sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O que está acontecendo com o Rio de Janeiro?


O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM O RIO DE JANEIRO? – por Moacir Poconé

A imagem é semelhante àquelas que vimos após os atentados de 11 de setembro de 2001: pessoas correndo desesperadas, praticamente sendo engolidas por uma imensa nuvem de poeira que avança impiedosamente sobre elas. Depois de alguns instantes, devido ao pó, mal podemos ver os automóveis, homens e mulheres caminham atônitos e uma montanha de entulhos surge onde antes havia três prédios.

Conhecida mundialmente como “Cidade Maravilhosa”, o problema do Rio de Janeiro sempre foi a violência. Dona de uma geografia inigualável no mundo inteiro, a cidade sofria com a atuação dos grupos criminosos, oriundo principalmente das favelas. Essa ameaça foi reduzida após a implantação das UPPs, Unidades de Polícia Pacificadora, através das quais o Estado recobrou o poder antes perdido nas comunidades cariocas.

Mas eis que, de repente, eventos nunca antes vistos começaram a ocorrer na cidade. Primeiro, foram os bueiros que, inadvertidamente, explodiam, levando pessoas, carros, ruas inteiras que estivessem em sua proximidade. No último dia 20, a prefeitura fluminense estimou em 289 (!), o número de bueiros com risco e explosão. Uma verdadeira bomba silenciosa, acionada sem qualquer motivo ou aviso prévio. Depois, vieram as imagens impressionantes da explosão de um restaurante, causada por um vazamento de gás. Coisa de filme de Hollywood.

Agora, a queda de três prédios em pleno centro do Rio. As causas do acidente já são sabidas: uma reforma que se fazia em andares superiores no prédio maior, na qual foram retiradas paredes sem que se fossem levados em conta os riscos que essa malfada ação poderia causar. A reforma não tinha qualquer autorização como também nenhuma fiscalização a proibiu de acontecer. Os prédios eram muito antigos, da década de 20 e de 30 do século passado. Felizmente, a queda se deu à noite, quando um número pequeno de pessoas ainda estavam nos edifícios.

É triste ver uma cidade como o Rio de Janeiro frequentando assiduamente o noticiário policial dos jornais. As imagens do Cristo Redentor e da Praia de Copacabana vêm sendo trocadas pelas das tragédias ocorridas recentemente. Precisamos ter de volta a Cidade Maravilhosa, que encanta o mundo com suas belezas e sua gente feliz.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O melhor filme de... Anthony Hopkins



O MELHOR FILME DE... ANTHONY HOPKINS – por Moacir Poconé

Certamente um dos maiores atores ingleses de todos os tempos, Sir Anthony Hopkins faz sucesso no cinema, teatro e televisão. Seja num papel coadjuvante como em Drácula de Bram Stoker, Chaplin ou Amistad, seja em filmes em que atuou como protagonista como em Vestígios do Dia, Os Amores de Picasso ou Encontro Marcado, Hopkins sempre toma a cena de maneira grandiosa. Antes, nome certo nos chamados “filmes de arte”, hoje participa ativamente de comédias menores ou blockbusters, demonstrando que não tem problemas com o cinema mais popular. Eternizou o personagem Hanibal Lecter, com o qual ganhou o Oscar de Melhor Ator e que depois daria origem a dois outros filmes, porém de menor importância.
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"Um pesquisador de censo tentou uma vez me testar. Eu comi o fígado dele com feijão preto e um bom chianti.".

"Eu queria que tivessemos mais tempo para conversar, mas tenho um velho amigo para jantar.”

    (Dr. Hannibal Lecter, em O Silêncio dos Inocentes)

Um psicopata é entrevistado por uma jovem investigadora do FBI com o objetivo de servir de parâmetro para eu se prenda um outro serial killer que age matando mulheres. Essa é a linha principal de O Silêncio dos Inocentes, um dos três filmes em toda a história do cinema a ganhar os cinco principais prêmios Oscar: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Roteiro. Baseado na obra de Thomas Harris é também o único filme de horror a ganhar o Oscar de Melhor Filme. Hannibal Lecter é considerado pelos críticos do cinema um dos maiores personagens que já houve em filmes. Numa lista feita pela prestigiada revista Empire com os “100 maiores personagens do cinema”, o médico canibal aparece na quinta posição. Muito desse valor se deve, em dúvida, à soberba interpretação de Sir Anthony Hopkins.

O enredo do filme nos traz um embate memorável entre a investigadora/psicóloga (vivida por Jodie Foster) e o preso/psicopata Dr. Hannibal Lecter (imortalizado por Anthony Hopkins), o filme prende tanto pelos momentos de suspense como pela temática psicológica. Hannibal está detido há mais de oito anos, condenado à prisão perpétua por nove assassinatos, seguidos inclusive da prática do canibalismo. Nesse jogo de tensão, Dr. Hannibal fornece elementos para a prisão do serial killer, mas consegue também sua recompensa. A cena final, por exemplo, mostra que nem sempre o bem prevalece sobre o mal.

O Silêncio dos Inocentes nos apresenta um psicopata sem emoções, sem remorsos ou sem desejos. Apenas uma pessoa que busca, usando seus meios, sobreviver. Não há arrependimento, apenas o mal se sobrepõe, absoluto. Um filme para os que não têm nervos sensíveis e buscam fortes emoções, tudo isso arrematado por um enredo inteligente. Para mim, o melhor filme de Anthony Hopkins.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

As águas (e a lama) de sempre


AS ÁGUAS (E A LAMA) DE SEMPRE – por Moacir Poconé

Novo ano, vida nova, tudo novo. Menos as enchentes e tragédias causadas pelas chuvas no mês de janeiro no Brasil. É impressionante como sai ano, entra ano e já sabemos as primeiras manchetes dos jornais. Mortes, desabrigados, pontes derrubadas, doenças e afins. Não se encontra solução e nem explicação para a continuidade desses fatos. Culpa da natureza, de Deus, de São Pedro, é o que dizem os governantes que, como sempre, não sabem, não viram, nem ouviram nada.

Quanto aos governantes, o velho “jogo de empurra” de sempre. O Município culpa o Estado, o Estado culpa o Governo Federal, que, por sua vez, diz que repassou verbas ao Município. Um ciclo verdadeiramente vicioso em que apenas o cidadão vê a água subindo pelas canelas enquanto eles discutem. É a lama que sai da terra e invade os gabinetes municipais, estaduais e federais. Esse ano, destaque para o ilustre Ministro da Integração Nacional, o senhor Fernando Bezerra.

Oriundo do Estado de Pernambuco e apontado nas pesquisas como favorito ao cargo de prefeito de Recife nas eleições desse ano, o citado ministro é alvo de denúncias que parecem ser claras para os leigos, mas que para os políticos recebem mil e uma explicações. O tal Ministério da Integração Nacional é responsável por liberar verbas para que medidas preventivas sejam tomadas nos municípios em que as enchentes são recorrentes. O total de verbas para esse fim autorizadas pelo orçamento foi de 218 milhões de reais. Desse total, O Ministério da Integração Nacional efetivamente liberou apenas 28,9 milhões para todo o Brasil (culpa da burocracia, segundo o Ministro). Desses quase 29 milhões, o Estado de Pernambuco (de onde vem o Ministro, lembrem-se) recebeu 25,5 milhões de reais, ou 90% do valor da verba anti-enchente!

Para se ter uma idéia mais clara (se é que isso é preciso) o Estado do Rio de Janeiro, vítima da maior catástrofe natural que se tem notícia no Brasil, recebeu 0,0 % das verbas, também conhecido como nada. Isso mesmo. Absolutamente nada dos valores destinados à prevenção das enchentes foi repassado ao Rio de Janeiro. Mas o nobre Ministro Fernando Bezerra tenta explicar o inexplicável, dizendo que em momento algum tentou privilegiar o seu Estado (imagine se quisesse...).

O bom mesmo é fazer um revezamento de ministros. Um a cada mês, vindo de cada um dos Estados da Federação, ocupando as diversas pastas. Isso incluindo todos os ministérios. Devem ser uns vinte e sete mesmo, o que daria um pra cada Estado. Um rodízio de desvios e superfaturamentos. Quem sair por último, que apague a luz.