quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Cutucadas da semana




CUTUCADAS DA SEMANA – por Vicente Bezerra

Já dizia a sabedoria de Zenilton: “mas não cutuca, não futuca, se cutuca dói”. E agora, Sandy pode confirmar. E me vem a pergunta: pra que serve a função “cutuque” no Facebook? Aliás, para que serve o Facebook? (Esse será um tema para um post futuro). O fato é que a grande maioria dos que conheço nessa rede social estava mais preocupado em saber quem matou a Norma do que em quem matou Patrícia Acioli. O crime foi uma cutucada na sociedade. E ainda vejo gente dizer que a mesma “cutucou” onça com vara curta. Onde iremos parar?

Em tempos de crise econômica americana, confusão na Inglaterra, morte de juíza, doença do Gianecchini (tá certo, estou forçando) me vem a revista Época e me elege como personagem da semana o Mário. Não, não é o que te pegou atrás do armário. É o irmão do Luigi. Ainda não sabe? Mário Bros (ou brother, ou super Mário, ou nas horas vagas, mascote do Vasco). O boneco personagem de vídeo games fez 30 anos. E eu tenho mais o que fazer! Joguei a revista fora. Estou quase me arrependendo de tê-la assinado.

Em tempos de liberdade sexual e aceitação da homoafetividade, o Brasil tomou uma cutucada de Sandy, que já havia sido cutucada muito antes. Sandy faz anal! Sua declaração estampou a capa da playboy e ofuscou a já ofuscada Adriane Galisteu (respeito quem acha bonita, mas acho sem sal, sem coentro, sem cebola...). Xororó não gostou. O fato é que a cantora, embora não aparente, tem 28 anos! E convenhamos que hoje em dia uma mulher com 28 anos não é mais virgem nem dos ouvidos. Não entendi a surpresa geral, embora desconfie que tal declaração seja pra reforçar a imagem da garota propaganda daquela cerveja. Quem liga?

E Gadhafi (ou Kadhafi, como prefiro) está balança, mas não cai. Os rebeldes tomaram Trípoli, com ajuda da Otan, que é ajudada por “você sabe quem”, que deveria se preocupar mais com sua economia. Mais um regime ditatorial no oriente está para cair sob o argumento da prevalência da democracia. Lembremos quem botou o talibã no poder, lá no Afeganistão e o resultado disso. E o que teve que ser feito depois. Esperemos que não se troque “seis por meia dúzia”.

E nessa semana descobrimos que o comentarista esportivo tresloucado Chico Lang tem seu equivalente no Rio de Janeiro: Renato Maurício Prado. Renato nunca negou ser flamenguista, e acho que os cronistas esportivos devem revelar seus clubes sim. Mas ele passou dos limites. Após fazer um difícil cálculo matemático ele se deu conta que a convocação de Ronaldinho Gaúcho e seu afastamento do Flamengo iria coincidir com a data do jogo contra o Corinthians. Pronto, foi o que bastou. Renato Maurício Prado enrubesceu, ficou nervoso e soltou diversos despautérios contra Mano Menezes, a quem acusou de tudo, inclusive de desonesto. Não cobro (nem eu nem meio mundo de gente no twitter) imparcialidade do comentarista, mas equilíbrio. Clubismo exacerbado é chato, enfadonho e de pouca credibilidade. Que digam Neto, Lang, Kfouri e tantos outros.

E finalmente findou “Insensata Narração”. E o que me chamou mais a atenção é que pipocaram erros de gravação dessa fase final na net. Norma antes de morrer diz algo como “deixe de bobagem”. No flashback aparece ela dizendo “deixe de besteira”. Pode parecer besteira, mas não é, principalmente pra quem se gaba do “padrão Globo de qualidade”. Há outros erros e o Youtube está aí para não me deixar mentir. Bom ter terminado, porque insensata quem estava ficando era minha paciência. E cutuquemos à vontade. Sempre com camisinha.

domingo, 21 de agosto de 2011

O que você faria por uma cerveja?




O QUE VOCÊ FARIA POR UMA CERVEJA? – por Moacir Poconé

A atual campanha publicitária da cerveja Skol vem causando muita polêmica. Sob o slogan de “Um por todos. Todos por uma”, vemos, numa série de comerciais, um grupo de marmanjos fazendo de tudo para conseguir “resgatar” uma caixa com cervejas da marca. O que pode (e deve) ser questionado é que por trás de uma aparente situação cômica encontramos cenas de verdadeira irresponsabilidade.

No primeiro desses comerciais (e menos ofensivo), os tais marmanjos pulavam de um avião sem paraquedas para salvar a caixa com as cervejas. Como é uma situação incomum, prevaleceu muito mais o lado cômico, até mesmo pelo absurdo da cena. Já no segundo, ressalvas merecem ser feitas. Numa festa junina, vemos a caixa de cervejas “ilhada”, pois começa uma tempestade e raios ameaçam atingir a todos. Eis que os rapazes saem correndo pela chuva, chegam a ser atingidos pelos raios, mas recuperam a caixa e são vistos como heróis, seduzindo até as garotas presentes. Um exemplo que não deve ser seguido por ninguém, devido o número de pessoas que morrem atingidas por raios.

Mas o grande absurdo mesmo é o terceiro comercial da série, que está sendo veiculado hoje em dia. Uma verdadeira obra-prima do mau gosto e da inconseqüência. Mais uma vez o “tesouro” que é a caixa de cervejas está “em perigo”, desta feita no mar. Os rapazes são banhistas que, mesmo alertados pelas placas de que há perigo pois o mar está cheio de tubarões, não pensam duas vezes e se jogam na água. O que se vê depois é algo digno de filme de terror: pessoas com tubarão mordendo-lhe os braços, outras arrastando-se pelo chão somente com a metade do corpo (a outra metade está na boca do tubarão) e outro ainda com o tubarão engolindo sua cabeça. Alguns podem achar exagero, mas é uma verdadeira apologia a como não se comportar em águas perigosas. As estatísticas mostram que em Recife, cidade brasileira que possui o maior número de ocorrências desses ataques, mais de oitenta por cento das vítimas de ataques de tubarões estavam alcoolizadas e não perceberam o perigo que corriam. Como prevenir as pessoas do perigo que correm se tudo é mostrado na televisão como sendo algo engraçado, quando na verdade o assunto merecia uma seriedade muito maior.

Percebe-se que a linha que separa aquilo que é engraçado do mau gosto muitas vezes é tênue. O bom senso deve ser usado para de se distinguir uma coisa da outra. Talvez o excesso de álcool esteja impedindo que os criadores desses comerciais percebam isso.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Os manos do Mano


OS MANOS DO MANO – por Moacir Poconé

A seleção brasileira, num dito processo de renovação, vem acumulando resultados pífios. Não consegue vencer seleções tradicionais do futebol mundial e teve participação muito abaixo da esperada na recente Copa América disputada na Argentina. Além disso, em cada convocação somos surpreendidos por jogadores desconhecidos ou que atuam em times de terceiro escalão da Europa. São os “manos” do Mano.

Diferente da maioria dos treinadores, Mano Menezes possui um empresário. Óbvio que esse empresário não se dedica apenas a cuidar dos interesses do treinador da Seleção Brasileira. Também é responsável por vários jogadores que, coincidentemente ou não, figuram constantemente nas listas de Mano. O empresário se chama Carlos Leite. Começou fazendo carreira nos grandes times que caíram para a Segunda Divisão do futebol brasileiro. Fez isso com o Grêmio, depois Vasco e Corinthians. Para se ter uma ideia, em maio de 2009, quando o Vasco enfrentou o Corinthians pela Copa do Brasil daquele ano, nada menos que onze jogadores do time carioca e seis jogadores do time paulista tinham seus interesses gerenciados por Carlos Leite. Num exemplo mais recente, o Bahia ao montar seu time para a temporada deste ano fez catorze contratações. Dessas, sete tinham vínculo com o empresário. Hoje, acredita-se que ele represente cerca de sessenta atletas de nosso futebol (mais de cinco times inteiros).

O caso de Mano é mais nebuloso. Alguns jogadores muito contestados pertencem ao empresário Carlos Leite. Exemplos do lateral-esquerdo André Santos, dos volantes Lucas Leiva e Elias e do meia Renato Augusto. Além disso, outras negociações parecem pontuar as escolhas do técnico da seleção. Alguns sites noticiam, hoje que a CBF e seu técnico teriam recebido dinheiro para convocar o meia Jadson, jogador até então desconhecido do público brasileiro. Lembrando que esse mesmo jogador foi o camisa dez do Brasil contra a Escócia e titular em um dos jogos do Brasil na Copa América. Outros nomes aos menos “esquisitos” merecem ser lembrados neste primeiro ano de Mano à frente da seleção (não se assuste se você não se lembrar de alguns deles): goleiros – Diego Alves, Gabriel e Neto; laterais-direitos – Mariano e Rafael; volantes – Elias, Henrique, Jucilei, Luiz Gustavo, Ralf e Wesley; meias – Carlos Eduardo, Douglas Costa, Ederson, Fernandinho, Jadson e Renato Augusto. Ao todo foram simplesmente sessenta jogadores diferentes convocados em doze meses de trabalho na seleção, num período em que o Brasil jogou somente treze vezes.

É certo que nada disso se discutiria se o Brasil estivesse bem. Empresários e interesses no futebol sempre existiram e todos nós sabemos que sempre existirão. O problema é que os “manos” do Mano estão com um retrospecto medíocre. Como já dito, são treze jogos em um ano, com seis vitórias, quatro empates e três derrotas. Ganhamos das poderosas seleções dos Estados Unidos, Irã, Ucrânia, Escócia, Romênia e Equador. Perdemos da Argentina, França e Alemanha. Assim, é difícil pensar que algo positivo aconteça nos próximos três anos até a Copa de 2014. A não ser o saldo das contas bancárias daqueles que movimentam esse milionário negócio que se chama futebol.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Tá todo mundo louco, oba!



TÁ TODO MUNDO LOUCO, OBA! – por Vicente Bezerra

“A coisa tá russa”, já dizia minha mãe. Ela e a frase são do tempo em que a Rússia tinha alguma importância no cenário mundial. A frase significa que a “coisa” tá feia, tá “afrodescendente”, enfim, ruim pra caramba. E essa exclamação foi solta após ela assistir aos jornais dessa semana.

Para quem andava meio ocupado ultimamente, ou viajando com o et Bilu, acompanhar o noticiário desses dias foi ver o verdadeiro inferno, o Armagedom (não o filme, porque qualquer coisa com Liv Tyler está longe de ser um inferno). “A coisa está inglesa”, deveria ser dito. O “pau tá comendo” na Inglaterra. Um tiro de um policial em um jovem desencadeou revoltas, saques e todo o tipo de balbúrdia e vandalismo nas ruas de Londres. Já pensou se a população daqui resolve se revoltar a cada tiro dado num inocente? O Brasil parava, aliás, está parado. O menino Juan que nos diga.

A “coisa tá vermelha” no governo Dilma. Vermelha de vergonha. Os ministérios do transporte e do turismo como centrais de corrupção e a presidenta, embora passando o rodo nos cargos, não vem a público dar a cara à tapa, dar uma explicação, uma justificativa. “Nunca antes na história desse país” se via a corrupção tão exposta.

A coisa não está muito boa também para Tio Sam. Outrora riquíssimo, se vendo às voltas para negociar dívidas e vendo sua credibilidade monetária mundial, antes inquestionável, ser abalada. E o medo de uma nova crise nos moldes da fatídica recessão de 1929 está à espreita. Fala-se em juros, em dívida interna e externa, mas o fato é que manter e usar a indústria bélica é muito caro. E tome bolsa a cair. É Nasdaq, Dow Jones, Tokio, Pindamonhagaba, “Oropa, França e Bahia”. Citando um baiano, “alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial”.

Pra completar a onda de sandices, o glorioso clube da estrela solitária dá um “sapeca iaiá” no Vasco, 4 x 0. A torcida alvinegra, que não tem nada com isso, tá “loca” da vida de alegria. Ainda no brasileirão “a coisa” tá invicta. O “exército de um homem só” rubro negro faz excelente campanha e já credencia seu melhor soldado à seleção. Verdade seja dita, quem é “loco” de deixar Ronaldinho de fora, mano? Já nas Laranjeiras quem ficou “loco” foi o Fred, que depois de tomar umas, se viu perseguido por torcedores e disse não ter condições psicológicas de jogar (no Fluminense, na seleção pooode). Ressaca, mania de perseguição ou síndrome do pânico?

Falando em pânico, “a coisa tá verde” pra Dentinho, ex-Corínthians. A beldade masculina foi criar Samambaia na Ucrânia. O Greenpeace agradece. E a novela “Insensato Coração”? Quanta mudança maluca. A coisa tá feia lá no Projac. Eu achava que o insensato era o coração, não o cérebro dos roteiristas. Bom, mas meu companheiro de blog Moacir já esmiuçou esse tema no ótimo post “Insensata Narração”. E ainda me vem Juca Kfouri - com seu tradicional amargor corintiano e pseudo intelectualista – falar mal dos 80 anos do velho lobo, dizendo que o mesmo foi um treinador medíocre. Quem então presta para esse indivíduo? A moda jornalística azeda de criticar por criticar está démodé (vixe que gay) meu caro. Um medíocre, mesmo com sorte, não chegaria onde Zagallo chegou.

Ah, e pra quem deixou o Orkut e foi pro Facebook, prepare-se que a coisa vai ficar “off”. Os Anonymous (lembra deles? Aqueles hackers que usam a máscara do filme V de vingança) prometeram pra dia 05/11 acabar com o Facebook. Os caras são bons. Como não saí do Orkut, tô nem aí, tô nem aííííí...

Pra completar, me aparecem no programa do Jô, Toquinho e Paulo Ricardo (ele mesmo!) lançando cd. Juntos! “Pare o mundo que eu quero descer!”. Amém, Raul!

sábado, 6 de agosto de 2011

O melhor filme de... Clint Eastwood


 O MELHOR FILME DE... CLINT EASTWOOD – por Moacir Poconé

Um dos maiores exemplos (senão o maior) do ator que se reinventou no cinema mundial é o de Clint Eastwood. Tornou-se conhecido nas décadas de 60 e 70 por estrelar faroestes macarrônicos (nome dado pelo fato dos diretores serem italianos), especialmente os dirigidos por Sergio Leone, como Três homens em conflito e Por um punhado de dólares. Notabilizou-se também por dar vida a um dos durões mais famosos do cinema: o detetive “Dirty” Harry, nas décadas de 70 e 80.

Ainda na década de 70, Clint começa a dirigir e produzir filmes, além de fazer a trilha sonora de alguns, já que é um apaixonado por jazz. Com seus dramas carregados de forte teor psicológico, alcança grande aceitação do público e da crítica, tendo ganho inclusive dois prêmios Oscar na categoria “melhor direção”. As pontes de Madison, Sobre meninos e lobos, Os imperdoáveis, A troca e Gran Torino são apenas alguns exemplos dessa nova fase desse verdadeiro astro do cinema que, aos 81 anos, continua em intensa atividade nos sets de filmagem.

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"Se existe magia em lutar além dos limites da resistência, esta é a mágica de arriscar tudo por um sonho que ninguém enxerga, só você".

"Eu conheci o mundo, eu vi as pessoas gritarem meu nome, você acha que alguma vez eu sonhei com isso?" (do filme Menina de Ouro)

A história de um velho treinador de boxe que tem uma péssima relação com sua filha e que se vê praticamente obrigado a treinar uma garçonete já com 31 anos de idade é o fio condutor de Menina de Ouro, grande vencedor do Oscar 2005, com quatro prêmios, incluindo melhor filme, diretor (Clint Eastwood, atriz (Hillary Swank) e ator coadjuvante (Morgan Freeman). O relacionamento inicialmente difícil entre Frankie Dunn (o treinador) e MaggieFitzgerald (a lutadora) se transforma numa estreita relação de amizade, certamente a relação que o amargurado senhor quisera ter com sua filha. Por outro lado, a batalhadora Maggie é uma jovem esperançosa, mas que sofreu ao longo da vida com sua família desprezível e subempregos. Mesmo assim é uma personagem otimista e principalmente perseverante. Não desiste de seus objetivos, ainda que se mostrem utópicos. E luta (literalmente) por ele.

A narrativa é feita, em grande parte, por Scrap, até então o único amigo de Frankie. Scrap é um velho lutador aposentado que mora no ginásio do treinador e que ao contar a história vai também nos deixando suas impressões. É ele, inclusive, que convence o inflexível Frankie a treinar Maggie. Até a primeira metade do filme temos o crescimento da amizade entre as personagens antagônicas e a improvável conquista da lutadora. Tudo parece caminhar para mais um desfecho feliz quando é Eastwood que nos dá um “soco no estômago”, mergulhando vertiginosamente num final depressivo e arrasador, mas que não foge em momento algum da realidade. Certo que essa realidade se mostra dura demais para alguns, mas a vida não é feita apenas de momentos felizes (e os filmes também não).

Menina de Ouro é uma história que possui os mais felizes e os mais trágicos sentimentos que o ser humano pode experimentar: alegria, superação, amizade postas lado a lado com a ingratidão, a tristeza e o sofrimento. Mais que um filme sobre boxe é um filme sobre a condição humana e suas fragilidades. Para mim, o melhor filme de Clint Eastwood.