados, ou seja, sem qualquer responsabilidade.

Ampliando um pouco o assunto, noto que a situação não se restringe apenas a pais e filhos. Tudo está muito disponível. Em tempos de internet, existe um fácil acesso a qualquer que seja o assunto e já não damos o devido valor àquilo que conseguimos. Lembro bem nos anos 80 da dificuldade de encontrar questões de vestibulares para exercitar. No campo da diversão, vibrava ao encontrar o último show do Legião Urbana em fita cassete ou um vídeo clandestino do humorístico TV Pirata. E fazíamos, eu e meus amigos, verdadeiras reuniões para apreciar aquele material de baixa qualidade, sempre com um brilho no olhar e aquela sensação de conquista. Para nós, era um verdadeiro tesouro.

Hoje, a oferta de material é tão grande que pouco se dá valor. Quer um vídeo de seu ator predileto? Acesse o You Tube. A discografia de seu cantor preferido? Tenho os 25 cds em mp3. Já nem se tem o trabalho de gravar em cd. Livros, textos? Tudo na internet. É só botar no Google. Os jovens de hoje, desse modo, não possuem o sentimento de conquista, de posse, daquele material que quase ninguém tem. Até nos mesmos, os jovens de outrora, somos contaminados por essa onda. E o sentimento de indiferença apenas aumenta.

O mais triste de tudo, no entanto, não é a facilidade de encontrar as coisas. O maior problema é que os jovens pouco as querem. É uma grande contradição: a oferta é tão grande que tudo se tornou banal. Não há mais a necessidade. O obstáculo é um mero clique de mouse. O que querem é algo que denote poder, como o jovem do início do texto com sua moto e seu carro. Educação é algo abstrato. Há jovens (uns poucos) que são até discriminados por gostar de estudar. O que vale mesmo é a ostentação, como um meio de afirmação social. E assim vão se formando cidadãos sem valores, achando que na vida tudo é descartável.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ouça o que eu digo: não ouça ninguém


OUÇA O QUE EU DIGO: NÃO OUÇA NINGUÉM – por Vicente Bezerra

O texto merece um preâmbulo, para os que têm menos de vinte e cinco anos: o título é o nome de uma música dos Engenheiros do Hawaii, grupo de rock gaúcho que fez fama no fim dos 80, até metade dos 90. Eles ainda existem e insistem (bom, eu gosto). Mas o objetivo do título é ser usado no final do texto, e lá vocês vão ver ele de novo.

A revista O Cruzeiro, a mais lida nos idos 50/60, trazia uma coluna chamada “Diálogos Impossíveis”. Num desses diálogos fez Nara Leão, expoente da bossa-nova recém surgida, entrevistar Vicente Celestino, cantor romântico das décadas de 30 e 40, de interpretação operística. Nara perguntou a Vicente o que achava da música nova (bossa, jovem guarda) em relação à música “velha”, do seu tempo. O cantor respondeu que não existia música nova e velha, apenas música boa ou ruim. Um tapa com luva de pelica (ditado popular da época).

Meu xará tinha razão. Temos acompanhados de tempos em tempos, o surgimento de ritmos e músicas de gosto duvidoso, de apelo popular, muitas vezes de duplo sentido (ou de sentido único mesmo) se tornarem sucesso imediato, absoluto, tocados pelas rádios à exaustão, até que as assimilemos, nem que seja por osmose. Depois dessa massificação, nos vemos, mesmo sem querer, assoviando a tal música ou a cantando no chuveiro. O bom disso é que, em meses, ninguém se lembra mais da tal música. Ou você ainda canta “vou passar cerol na mão, vou sim, vou sim”?

Lá pelo início dos anos 80, o “lixo musical” convivia pacificamente com a música mais “cabeça”. Odair José (pare de tomar a pílula!), Kátia (a cantora cega, do “não está sendo fácil”), Perla (a paraguaia) cabiam perfeitamente na programação musical das rádios com Caetano (você é linda), Osvaldo Montenegro (lua e flor), só pra citar alguns. O “lixo musical” hoje cresceu em número, decresceu em qualidade, e não dá espaços para outras alternativas. Ou ouvimos a “lapada na rachada” ou botamos a mão na cabeça porque vai começar o “rebolation”. Aquele cantor novo de MPB, não tem espaço na mídia, e, portanto, não vai ser conhecido ou fazer sucesso. Aquela cantora romântica, ou emplaca música na novela, ou adeus carreira. Vai ficar condenada a tocar para poucos, nos bares da vida. Enquanto isso, nossas filhas ouvem que “tem que fazer valer na cama, tem que fazer gostoso, pro gozo virar lama” (!!!???), repetidamente tocando no rádio.

Pior. Lá em cima do texto falei que essas músicas duram meses, mas ultimamente têm tido uma sobrevida maior. Eu torcia pra o É o Tchan acabar logo, mas duraram anos! Torcia por dois motivos: pra dançarinas saírem logo na playboy e pra não ouvi-los mais. Não bastasse isso, saiu na mídia essa semana que Cumpadi Washington, Jacaré e Beto Jamaica irão ressuscitar o grupo. Como acredito que só Jesus ressuscitou, estou tranqüilo.

Esse tema – a música que toca hoje nos rádios – daria uma tese, uma dissertação acadêmica, pois não falta pano pra manga. Citações de música ruim então, não haveria espaço aqui. “Bote a mão no joelho, dá uma abaixadinha”. Não boto, nem abaixo. Graças à minha formação musical - que agradeço a amigos, pais e a mim mesmo – fiquei e fico longe do que a mídia propaga como sendo música. Não é saudável, nem pros ouvidos, nem pro caráter. Muitas músicas hoje incentivam a bebedeira, agressão à mulher, o sexo livre. Não que você vá fazer algo só por ouvir a música, mas com o passar do tempo aquilo pode passar a ser aceitável, tolerável, normal, para uma gama de pessoas.

É aí que entra a frase do título. “Ouça o que eu digo: não ouça ninguém”! Não forme seu gosto musical pelo que toca por aí. Dificilmente você acha algo que valha a pena. Nem tampouco escute os que este “colunista” cita no texto, porque este os acha bom. “Do it Yourself!”. Faça você mesmo. Fuce, force, não fique na fossa. Pesquise, compare e escolha o que lhe aprouver. Você com certeza vai se deliciar com muitas coisas que nem imaginava existir na música e vai sentir muito prazer nisso. Não deixe que escolham por você.