sábado, 25 de fevereiro de 2012

Pesos e medidas




PESOS E MEDIDAS – por Moacir Poconé

Apuração das escolas de samba de São Paulo. Revolta dos presidentes das agremiações. Xingamentos das torcidas. Público nervoso. De repente, invasão à mesa apuradora. Um homem salta e arranca das mãos do locutor envelopes com as notas. Rasga-as. Esconde-as nas calças e sai andando. A polícia age rapidamente. Supressão de documentos: crime inafiançável. É levado à delegacia e após a um centro de detenção. Até ontem ainda se encontrava preso.

Dia de sol em Bertioga, São Paulo. Uma família brinca feliz. Os pais levam a única filha, de três anos, pela primeira vez à praia. A câmera registra a felicidade da garotinha. De súbito, o choque. Um jet-ski avança sobre a areia e atinge a menina. É atendida com urgência, mas não resiste. Quem pilotava a embarcação era um menor de 14 anos. Foge para a casa de familiares. Não se apresenta à delegacia. Especialistas dizem que dificilmente será preso.

As duas situações acima descritas aconteceram no último carnaval. Causa estranheza a todos o desenrolar dos fatos. Parece que, para a legislação e seus cumpridores, é mais grave destruir envelopes do que a vida de pessoas. Por que será que uma ação tão mais grave e perversa certamente não trará punições a seu infrator?

Conjecturas são feitas. Talvez pelo fato de quem pilotava o jet-ski fosse um menor de idade. Um adolescente de quatorze anos não tem consciência de seus atos? A família do adolescente é de classe alta. A justiça não é igual para todos? Não houve filmagem do ato em si, como no caso das escolas. Imagem é tudo? Não há milhões de reais envolvidos, como os que se gastam nos desfiles. Só o dinheiro importa?

São diversas as incógnitas presentes nos casos. Respostas? Encontre-as quem conseguir.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Polícia para quem precisa


POLÍCIA PARA QUEM PRECISA – por Moacir Poconé

Carnaval chegando e eis que surge uma nova modalidade de crime: o sequestro em massa da população. Ao que tudo indica, milhões de pessoas serão mantidas em cárcere privado, por medo de sair às ruas ou ir às cidades em que a festa momesca é maior, como Salvador e Rio de Janeiro. As polícias destes Estados cruzaram os braços e fazem das exigências um verdadeiro pagamento de resgate para o fim da situação.

A greve é um instrumento legítimo para a classe trabalhadora buscar melhores condições de vida. Os salários dos policiais em todo o Brasil, via de regra, são baixos, isso não se discute. Discutível é a forma como se dão os fatos: invasão da Assembleia Legislativa de Salvador e consequente quebra-quebra da coisa pública, conchavos nos bastidores com políticos interessados nas próximas eleições, atentados nas ruas e intransigência. Independente de qualquer resolução local, os grevistas querem uma conquista nacional: a aprovação da PEC 300, proposta de emenda constitucional que cria um piso nacional para todos os policiais. E forçam os legisladores a aprovarem essa emenda de qualquer forma, anunciando uma greve geral das polícias em praticamente todos os Estados.

A população se vê no meio de um fogo cruzado. Houve aumento de 140% no número de homicídios na Bahia nos últimos dias. O comércio está fechado, escolas públicas não voltaram às aulas e o turismo vê um grande número de pacotes para o Carnaval ser cancelado. Já no Rio de Janeiro, embora o governo tenha se adiantado e aprovado um pacote de aumentos salariais até o ano de 2013, houve deflagração da greve na última quinta-feira, embora a adesão não esteja como na capital baiana. Mas já se veem riscos para o carnaval fluminense. Os líderes desses movimentos circulam pelos Estados, incitando a violência e cobrando dos seus companheiros a mesma atitude. Transformam-se em verdadeiros marginais, pegos em flagrante em conversas exibidas nos meios de comunicação, planejando ataques a caminhões ou deixando a greve ser usada como instrumento político.

Veremos os desdobramentos dessa conjuntura. Teremos uma onda de greves por todo o país (como se anuncia) ou o governo federal começa a agir e impede que isso ocorra? Enquanto isso, ficamos a mercê de bandidos, fardados ou não, numa insegurança que assusta e que nos prende.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O melhor filme de... Julia Roberts


O MELHOR FILME DE... JULIA ROBERTS – por Moacir Poconé

Pode chamá-la de “rainha das comédias românticas”. Esse é o gênero em que brilha Julia Roberts, por muitos anos a atriz mais valorizada de Hollywood e que acabou ficando com esse estigma de que só faz filme “água com açúcar”. Não é verdade. Embora realmente seja o que marca sua obra, Julia já brilhou em filmes como Closer – Perto Demais, Erin Brockovich (oscar de melhor atriz), Onze Homens e Um Segredo, Doze Homens e Outro Segredo, Lado a Lado e Jogos do Poder, que não podem ser incluídos nessa lista. Mas certamente é pelas atuações em Tudo Por Amor, O Poder do Amor, O Casamento de Meu Melhor Amigo, Noiva em Fuga, Um Lugar Chamado Notting Hill e Comer Rezar Amor que todos lembram da atriz americana de 44 anos, de beleza e talento irreparáveis.

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"As lojas nunca são gentis com pessoas. Elas são gentis com cartões de crédito.".


Diálogo entre Edward e Vivian
Edward: ''Poucas pessoas me surpreendem''.
Vivian:  "Você tem sorte. A maioria me choca''.
                                                  (do filme Uma Linda Mulher)


Um conto de fadas moderno, sem o menor pudor em reviver clichês de todas as histórias de amor: assim é Uma Linda Mulher, o filme que lançou Julia Roberts ao estrelato.

O encontro casual entre o milionário Edward (vivido por Richard Gere) e a prostituta Vivian (encarnada por Julia Roberts) transforma-se aos poucos numa bela história de um casal apaixonado, mas sem deixar de discutir a discriminação que as mulheres da chamada “vida fácil” enfrentam da sociedade. A narração, quase que beirando o fantástico (no sentido da impossibilidade de acontecer), dá ao filme o real sentido deo que pretende: diversão da melhor forma, sem interesses intelectualistas. Torcemos por Vivian e Edward finalmente se entenderem, pois o contraste inicial entre personagens aparentemente tão díspares se desfaz devido à química dos atores. A trilha sonora é outro elemento a ser destacado, com a música-título do filme “Oh, Pretty Woman” interpretada por Roy Orbison, além de outro grande sucesso do grupo Roxette “It Must Have Been Love”.

A paixão da dupla principal passa por todas atribulações de filmes desse tipo: encontro – desencontro – encontro final. Tudo de forma simples, mas muito bem feita, especialmente a cena final, com a busca de Edward por Vivian. Inesquecíveis também as cenas cômicas, de Vivian fazendo compras em lojas de luxo ou das suas dificuldades para se comportar em eventos sociais da alta sociedade.

Curioso que o filme correu o risco de não ser realizado, pois os produtores não acreditavam que uma heroína prostituta alcançasse o sucesso das bilheterias. Puro Engano. O filme foi (e ainda é) um sucesso. Para mim, o maior filme de Julia Roberts.