quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Você já viu esses filmes?


VOCÊ JÁ VIU ESSES FILMES? – por Vicente Bezerra

Caros amigos, estou de volta. Assuntos profissionais me impediram de escrever na semana passada. Recebi reclamações e emails questionando se algo havia acontecido. Os leitores de Bombaim, Jacarta, Lisboa e Brasília podem ficar sossegados que nada houve. E um agradecimento especial pela mensagem de apoio de um de nossos longínquos leitores, Niko Papadopoulos, da Grécia.

Bom, essa semana não há como fugir do tema Eleições. E quem viu o último debate na TV Record, achou morno, chato, como quem vê um filme que já passou. Muitas das opiniões que vi e ouvi davam conta da mesmice dos debates, sem que houvesse discussões de propostas a fundo, apenas conjecturas, devaneios e ataques. É lamentável que as pessoas mais aptas a governar Pindorama, não estejam preparadas como deveriam.

Como o título faz referência à sétima arte e com base no último debate, resolvi fazer comparações cinéfilas entre os candidatos. Aí vai:

Alice no país das maravilhas – Longe de nosso país estar “essa maravilha toda”, mas Marina está perto da visão dos personagens de Tim Burton. Suas eternas olheiras não mentem. Marina tem subido nas pesquisas e subido também o tom de voz. Mais incisiva, tem partido do discurso de desenvolvimento sustentável para ataques, embora suaves. O que tem faltado à candidata verde é demonstrar ao povo o que realmente interessa ao mesmo: salário, saúde, moradia, etc. O discurso de Marina é retórico e preso à ecologia. Ela não conseguiu também mostrar o mínimo de governabilidade de suas idéias. Para Marina, o Brasil será um reino encantado com todas as casas captando energia solar, com árvores no meio das avenidas e todos sorrindo maquiados pela Natura. É pouco.

Missão impossível – Serra poderia também estar nos filmes de Tim Burton, ou em Os Simpsons como o indefectível Sr. Burns. Mas a batalha de Serra é mais inglória. É realmente impossível. Serra foi um bom ministro e um bom governador. É um bom político. O grande problema do tucano é quem e o que ele representa. É como se colocasse um Zico pra jogar no Íbis: um bom jogador acompanhado de perebas. E como diz o ditado, “uma andorinha só não faz verão”. Outros problemas de Serra são a ideologia do seu partido e o estrato social ao qual pertence. O povo quer continuar com emprego e comprando, coisa que era mais complicado no governo do PSDB, embora tenha havido inúmeros e importantes avanços, sobretudo na economia.

Os substitutos – No filme, andróides fazem o que deveriam fazer os humanos, enquanto os mesmos estão em casa comandando-os. Não há quem não pense dessa forma quanto à Dilma, por mais “tucuda” que ela seja. É notório nos debates que Dilma repete o discurso de outro. Mal articulada, dá volta nos discursos sem muito esclarecer. A petista não precisa mostrar a governabilidade de seus projetos, nem mesmo mostrar projetos, já que seu mote é a continuidade. Ao contrário de Serra, ela se beneficia por quem e o que representa. Em um governo bem sucedido e com arestas a aparar, no que diz respeito a terminar o que já começou, Dilma vai se fazendo. Lula é o comandante deste andróide. O grande problema é que Dilma trará de volta, pessoas que foram afastadas por escândalos. Vai levantar a poeira que Lula varreu para debaixo do tapete.

O Franco-atirador – Obviamente estamos falando de Plínio Arruda. A imagem de bom velhinho, ele deixa para Noel. Plínio atirou para todos os lados, e contra todos, nos debates até aqui. Demonstrou inteligência, coerência, apesar de sua avançada idade poder induzir ao contrário. O problema do esquerdista é ser radicalíssimo ao extremo, exageradamente (será que consegui enfatizar?). E claro, o povo sabe que não há como o candidato imprimir suas idéias na prática. As pessoas o vêem como um personagem pitoresco, folclórico, e até mesmo engraçado. Mas que Plínio acuou todos, ficou claro. E isso pode lhe render mais que o 1% das pesquisas. Mas não deve ser levado a sério. Mesmo.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O maior jogador de todos os tempos



O MAIOR JOGADOR DE TODOS OS TEMPOS - por Moacir Poconé

Há muito tempo dizem por aí
Que jogou bem um tal de Pelé
Mas isso hoje vou discutir
Pois o melhor ele já não é.

Também pelas bandas de Santos
Surgiu, sim, o verdadeiro rei
Não é mais um em meio a tantos
Vocês verão que não me enganei.

Cabeceio, drible, chute, gol
É um jogador mais que completo
Até técnico ele dispensou
E o estádio está sempre repleto.

Se não o chamam para a Seleção
Pra ele, não tem importância
Quer mesmo ser sensação
É assim desde a sua infância.

Esse craque brilha mais que tudo
Chega até a ofuscar o sol
Tem crítico que é linguarudo
E nem sabe jogar futebol.

Falar com os mortais? Nem pensar!
É um milionário, um astro famoso
Joga tanto que pode zombar
De qualquer um, novo ou idoso.

Se o jogo para, ele continua
Não consegue conter seu talento
Sua camisa nem mesmo sua
Seus pés parecem um invento.

Pois é, meus caros amigos,
Jogador igual a ele não há
Batam boca, pobres inimigos,
O maior mesmo é o Neymar.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Não adianta, Serra


NÃO ADIANTA, SERRA - por Moacir Poconé

O candidato da oposição José Serra está atirando para todos os lados. Com o crescimento da candidata Dilma Rousseff nas pesquisas (que inclusive indicam fim da eleição ainda no primeiro turno) a campanha do PSDB tem buscado encontrar em diversas denúncias uma tábua de salvação.

Inicialmente, houve o caso da quebra do sigilo fiscal na Receita Federal. Realmente, um absurdo o que ocorreu com parentes e pessoas filiadas ao PSDB. Num regime constitucional, o que se espera é que haja um mínimo de respeito e segurança às garantias individuais. Mas, e o “povão” com isso? A população mal compreende o que seja Receita Federal, imagine entender o que seja quebra de sigilo. O fato não está nem entre as dez maiores preocupações da maioria da população. O “povão” quer saber mesmo é da bolsa-família, bolsa-escola, segurança, saúde e assuntos mais concretos do seu dia-a-dia. Só ouvem falar da Receita (quando ouvem) na hora de tirar o CPF, para poder comprar produtos que antes não podiam, graças ao aumento de crédito. Acham que essa história de quebra de sigilo é “coisa de rico”, confirmando mais uma vez a fama de elitista dos tucanos.

Agora, mais uma denúncia. Mais contundente, que provocou inclusive a saída da Ministra-Chefe da Casa Civil. Os filhos de Erenice Guerra estariam usando a proximidade com o poder para fazerem tráfico de influência, favorecendo certas empresas mediante pagamento de alguns milhares de reais. E o “povão” com isso? Mais uma vez, não entende, não sabe do que se trata, sequer sabia da existência de um Ministério da Casa Civil. Querem é saber que a alimentação melhorou, que as coisas não aumentam de preço e que o presidente Lula é um dos seus. Acreditam até que exista uma perseguição contra o seu governo, apenas pelo fato de ele ter sido uma pessoa humilde. Mas Lula está acima do bem e do mal. Logo, a candidata que ele apóia só pode ser uma boa pessoa, que governará de um jeito semelhante daquele que conhece bem os problemas dos desfavorecidos. Não há como lutar contra a força que representa o Presidente Lula, “canonizado” pela população e atingindo números inimagináveis de aprovação do seu governo.

Mas José Serra não se dá por vencido. Buscando seduzir o “povão” iniciou uma campanha que beira o populismo anunciando um salário mínimo de seiscentos reais já para janeiro de 2011. Não se diz de onde virá o dinheiro, como fará para ser aprovado ainda esse ano ou por que o PSDB quando estava no governo reajustava o mesmo salário mínimo a conta-gotas. O “povão”, no entanto, olha desconfiado para a proposta. Não consegue acreditar naquilo que Serra promete. E, pior, lembra de um passado não muito distante que o compromete. A metralhadora de José Serra já está ficando sem munição. Somente algo extremamente comprometedor e compreensível para a população mais humilde poderá reverter os rumos da campanha. Difícil acontecer algo desse tipo em apenas vinte dias.

Não adianta, Serra. O Brasil terá sua primeira presidente.


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Além do além


ALÉM DO ALÉM – por Vicente Bezerra

Estamos assistindo a uma verdadeira onda de produções midiáticas em apologia ao Espiritismo. Filmes, novelas e séries feitas em profusão. Por quê?

O maior canal de televisão do país é um dos veículos que está na ponta da divulgação e disseminação da doutrina espírita no país. Não é de hoje que a Globo namora o tema. Novelas como “Alma gêmea” e “A viagem” deram o pontapé inicial na produção dos folhetins com essa temática, entre outros exemplos. “Escrito nas estrelas” e “ A cura” corroboram a intenção da rede em propagar o credo de seu mentor, Roberto Marinho.

Só para ilustrar esse interesse, o último programa “Fantástico” dedicou boa parte de sua duração em uma reportagem sobre Chico Xavier e seus códigos para que identifiquem uma mensagem sua do além. Prometeu com alarde durante a semana revelar tal segredo. Prendeu o telespectador durante uma boa parte do horário “nobre” do domingo, para não revelar nada.

O cinema nacional também tem produzido obras espíritas. “Bezerra de Menezes”, “Chico Xavier” e a superprodução “Nosso Lar”, este último de custeio e produção por empresas privadas, refletem esse “boom” do espiritismo. A que se deve isso?

É sabido que a religião católica tem perdido adeptos no país, sobretudo para os evangélicos neopetencostais (Igrejas Renascer e Universal). Uma das formas de reação da Igreja, tem sido o movimento carismático e os padres cantores (Pe. Fábio, Pe. Marcelo Rossi etc). A igreja tem procurado amolecer sua catequese rígida, aproximando seus atos aos dos evangélicos. Aliado a isso, é notório também que o católico é tolerante ao espiritismo, e muitos são seus simpatizantes. Some-se ainda que grande parte dos seguidores do espiritismo são das classes média e alta, formadores de opinião.

O que se quer dizer com isso? Como o Brasil é o maior país espírita do mundo (segundo a revista Veja, é o único país espírita), e, sabidamente, a maior nação católica, tem-se um grande mercado consumidor para a produção espírita. O filão da literatura espírita há muito já lucra com isso. Que nos diga Zíbia Gasparetto (aliás existe uma grande indústria por trás da grife Gasparetto).

Com certeza, o valor para anunciar no “Fantástico” no último domingo estava mais caro. Como também o interesse de grandes empresas em realizar uma superprodução cinematográfica de porte hollywoodiano, não se deve apenas em transmitir a mensagem de Kardec (muitos produtores penam para ter apoio em seus filmes, o que só acontece através de lei que isenta de impostos as empresas que contribuem).

De boas intenções, o inferno está cheio.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Segunda sem lei - As várias faces da censura


AS VÁRIAS FACES DA CENSURA - por Bruno Sales*

Quando pensamos no termo censura, normalmente nos vem à mente o período da Ditadura Militar, instaurada no Brasil entre os anos de 1964 a 1985. Durante estes anos não havia possibilidade de publicação de qualquer pensamento contrário aos ideais dos Presidentes/Generais. Ou se mudava o que estava escrito ou o material era censurado, e talvez, seu autor perseguido. Desde então, estamos acostumados a fazer uma relação entre censura e ditadura. Tal situação se estendeu a vários países da América Latina em função da polarização mundial entre Estados Unidos e União Soviética. Controlar o pensamento da população era primordial para ambos os lados. Pois bem, a guerra fria acabou e o Brasil vive hoje em uma democracia consolidada, com plena liberdade de imprensa. Será mesmo?

É possível notar, principalmente em ano eleitoral, um forte controle ideológico nas pautas de reportagem da maior emissora nacional, a Rede Globo. E isso não é novidade! Basta recordar a edição pra lá de tendenciosa do debate entre Lula e Fernando Collor, realizada pelo Jornal Nacional na véspera da eleição presidencial em 1989. Assim como os censores da ditadura, os editores do Jornal Nacional, que eram os únicos que dispunham das imagens do referido debate, deturparam informações em com motivações políticas. Para citar um evento mais recente, basta comparar as entrevistas concedidas pelos candidatos à presidência nestas eleições ao Jornal Nacional. Dilma Rousseff, candidata de esquerda, sofreu do início ao fim com a dupla dinâmica William-Fátima. Nenhum aspecto positivo do atual governo foi citado pelos apresentadores e Dilma era interrompida a todo o momento. Já José Serra, candidato de direita, teve que responder sobre o bom exemplo de São Paulo com suas estradas novas e seu baixo custo para o usuário, falando livremente, sem interrupções. Interessante é que nas reportagens do Jornal da Band, este mesmo sistema viário ainda é motivo de muitas críticas dos motoristas. Manipular informações, não seria isso uma forma censura?

Outra curiosidade sobre a Rede Globo é que ela só noticia eventos que fazem parte ou da sua de programação ou da grade dos canais Globosat. Por exemplo, a Globo fala em Fórmula 1 e Stock Car, mas não menciona a Fórmula Indy ou o Fórmula Truck, transmitidas pela Bandeirantes. As Olimpíadas de Inverno, transmitidas pela Rede Record, não aparecem no Globo Esporte nem se nevar em Caruaru. A lista continua com os Jogos Mundiais da Juventude, realizados em agosto deste ano, e o Oscar, só para exemplificar. Não interessa a importância do evento. Se é transmitido por outro canal, não é mencionado na Globo. Omitir intencionalmente informações, não seria isso uma forma de censura?

Parceira ideológica da Rede Globo, a revista Veja também merece destaque negativo pelos textos impressos em suas folhas. Governantes comunistas, socialistas ou os simpatizantes da esquerda recebem de seus colunistas e repórteres “tratamento vip”. Normalmente são descritos como autoritários, iletrados, irresponsáveis e burros, sem meias palavras! O problema não está na linha seguida pela revista, mas sim nos ferramentas que ela utiliza para justificar seu ponto de vista. Ninguém nunca leu na Veja que Cuba tem taxa de analfabetismo próximo de zero e sistema de saúde pública exemplar, nem que o embargo aos cubanos, grande responsável pelo racionamento de alimentos existente na ilha de Fidel, tem motivos puramente políticos. Ninguém nunca vai ler na Veja que o Fundo Monetário Internacional recomendou recentemente o modelo brasileiro de controle da economia para os países da União Européia. Ninguém saberá por suas páginas que o Golpe Militar de 1964 foi incitado e financiado pela direita norte-americana, apoiado pela direita brasileira, tudo comprovado documentalmente. Mais uma vez pergunto: não seria filtrar informações uma forma de fazer censura?

Logo, censura não se limita ao que fizeram os militares ou o que fazem governos como o de Hugo Chavez na Venezuela, que chegou a fechar emissoras de TV que lhe faziam oposição. A censura aparece quando o profissional de imprensa não consegue separar sua opinião daquilo que deve ser veiculado, distorcendo seu conteúdo por questões ideológicas ou por defesa de interesses. Por fim, a censura em suas várias formas se faz presente quando há manipulação ou omissão de informações, independentemente de quem o faça.

* Bruno Sales é quase engenheiro, quase físico e quase professor, ainda buscando a sua real vocação.

Os textos da "Segunda sem lei" são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião dos criadores deste blog.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Intolerância religiosa



INTOLERÂNCIA RELIGIOSA - por Moacir Poconé

Tem gente que realmente não tem juízo. Parece mentira, mas um certo pastor batista chamado Terry Jones resolveu instituir o que ele chamou de “Burn a Koran Day” ou seja o dia de queimar o Alcorão, livro sagrado para os muçulmanos. E que dia é esse? Amanhã, sábado, dia 11 de setembro. Para ele, será mais uma resposta aos ataques ocorridos no World Trade Center em 2001.

O tal pastor mexeu num barril de pólvora. Autoridades estadunidenses como Hillary Clinton e o presidente Barack Obama criticaram veementemente a realização do ato. Até mesmo o Papa Bento XVI se manifestou preocupado com a resposta do mundo árabe. Mas o pastor Terry Jones se mostra irredutível e pronto para levar seu plano adiante. Cidadãos estadunidenses já são alertados para possíveis atentados e os militares que agem no Afeganistão já aguardam por uma onda de ataques e terror. Tudo isso devido a uma loucura de uma pessoa.

A intolerância religiosa é algo desprezível. É ridículo não se admitir que possa existir a diversidade de opiniões, o que ao longo da história sempre foi tão importante para o crescimento da civilização. Nada disso. Nesse campo minado, um busca suplantar o outro, numa frenética luta pela própria salvação e pela desgraça do outro. “Se não acreditas no que eu acredito, estás condenado!”, dizem os fanáticos. E tome atentados terroristas, explosão de bombas, queima de livros sagrados, tudo em nome da fé, que em vez de mover montanhas está criando verdadeiros abismos, nas sábias palavras do poeta Drummond.

O que acontecerá em resposta aos atos do pastor piromaníaco? Seria muito bom que não víssemos, que ele repensasse a loucura de sua empreitada e desistisse a tempo. Mas tudo indica que isso não irá acontecer. Os muçulmanos acharão que têm motivos para atacar qualquer pessoa que tenha a mínima ligação com os Estados Unidos. Tudo em nome de Alá. “Olho por olho e o mundo acabará cego”, disse certa vez Mahatma Ghandi. Parece que estamos caminhando para isso.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Eu já vi esse filme



EU JÁ VI ESSE FILME – por Vicente Bezerra

“Eu sou o Brasil no mundo!”. Essa foi a frase nada humilde, dita por Ivete Sangalo e mostrada no Fantástico domingo último, quando a cantora iniciou seu show no Madison Square Garden, que é a Meca do show business internacional.

Ivete é talentosa, carismática, divertida, simples e sem estrelismos, e sabe usar a mídia a seu favor como ninguém. A baiana é figura constante de programas das maiores redes de TV do nosso país, Globo e Record. Bateu uma lata, ela está presente. É Faustão, Caldeirão, Teleton, Criança Esperança, Fantástico, entre muitos outros. Mas com a frase que iniciou o citado show, espera-se que não perca a humildade e entre na estrada da soberba, tão comum a artistas no auge do estrelato. Quem segue essa estrada, geralmente desce a ladeira do sucesso.

“A voz dessa cidade sou eu, o canto dessa cidade é meu!”. Essa frase, nada humilde, é da letra de um dos maiores sucessos de Daniela Mercury (e composto pela mesma), lançada há vários domingos atrás, também no Fantástico. Daniela, como Ivete, andou de braços dados com a mídia na época e deslanchou numa carreira internacional. Chegou ao auge da carreira e fazia mais shows fora do que no Brasil. O resultado disso foi a queda vertiginosa do seu sucesso aqui e a saturação de sua carreira no exterior. Mercury entrou na soberba de ser uma estrela internacional, esqueceu seu público local e perdeu espaço. Foi aí que surgiram Ivete, Claudia Leite e afins. Hoje, Daniela tenta correr atrás do tempo perdido, lançando CDs que passeiam por diversos estilos (pop, axé, MPB, eletrônico), querendo agradar a todos e não agradando a ninguém. Daniela nem bloco possui mais no carnaval de Salvador.

A mídia geralmente exagera quando anuncia que determinado artista brasileiro está em carreira internacional. Caetano já disse em entrevistas que isso é ilusório, porque, o público desses shows, na verdade, é formado quase que exclusivamente por brasileiros residentes fora do país. Isso é verdade. Japão e EUA, onde geralmente artistas brasileiros excursionam, possuem imensa quantidade de brasileiros lá morando. São raras as exceções de realmente sucesso internacional: Tom Jobim, Sepultura, Morris Albert, Lenine, João Gilberto. São poucos.

Dizem que a história se repete. Cabe à Ivete observar os acontecimentos, bem próximos dela por sinal, e não permitir que a história se repita. Para o bem dos seus fãs brasileiros. Dentro e fora do Brasi.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A caverna

A CAVERNA - por Moacir Poconé

Sócrates - Agora imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoço acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar à cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.

Glauco - Estou vendo.

O diálogo acima é o início do mito da caverna, descrito por Platão em sua obra A República. Na metáfora, temos a libertação dos homens de um ambiente de escuridão e de ignorância para o caminho da verdade, representada pela luz. São prisioneiros daquilo que não vêem ou que pensam não existir. Acreditam somente num mundo de sombras, refletidas na parede da caverna. E, maior tristeza, não percebem o mundo ao seu redor, pois simplesmente pensam que ele não existe.

Saindo da visão metafórica, em que condições viveria uma pessoa longe da sociedade? Estaria ela numa nova condição, à margem das leis e regras impostas a todos? O radicalismo da situação permitiria exceções? E ainda como suportar o distanciamento dos entes queridos e ainda a privação de comida ou mesmo de ar, elementos básicos de subsistência? Numa paráfrase à resposta de Glauco a Socrátes, é isso que estamos vendo atualmente no Chile.

Trinta e três homens, desde o dia cinco de agosto, estão a setecentos metros de profundidade, presos numa mina de cobre no país andino. Felizmente, já houve contato com a superfície e ao menos recebem água, alimentos e mensagens de seus familiares. Mas as imagens recebidas da “caverna” não deixam de ser aterrorizantes. E se tornam ainda mais ao se saber que o resgate demorará ainda cerca de cem dias. Como sobreviverão todo esse tempo em condições tão precárias? De que forma sairão desse exílio forçado? Se fisicamente estarão debilitados, psicologicamente jamais serão os mesmos. Como saber o que é real ou imaginário? A noção do que se concebe como “normal” certamente não será a mesma.

Se no mito da caverna a busca é pela verdade, no caso dos mineiros chilenos a luta é pela própria vida. Certamente, diversas lições serão tiradas dessa verdadeira experiência pela qual o ser humano jamais passou. Não se pode esperar menos, diante de tanto sofrimento e angústia.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

1.250!

1.250! – por Vicente Bezerra

1.250 é o número de acessos a esse blog até agora. Quando você ler já estará maior que isso. E a figura do “post” é a nossa cara, de espanto. Quando falo nossa, falo por mim e por Moacir Poconé, amigo e escriba deste blog. Nem nas mais altas viagens lisérgicas, ou coma alcoólico induzido, imaginaria chegar a esse número de acessos. E olha que já estou descontando os meus próprios acessos e o de Moacir, que devem ser os 250.

E não para por aí! Há coisa mais incrível: o site blogspot disponibiliza estatísticas para nós, e entre as mesmas consta de onde as pessoas estão acessando, de que país. Embora algumas informações sejam privadas, vamos revelar a vocês. O “Deu na telha!” já foi acessado de sete países! Sete, a conta do mentiroso! Mas não é mentira: além do Brasil, pessoas dos EUA, Canadá, Portugal, Japão (!!??), Alemanha (Ya!) e Espanha também acessaram. Deus sabe lá o que estavam procurando por aqui...

Mas, enfim, são todos bem vindos. Na internet, o mundo fica pequeno e sem fronteiras. Ninguém mais é estrangeiro.

Outro fator interessante de se ver nas estatísticas do blog, é o “post” mais acessado. O troféu vai para “Salvo pelo sino”, de Moacir Poconé. É o sinal dos novos tempos! Com a preocupação ambiental tão em voga e a repercussão do tema, a liderança do “post” é justificada e merecida. Alie-se a isso a contribuição do Google nas pesquisas. O texto de Moacir, acredito, deve ter servido inclusive para ser usado em trabalhos escolares. Não à toa que o chamo de “Mestre”.

Com o acesso e os comentários dos amigos e leitores, surgiu a necessidade de abrir um espaço para colaborações. A “Segunda sem lei” já teve colaborações, e outras estão por vir, segundo alguns já nos falaram pessoalmente. Agora temos enquetes também. Quando acessar o blog, participe.

Então é isso. Estou espantado. No primeiro “post” falei da expectativa de termos meia dúzia de leitores. Falei também que pretendíamos ser abrangentes, mas nos temas. Nunca me passou pela cabeça atingir os mil acessos e muito menos ser lido em outros países. Não imaginava ultrapassar os limites do estado, que dirá o resto do mundo. Meu ego de jornalista frustrado está inflado!

Este “post” é um agradecimento aos leitores. Continuem acessando, comentando, contribuindo. Nos motiva ainda mais.

E, se Jesus com doze seguidores fez o que fez, imagine o “Deu na telha!”, não é Moacir?

“Para o alto, e avante!”