domingo, 26 de dezembro de 2010

O dia da saudade

O DIA DA SAUDADE - por Moacir Poconé

25 de dezembro. Natal. Para muitos, momento de alegria e de confraternização. Mesa farta, presentes, encontro de familiares. Uma festa, enfim. Um momento de celebrar a vida e a amizade. Para outros, porém, momento de tristeza e de reflexão. Tanto que deveria ter outro nome. Deveria se chamar o dia da saudade.

É no dia de Natal que se percebe que aquela pessoa que estava presente à mesa todos os outros anos já não está mais. Percebe-se de modo mais concreto, mais físico a sua falta. Pode ser uma falta temporária (por motivos de viagem, por exemplo) ou a pior de todas, a definitiva. A primeira pode ser amenizada por um telefonema ou, nos tempos de hoje, pelo uso de uma webcam, o que pode de certo modo “trazer” a pessoa para a confraternização. Mas no caso da segunda forma não tem jeito: o vazio será inevitável.

E como fazer para se manter a alegria, a felicidade do encontro na falta daquela pessoa que esteve presente em outros anos? É muito difícil. Acontece até de famílias deixarem de celebrar o Natal, pois o sentimento da dor e da perda supera os outros sentimentos. Nesses casos, não há o dia do Natal. É o dia da saudade. O dia de lembrar momentos vividos, ver fotos antigas, brincadeiras e de sentir a falta daquele ente querido. É a confirmação da frase do grande poeta Olavo Bilac: “Saudade é a presença da ausência de alguém”. Certamente, não há dia no ano em que essa ausência será sentida com maior intensidade. É a cadeira vazia na mesa. É o riso que não se ouve mais. O silêncio que aterroriza e entristece.

Felizes daqueles que comemoram o Natal. Mas que se preparem para viver o dia da saudade, sabendo transformar esse dia num momento de reviver (no sentido literal da palavra) aquele que se ausentou. E o traga, ao menos em sentimento, para celebrar essa data.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Agora quem dá bola é o Santos...e o Palmeiras


AGORA QUEM DÁ BOLA É O SANTOS... E O PALMEIRAS – por Vicente Bezerra

A CBF resolveu, finalmente, reconhecer os títulos brasileiros de 1959 a 1970. Concordo, com uma ressalva, que farei mais tarde. Fez-se justiça histórica com os clubes e com muitos heróis do nosso futebol em sua fase áurea, entre eles Pelé e Tostão.

Os times e a imprensa da época já reconheciam como campeonato nacional, faltava apenas a chancela da CBF. Com isso, Santos e Palmeiras passaram a ter oito títulos brasileiros. Bahia, Cruzeiro, Botafogo e Fluminense também foram reconhecidos. Não conheço um único torcedor do Bahia (torcida que acompanho de perto) que não se considerasse bicampeão brasileiro (59 e 88). Para os tricolores, tal decisão não vai surtir muito efeito.

Também não conheço um único cronista, jornalista, comentarista esportivo que não seja parcial. Desafio quem me aponte um. Todos trabalham com as camisas de seus times por baixo das fardas. E nisso aponto o aclamando Juca Kfouri como exemplo, o paladino da moralidade e da ética no futebol. “Me poupem”. Para Juca, o reconhecimento é inadmissível. Claro, seu Corinthians passa a ser a quarta força paulista, em termos de títulos realmente importantes. Mas entendo a ótica dele. Para o mesmo, Ronaldo sofreu pênalti claríssimo e o campeonato brasileiro de 2005 foi uma lisura só, afinal foi o curingão campeão.

Muitos comentaristas têm ido de encontro a esse reconhecimento, alegando que a fórmula de disputa e o número de clubes não merecem comparação ao campeonato brasileiro. Comparação com qual campeonato brasileiro? Já tivemos diversas fórmulas de dispute e um sem número de clubes participantes. Argumento pobre esse. Segundo essa ótica, a Copa do Mundo de 1930 não deveria ter validade, pois havia 13 clubes, muitos grupos com 3 seleções, e o Uruguai foi campeão realizando 4 jogos. As primeiras Libertadores contaram com 7 equipes, não deveriam valer. Muitos títulos mundiais de clubes não deveriam valer, pois só houve um jogo apenas, enquanto que o Santos, por exemplo, chegou a fazer 3 jogos para ser campeão mundial. Os primeiros campeonatos carioca e paulista (e desconfio que outros estaduais) tiveram seus primeiros campeonatos com três a cinco times em média. Não devem valer também? Já disse, argumento pobre esse. Esses campeonatos reconhecidos, eram o campeonato brasileiro possível de se realizar à época. E não se fala mais disso.

Agora entro na ressalva que falei adiante. Em 67 e 68, a Taça Brasil e o “Robertão” foram disputados no mesmo ano, tendo sido reconhecidos campeões os vencedores dos dois, ficando esses anos com dois campeonatos brasileiros. Nosso futebol é recheado de títulos divididos e esses serão mais um, ou melhor, dois.

Quanto ao fatídico campeonato de 1987, nada resolvido. O Flamengo, vencedor da Copa União (e aí, considera ou não? Não foi outra fórmula, outro nome?) continua na batalha de ver reconhecido o campeonato brasileiro de 87. Também não conheço um único flamenguista que não se ache campeão nesse ano. Surtirá efeito o reconhecimento? Os vascaínos irão sempre protestar. A CBF está proibida judicialmente de fazer tal reconhecimento. Este escriba sugere a divisão do título entre Flamengo e Sport, mas a polêmica será infinita e haverá os que não concordam. Só posso dizer uma coisa: o choro é livre e o freguês tem sempre razão. Não é Flu?

P.S.: Um feliz natal a todos os leitores do blog!

sábado, 18 de dezembro de 2010

Umbora ma, umbora mais eu


UMBORA MA, UMBORA MAIS EU – por Moacir Poconé

Sexta-feira, ensaio geral do pré-caju. Estava lá. Pode parecer estranho, mas não direi os motivos de minha ida. Assunto privado. A noite promete. Muito estilo, muitas irreverência. Faz parte da festa. Logo na chegada, três loiras (seriam mesmo?) chamam a atenção. Parecem deformadas, tamanha falta de equilíbrio entre as partes do corpo. Uma delas está com o seio de fora. Desfila livremente. Alguns riem. Eu me assusto com a cena tão cedo. Que ocorrerá mais tarde, penso. No palco, um cantor desconhecido pergunta enquanto canta: “Você quer picolé? Toma aí seu picolé”.

As pessoas fazem uma verdadeira dança do acasalamento. Tudo coreografado. Muito organizadas as pessoas. Todas fardadas com um pedaço de pano cor de rosa a que chamam abadá. Alguns o usam na mão. Outros sobre outra camisa. Muito estranho. No palco o cantor continua seu repertório de música erótica. Canta algo que insinua uma relação sexual entre a Mulher-Maravilha e o Superman. A galera delira e entoa as letras das canções. Ainda há poucas pessoas. Mas a multidão começa a chegar.

Fim da primeira banda. Intervalo. Ouço a melhor música da noite até agora: “Money for Nothing” do Dire Straits. Acho estranho. É hora da segunda atração. A primeira oficial. Aviões do Forró. O vocalista não para de usar seus bordões. “Solanja”, “Riquelme na batera”. Mulheres seminuas (umas dez pelo menos) quase não têm espaço para dançar (?) no palco apertado. Pelo menos por seis vezes pausas para avisar os próximos shows. Brincadeiras com a platéia que delira. Fecha o pano.

Hora da atração mais aguardada da noite. Chiclete com Banana. O locutor avisa que faltam cinco minutos para o início. Passam-se vinte e nada. A multidão aumenta. Ouço a segunda música da noite até agora: “Fácil” do Jota Quest. Já não posso me virar para todos os lados. À minha frente uma mulher vende balas e chiclete. Acho estranho. Depois de mais uns dez minutos começa o show. Só consigo ficar numa posição. O show de axé começa com um solo desconsertado de guitarra do vocalista Bell Marques do Chiclete. Nizan Guanaes, publicitário baiano, já duvidava dele. Disse que a música baiana era tão falsa quanto o citado vocalista, pois é careca e finge que usa tranças. Ninguém liga pra isso. Ao meu lado, mulheres declamam as belas letras da banda baiana. Sabem todas de cor. Me pergunto se usam a memória para alguma coisa útil.

Uma briga começa à minha esquerda. Me afasto. Uma briga começa à minha frente. Me afasto. Uma briga começa à minha direita. Já não sei aonde ir. O cantor chama a todos de “chicleteiros”. Penso que o sufixo “-eiro” no Brasil remete a profissões, como o padeiro, o pedreiro e o ferreiro. Mas ele insiste. “Quem é chicleteiro aqui, levante a mão”. Eu não levanto. Não sei o que isso significa. Lembro da mulher que vende chiclete. Ela sim é uma chicleteira. Procuro mas já não a vejo. Acho estranho. O show se aproxima do fim. Diversas repetições vocálicas ocorridas, termos africanos usados sem qualquer critério, nada de coerência nas letras. A multidão delira. “Dança, muzenza”, diz o cantor.

Após mais de quatro horas de música e álcool os ânimos começam a esquentar. O rapaz beija a namorada. Duas mulheres se beijam apaixonadamente. Dois rapazes se beijam escancaradamente. Um grupo se beija sincronizadamente. É a diversidade cultural e sexual. Melhor ir embora. Nunca se sabe o que pode acontecer com tanta gente junta ao som de músicas que incitam a essas práticas. Sem preconceitos, mas acho estranho. Muito estranho. Perdi Psirico e Parangolé mas ganhei algumas horas de sono. Aliás, uma dúvida me incomoda: como terá o incrível Parangolé preenchido o tempo de duas horas cantando apenas o Rebolation? Não saberei a resposta.

Pensar que tudo isso não passou de um ensaio. O espetáculo pra valer é em janeiro, no Pré-caju. Pra terminar com mais uma citação do repertório do Chiclete: umbora mais eu?

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Um pouco de poesia


UM POUCO DE POESIA – por Vicente Bezerra

Esse é um lado meu que pouquíssimos, raros, conhecem. Há tempos atrás eu era dado a escrever (ou tentar na verdade) poesias. Um amigo poeta me incentivava. Outro, também poeta, dizia que guardava as poesias na gaveta, para saber se sobreviveriam ao tempo e ao ridículo, após o passar dos dias (talvez meses, anos). Hoje, raramente as escrevo. Na média de umas três por ano. Com o corre-corre desses dias de fim de ano e a falta de inspiração, ressuscito essa, que talvez seja uma das melhores, sem modéstia. Participou de um concurso, o qual eu não assisti pois tinha prova na universidade, e um colega a leu. Sorte ter se classificado. Dedico aos amigos Fábio Ribeiro e Genivaldo Gouveia, os amigos citados acima. Ah, o nome no final, é meu pseudônimo. A foto? Rachel Bilson (a Summer do seriado OC). É uma poesia, concordam?


DOMINGO

Aqui, há léguas de distância
De tudo que lembre um domingo.
Aqui, as horas falam saudade
E as flores cheiram a livro velho.

Na parede, um quadro em carne
É a tênue lembrança do amor.
Devaneio infantil de verão,
Felicidade fútil.

De que adianta o espelho,
Se os anos não dão conta
E o seu reflexo é o ser puro, racional?

Aqui, a léguas de um erro,
Cacos de sangue se juntam.
Em meio à colheita das frutas,
Tua lembrança persegue.

A sinceridade é mordaz.
O desejo, doloroso.
A mentira seria o bálsamo
Do coração ensandecido?

Tolice pensar.
Seu nome traz calma.
A alma reza, ora.
Chora por outro domingo.

(Elias Nolasco)

10ª colocada no concurso de poesia falada de Lagarto, em 2001.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Heráclito, Lulu Santos e Nietzsche: variações sobre um mesmo tema

HERÁCLITO, LULU SANTOS E NIETZSCHE: VARIAÇÕES SOBRE UM MESMO TEMA - por Moacir Poconé

Heráclito de Éfeso foi um filósofo morto quatro séculos antes do nascimento de Cristo. É dele o célebre pensamento de que “um homem não pode se banhar duas vezes no mesmo rio”. É um pensamento que atesta a mutabilidade das coisas. Ao se banhar pela segunda vez, o homem não será mais o mesmo. O tempo terá passado e mudanças terão ocorrido. Nada será como antes. Até o rio também não será mais o mesmo. O fato de o homem ter nele entrado já o transforma. Assim, pensava Heráclito, apresenta-se o mundo: numa constante mutação. Não existem repetições. A regra é a mudança constante de tudo que nos cerca.

“Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará”. Versos muito conhecidos do compositor Lulu Santos na canção Como uma onda. Seguem a mesma linha do pensamento de Heráclito. Tudo muda. “Tudo o que se vê não é igual ao que a gente viu a um segundo”. O tempo é um mero detalhe na transformação das coisas. Nada mais que um segundo basta para que não sejamos mais os mesmos ou para que as coisas que nos cercam se modifiquem. Isso mostra a relatividade do tempo. Importante notar que tais mudanças não dependem de nossa vontade. Elas acontecem e pronto. Embora sejamos elementos ativos desse mundo, suas transformações muitas vezes não nos dizem respeito. Não dependem de nossa vontade para que ocorram. Nossa passividade, nesse caso chega a ser aterrorizante. Embora nossa soberba diga que não, verdadeiramente pouco podemos fazer para evitar as mudanças. Elas simplesmente acontecem. E muitas vezes nem as notamos.

Voltando no tempo em relação a Lulu (ou avançando, em relação a Heráclito) temos no século XIX o pensamento do filósofo alemão Nietzsche que, entre outras brilhantes teorias, apresentou a do Eterno Retorno. Segundo ele, nossas vidas seriam formadas por ciclos repetitivos, que teriam um número limitado de fatos. Assim, não haveria nada de novo. Na verdade tudo estaria acontecendo como sempre aconteceu, porém em forma de ciclos. É um pensamento contrastante em relação aos dois primeiros aqui colocados, obviamente. Mas faz uma indagação que chega a ser cruel: amamos ou não a nossa vida? Teríamos a capacidade de amar a vida que temos, mesmo sendo a única, a ponto de vivê-la da mesma forma infinitas vezes ao longo da eternidade? Seria um dom divino ou uma maldição viver as mesmas dores, alegrias, sofrimentos e prazeres num eterno movimento sem fim?

São pensamentos ou mesmo devaneios sobre esse tema tão apaixonante que é o nosso papel no mundo e como ele se nos apresenta. Há uma inconstância das coisas ou tudo não passa de mera repetição? Quem estará com a razão? Ou ainda: é necessário que se tenha uma razão nisso tudo? Parece que não. Mas se apresenta imprescindível a análise racional do que somos e o que queremos. Somente assim estaremos no caminho que nos leve a alguma resposta a essas questões.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Observando o esporte bretão por esses dias...


OBSERVANDO O ESPORTE BRETÃO POR ESSES DIAS... – por Vicente Bezerra

Seguindo os moldes do meu post anterior, por tópicos, vou tocar em alguns assuntos desta semana no mundo da bola e entrar num território minado de polêmicas: os pontos corridos. Ele por si só daria um post imenso, mas serei breve nesse tema inóspito, porque tenho outros pitacos para dar.

Fluminense – Difícil questionar o título do tricolor. Merecido. Sem muita polêmica de arbitragem ou coisas semelhantes. O Fluminense contratou (e bem) e saltou de virtual rebaixado ano passado (não é Oswald de Souza?) para campeão este ano. Conca, Deco, Fred, Washington, Mariano, pra falar de alguns. Elenco com estrelas e equilibrado. Equilibrado no sentido de que os que não são jogadores consagrados, darem conta do recado, jogando um bom futebol e mantendo a equipe no nível dos estelares. Mas, embora a equipe tenha sido muito boa, não se pode deixar de falar no seu técnico. Muricy Ramalho foi muito questionado se manteria seu nível fora do São Paulo. Questionado também no turbulento período em que foi convidado para a Seleção. Vai ou não vai? Muita gente criticou, mas o tempo e a história responderam e fizeram justiça.

Argentinos – Guiñazu, D’alessandro, Conca, Montillo. Já faz um tempo que o futebol brasileiro tem recorrido ao Mercocul, e sobretudo à Argentina, para reforçar as nossas equipes. E tem dado certo. O jogador argentino tem se adaptado muito bem ao nosso futebol e somado seu talento e garra a ele. Esse ano os maiores destaques, sem dúvida foram Montillo do Cruzeiro e Conca do Fluminense. Montillo já havia aparecido na Libertadores destruindo o time do Flamengo praticamente sozinho e chamando a atenção dos clubes daqui. Meia driblador, finalizador e armador, foi considerado por grande parte da mídia esportiva como o destaque deste brasileirão. Foi uma grande dúvida, afinal, Conca não fica atrás. Conca veio para o Brasil, trazido pelo Vasco, mas a teimosia de Renato Gaúcho, que não concebia uma meiúca com ele e Morais juntos, aliado à falta de pagamentos da gestão Eurico Miranda, o fizeram debandar para o Flu e lá desabrochar. Melhor para os tricolores. Só não dá pra entender a ausência desses dois na seleção argentina. Uma pergunta que não quer calar: se importamos meias talentosos (e argentinos), estaríamos com escassez desse produto no mercado?

Paulo Baier – Esse jogador de 36 anos, para mim, mais uma vez, foi destaque. Jogando no meio ou na lateral, marcou 10 gols nesse brasileirão. Baier é um veterano em atividade, sempre jogando com qualidade e sempre aparecendo no noticiário fazendo seus gols. Volta e meia Léo Batista narra um gol dele e pensamos: “esse cara de novo?” ou “esse cara faz muito gol”. Estranhamente, Paulo Baier sempre rodou por times medianos, do segundo escalão brasileiro, nunca despontando quando esteve em times grandes. Sport, Criciúma, Palmeiras, são alguns dos clubes por onde passou, mas todos lembramos mesmo dele é no Goiás ou no Atlético-PR. Talvez o fato de em quase toda sua carreira jogar fora do eixo Rio-SP tenha prejudicado um reconhecimento maior pela mídia esportiva. Por exemplo, Baier nunca foi convocado pela seleção brasileira, enquanto já houve grandes perebas vestindo a amarelinha. Mozart, por exemplo.

Pontos corridos – Sou contra, não apoio, desconsidero. O Brasil, com mania de europeizar um monte de coisa, resolveu fazer o mesmo no futebol. E futuramente, a longo prazo, nosso esporte preferido vai ficar igual ao campeonato alemão, inglês, espanhol, italiano, francês, etc: só dois ou três times ganham. Aqui a variedade até está maior; por enquanto. Um campeonato sem graça, onde em algumas edições o campeão se dava há zentas rodadas de antecedência, ou quando isso não ocorre, há um entrega-entrega de resultados dos diabos. Não é porque meu time está uma nulidade nos pontos corridos. É porque não tem graça. Justiça? Desde quando futebol e justiça andam juntos? Que nos diga o Maracanazzo e o Sarriá! No “mata-mata” o time que está em décimo, ainda luta por uma vaguinha nas quartas...E agora, luta pra que? Sulamericana? Dizem que essa fórmula é melhor porque a melhor equipe vence, se faz justiça. Ora, se é a melhor, que seja também quando se deparar com os melhores classificados! E não irei falar no aspecto torcida e estádio, porque aí é covardia. O mata-mata é muito mais emocionante. Que graça tem ver uma “final” entre Fluminense e Guarani, em que só um tem interesse no jogo? Atlético-MG, Atlético-PR, Botafogo, Coritiba, Bahia, Guarani, entre outros clubes, nunca serão campeões brasileiros nessa fórmula de disputa. O futuro aponta para que São Paulo e mais uns três (talvez) se revezem na disputa pela hegemonia do nosso futebol. Para os outros times, o troféu consolação: Copa do Brasil.

sábado, 4 de dezembro de 2010

O melhor filme de... Charlie Chaplin


O MELHOR FILME DE... CHARLIE CHAPLIN – por Moacir Poconé

Uma pequena introdução:

Como bem disse meu amigo Vicente Bezerra sou um amante da sétima arte. Não que ele precise me pedir licença para falar sobre o assunto, mas efetivamente gosto e aprecio muito o cinema, com seus grandes filmes, atores e diretores. É uma sensação prazeirosa ao fim de cerca de duas horas notar que se assistiu a um grande filme. O inverso também é verdadeiro. A sensação das horas perdidas com um mau filme é terrível, como devem ter ficado os que assistiram a Pânico na Neve, assunto do post anterior.

Pois bem. Pensando nisso, resolvi criar a seção “O melhor filme de...”. Na primeira sexta-feira de cada mês terei a pretensão de discorrer sobre aquele que considero o melhor filme de determinado ator ou diretor. Claro que deverão surgir (e seria muito bom que surgissem) comentários com outras escolhas. É natural e salutar que existam opiniões diversas. A intenção (pretensiosa mais uma vez) é a de discutir sobre a obra e até mesmo fazer com que alguém a assista por essa indicação. Então, comecemos...

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Charlie Chaplin foi, sem dúvida, o maior ator de cinema de todos os tempos. Foi ator, diretor, produtor, roteirista, dançarino e músico, criando várias trilhas sonoras para seus filmes. Era o tempo em que o cinema era mudo e não havia efeitos especiais, a interpretação do ator tinha um peso muito maior. A prova maior de seu grande talento é a confusão que até hoje as pessoas fazem ao chamar o personagem Carlitos, o vagabundo, de Charlie Chaplin, o nome do ator.

Geralmente, Tempos Modernos ou O Grande Ditador disputam o título de melhor filme de Chaplin. Discordo dessa opinião. O melhor filme de Charlie Chaplin é Luzes da Cidade, comédia romântica lançada em 1931.

O filme conta a história de um vagabundo (Carlitos, obviamente) que conhece uma florista cega. A cena em que ambos se conhecem foi repetida por Chaplin mais de duzentas vezes, tamanha a necessidade de se dar veracidade ao encontro, pois a partir dele é que a florista pensará que se trata de um milionário. Foi necessária muita criatividade fazer isso num filme mudo com uma personagem que é cega. Mas Chaplin resolve o problema genialmente.

O vagabundo permanece fingindo que é rico para a florista. E ela sonha em fazer uma cirurgia nos olhos para voltar a enxergar. No decorrer do filme, o vagabundo salva um milionário bêbado de suicidar-se e se torna grande amigo dele. Infelizmente, o milionário só reconhece o vagabundo quando está embriagado, o que provoca cenas de riso e comoção. Além disso, a florista corre o risco de ser despejada da casa onde mora com sua avó, pois não tem dinheiro para pagar o aluguel. Sensibilizado, Carlitos vai trabalhar como varredor de ruas e até mesmo como lutador de boxe (momentos mais engraçados do filme) para tentar ajudar a amada.

Ocorre que numa de suas bebedeiras, o milionário real dá mil dólares ao vagabundo que vê a possibilidade de pagar o aluguel e a tão sonhada operação para a sua florista amada. Ele fica muito feliz e sai correndo para usufruir do dinheiro, Porém, ao ficar sóbrio, o millionário acusa Carlitos de roubo. Envergonhado, não consegue dizer a verdade à florista. Deixa o dinheiro com a florista e some ainda antes da operação, dizendo que precisa se ausentar. Acaba preso, acusado do roubo. Mas o dinheiro tem a serventia que desejava.

O desfecho do filme é espetacular. A florista, já com a visão restabelecida, é dona agora de uma floricultura. Não sabe quem é o seu amado, responsável pela operação. Apenas imagina ser um milionário, com quem sonha encontrar todos os dias. Nesse momento reaparece o vagubundo. Tendo passado alguns meses na prisão, caminha sem ter para onde ir e pega uma flor na calçada da floricultura, sendo agredido por dois jovens. Vendo aquilo, a moça começa a rir. Carlitos a vê e fica paralisado sem acreditar que reencontrou o seu amor. Ela, claro, não o reconhece. Zomba do vagabundo. E vai lhe entregar uma flor e uma moeda. É quando toca em sua mão. Nesse momento, percebe que se trata de seu grande amor. Ainda confusa, chora, de emoção e arrependimento. A expressão de Chaplin na cena é indescritível, nesse que é considerado por muitos um dos momentos mais marcantes do cinema em todos os tempos e reproduzido na foto acima.

Assim termina Luzes da Cidade. Um filme que resume aquilo que o cinema tem a oferecer de melhor: emoção, graça, amor, risos. Isso tudo mostrado de maneira que o espectador ao terminar de apreciá-lo terá a certeza de ter visto um grande filme. Para mim, o melhor de Charlie Chaplin.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Observando a sétima arte por esses dias...


OBSERVANDO A SÉTIMA ARTE POR ESSES DIAS... – por Vicente Bezerra


Faz um tempo que estava querendo falar sobre alguns filmes aqui, tecer uns comentários, mas não aparecia inspiração para isso. Eis que as coisas foram acontecendo e juntei alguns temas para falar hoje. Peço licença ao companheiro de blog, Moacir Poconé, cinéfilo e profundo conhecedor desta arte, o cinema.

Leslie Nielsen – Essa semana o mundo perdeu um pouco da graça, com a morte de Leslie Nielsen. Aos 84 anos e mais de 100 (!!) filmes, Nielsen ficou mundialmente famoso com sua participação em “Apertem os cintos...”. Para mim, ele surgiu no “Esquadrão de polícia”, uma série que seria o protótipo da franquia “Corra que a polícia vem aí”. O humor escatológico e as paródias foram a marca registrada desse senhor de cabelos completamente brancos e olhos azuis. Outros destaques de Leslie foram “A repossuída”, “Todo mundo em pânico 3 e 4”, “Mr. Magoo”, “Drácula, morto mas feliz”, “2001 um maluco no espaço” entre muitos outros. O cinema perde um grande comediante. Nós, boas gargalhadas.

Bud Spencer – Há tempos rolou o boato na internet da morte de Bud. Bom para nós que só boato. Spencer, hoje com mais de 80 anos, ficou famoso nos anos 70 com filmes de faroeste italiano e nos anos 80 com comédias pastelão, na maioria das vezes em parceria com Terence Hill, dez anos mais novo. Carlo Pedersoli é na verdade o nome de Bud (apelido que adotou por adorar a cerveja Budweiser). Esse italiano foi nadador e disputou as olimpíadas de 1952 e 1956, sendo o primeiro a nadar 100 m em menos de um minuto, ficando famoso mesmo aqui no Brasil, graças à “Sessão da Tarde” e o “Cinema em Casa”. Quem não se lembra do filme do buggy “vermelho com capota amarela”? Muito boas risadas, do gordão barbudo que descia a pancadaria em todo mundo. Esse pequeno texto é para celebrar e relembrar este comediante que muito nos fez rir (hoje em dia não filma mais). Assistamos seus filmes (como os de Leslie também), e celebremos à alegria. Para relembrar, seguem dois links, para ver uma atuação recente de Bud, numa propaganda hilária, bem ao estilo de seus filmes http://www.youtube.com/watch?v=CZyaGA8vS6U e outro junto com os nossos “Trapalhões”: http://www.youtube.com/watch?v=SI22Sot2tiQ

Red – Aposentados e Perigosos – O que esperar de um filme com Bruce Willis, Morgan Freeman, John Malkovich, e de quebra, fazendo uma pequena ponta (como porteiro dos arquivos da CIA), o lendário Ernest Borgnine aos 93 anos? Não poderia ser um filme ruim. E não é. Neste filme o protagonista Bruce Willis é Frank Moses, agente da CIA aposentado, que se vê perseguido pela agência a qual servia, sem saber o motivo. Perseguido, procura a ajuda dos ex-compaheiros, Joe (Morgan Freeman), Marvin (John Malkovich) e Victoria (Helen Mirren) para elucidar o caso. O thriller de ação toma outro rumo quando o personagem Marvin aparece. Malkovich, excelente ator que é, está em mais uma bela atuação. Quando entra em cena, dá ao filme momentos de comédia, retirando-o do lugar comum dos filmes de ação de Bruce Willis. Literalmente, ele rouba a cena. Ainda em cartaz, se puderem não percam, bom filme, boas risadas, bons atores e ainda tem a bela Mary-Louise Parker. Colírio.

Pânico na neve – Ninguém agüenta mais: Pânico, Pânico na selva, Pânico na mata, Pânico na luae etc. Agora o Pânico é em frente à TV, e quem sente é você, vendo este horrendo filme, que está sendo lançado em DVD (infelizmente) depois de não empolgar nos cinemas. Não, não se trata de contrapropaganda, nem de psicologia reversa. Não perca o seu tempo. O filme é ruim, insosso e ridículo. Tanto que irei contá-lo aqui: Um jovem casal e seu amigo estão numa estação de esqui e resolvem usar o teleférico de graça, para isso, enganando o zelador do mesmo, com um motivo qualquer. Claro que esse passeio no teleférico era o último da noite, num domingo, e todo mundo já tinha saído da estação. Claro que o zelador também sai e desliga o teleférico com os três no alto da montanha, no meio do nada, a zentos metros do chão. Pronto. Isso levou 15 minutos do filme. A partir de agora, uma hora e meia de três idiotas numa cadeira suspensa, tentando socorro ou como sobreviver. Um resolve pular, quebra as pernas e os lobos o comem. O outro pula com o esqui, para ser mais rápido, mas os lobos o comem. A terceira, também pula, mas como os lobos estão de barriga cheia, ela chega na estrada, toda arrebentada, consegue carona e se salva. Fim. É tão ridículo que os tópicos ganharam uma fotozinha nesse post, menos este. Fuja.