sábado, 28 de abril de 2012

As cotas são legais



AS COTAS SÃO LEGAIS – por Moacir Poconé

O Supremo Tribunal Federal decidiu essa semana que a adoção do sistema de cotas raciais para ingresso em Universidades públicas não fere a Constituição. Por unanimidade. É a democratização do ensino superior brasileiro.

Mais do que as cotas raciais, as cotas sociais são necessárias para os estudantes brasileiros. Pessoas com menos condições financeiras inegavelmente têm menos condições de se preparar para um vestibular do que aqueles que dispõem de mais recursos. E a maneira de medir essa condição que mais se aproxima da ideal é a utilizada por faculdades que possuem cotas para os estudantes de escola pública. Alguns se levantarão e dirão que o mau ensino público é culpa do governo e que agora os estudantes de classe média e alta pagam por isso. Mas temos de pensar nos benefícios da medida. A estratificação social é um mal e tem de ser removido de nossa sociedade. O Estado precisa promover, pelo menos, a possibilidade das pessoas melhorarem sua condição. E isso começa a acontecer.

Via-se antes uma inversão: pessoas com boas condições financeiras estudavam toda a vida em escola particular para no nível superior ir à faculdade pública. Os menos favorecidos estudavam em colégios públicos e, no nível superior, desdobravam-se para pagar o que nem tinham em faculdades particulares. Pior ainda em cursos considerados de elite (em todos os aspectos) como Medicina e Direito. Não se viam alunos oriundos de escola pública. E os preços exorbitantes de faculdades particulares impediam o ingresso dos estudantes pobres nesses cursos. De modo que o sonho (ou a vontade) de se tornar um médico, advogado ou engenheiro era negado não apenas pelo desempenho do aluno, mas pela falta de condições de seus pais.

“Tratar os iguais de maneira igual e os desiguais de maneira desigual, à medida que se desigualam”. Esse é o conceito de justiça para o célebre pensador brasileiro Ruy Barbosa. Foi isso que o Supremo Tribunal Federal considerou essa semana. Não se trata de preconceito ou favorecimento. Mas de um tratamento desigual para indivíduos que possuem grandes diferenças entre si. Nada mais justo.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Muito demo para pouco Brasil



MUITO DEMO PARA POUCO BRASIL – por Moacir Poconé

O fragmento de texto abaixo foi escrito pelo primeiro grande poeta brasileiro, Gregório de Matos, não à toa chamado de o “Boca do Inferno”:

Juízo anatômico dos achaques que padecia o corpo da República em todos os membros, e inteira definição do que em todos os tempos é a Bahia.

Que falta nesta cidade?... Verdade.

Que mais por sua desonra?... Honra.

Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.


O DEMO a viver se exponha,

Por mais que a fama a exalta,

Numa cidade onde falta

Verdade, honra, vergonha.


A notícia do envolvimento do senador Demóstenes Torres em um forte esquema de corrupção causou surpresa a todos. O nobre parlamentar portava-se até então como paladino da justiça, figura idônea da oposição no Congresso Nacional. Descobriu-se, através de escutas telefônicas, que nada mais era do que uma “secretário de bicheiro”, como bem definiu o jornalista Marcelo Tas. Prestava serviços dos mais diversos que o cidadão possa imaginar ao contraventor goiano Carlinhos Cachoeira. Em seguida, soube-se que outros deputados e senadores goianos pertenciam ao mesmo esquema.

Os versos de Gregório de Matos são do século XVI. Criticam a condição da Bahia naquele tempo. Nos dias de hoje o cenário é mais amplo. A corrupção cobre todo o Brasil. Nesse caso específico, parece sair do Brasil Central e se alastrar por todo o resto do país. Mas dúvida não resta: é um mal que assola nosso país e prejudica aspectos mais básicos da população necessitada. É ela sempre a que mais sente as ações nefastas dos corruptos e vê, em seu dia-a-dia, os efeitos que as ações criminosas causam nos cidadãos comuns.

Voltemos aos versos do poeta baiano, tão antigos e tão atuais. Senão, vejamos. O “demo” da poesia é o capeta mesmo, o tinhoso, redução da palavra demônio. Demo poderia ser também apelido do senador Demóstenes. Uma forma carinhosa (e apropriada) de abreviar seu nome. Seu partido: Democratas. Forma abreviada? Demo. Com tanto demônio à solta, só poderiam faltar no Brasil a verdade, a honra e a vergonha, como assinala o último verso da poesia. É muito demo para pouco Brasil.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O melhor filme de... Robin Williams




O MELHOR FILME DE... ROBIN WILLIAMS – por Moacir Poconé

Um ator que sofreu no início de sua carreira o preconceito por vir da televisão e por ser comediante, mas que se tornou prestigiado e reconhecido com o passar dos anos. Famoso por filmes em que interpreta personagens extremamente motivadores, Robin Williams continuou fazendo sucesso na comédia, mas incorporou como ninguém personagens dramáticos de grande qualidade nas telas do cinema. É famoso ainda por sua habilidade em imitações e em fazer vozes engraçadas e também por seu tipo de humor considerado muitas vezes “politicamente incorreto”. Indicado várias vezes ao Oscar como melhor ator ou ator coadjuvante, tem apenas um prêmio: pela interpretação em Gênio Indomável. Merecia mais. Atuou em grandes filmes como Bom dia, Vietnã; Tempo de Despertar; O Pescador de Ilusões; Patch Adams; Amor Além da Vida; O Homem Bicentenário e O Som do Coração. Participou ainda como a voz de diversos personagens em famosas animações como Aladdin, Robôs e Happy Feet. Um ator versátil e que traz sempre em sua maneira de atuar a certeza de um grande espetáculo ao público.

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"Carpe diem. Aproveitem o dia, meninos. Façam de suas vidas uma coisa extraordinária.".

"Não lemos e escrevemos poesia porque é bonitinho. Lemos e escrevemos poesia porque somos membros da raça humana e a raça humana está repleta de paixão. E medicina, advocacia, administração e engenharia, são objetivos nobres e necessários para manter-se vivo. Mas a poesia, beleza, romance, amor… é para isso que vivemos.”

  (Prof. John Keating, em Sociedade dos Poetas Mortos)

Academia Welton, 1959. Uma tradicional escola apenas para rapazes. O rigor e a disciplina fazem parte do dia-a-dia acadêmico. A tradição impera sobre todos. É nesse cenário opressivo que surge o novo professor de Literatura, o sr. John Keating. Ex-aluno da Welton, ele logo se destacará por suas maneiras um tato quanto inadequadas aos padrões da escola. Porém, não se trata de apenas um professor excêntrico. Keating fará com que os jovens comecem a pensar, a refletir sobre suas vidas e que se tornem donos de seus destinos. Ou seja, fará uma revolução na mente e no comportamento de jovens, transformando-os em verdadeiros seres humanos.

Indicado a quatro Oscars em 1990 (melhor filme, melhor diretor, melhor ator – Williams e melhor roteiro original, tendo ganho somente esse último), Sociedade dos Poetas Mortos traz na mensagem latina Carpe Diem a sua essência: aproveitem o dia. Essa máxima lança nos jovens alunos o desejo de viver, de arriscar. Logo, os alunos da Welton veem no professor um líder a ser seguido, mesmo que se frustrem expectativas familiares ou normas da escola. É quando descobrem que o sr. Keating se reunia com amigos no tempo em que era estudante, realizando sessões secretas numa caverna abandonadas, nas quais se ouviam músicas, liam-se poesias, falavam de paixões. Era a Sociedade dos Poetas Mortos, que dá título ao filme.

Muito mais que um filme que trata da relação professor/aluno, temos uma obra que discute a fugacidade da vida. A ideia de que é preciso aproveitá-la, pois, como diz o sr. Keating, logo “seremos adubo de cemitério”. Um filme com uma profunda mensagem de amizade e de luta contra a opressão. Para mim, o melhor filme de Robin Williams.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Segunda sem lei - Por que querer se matar se a única certeza do ser humano é a morte?


POR QUE QUERER SE MATAR SE A ÚNICA CERTEZA DO SER HUMANO É A MORTE? - por Camila Silva Santos*

Não se sabe ao certo o que passa na cabeça das pessoas que fazem parte do mundo e quais são suas expectativas de vida, sua vontade de viver, que pode ser imensa ou até mesmo mínima.

Os seres humanos vivem cercados de desafios, que devem ser superados e quando não superados se tornam uma bola de neve, que a qualquer momento pode descer e vir a atingir quem menos espera . Mas o que tem a ver bola de neve, com tentar se matar?

Tem a ver que nós, seres humanos, não aguentamos tanta pressão e muitas vezes deixamos que essa pressão misturada com angústia, medo, desilusões, raivas, junte-se ao nosso cotidiano e formem janelas killer (janelas doentias da mente). Quando não tratadas, podem gerar um estrago enorme, tirando a vida de pessoas que amamos. De pessoas que usam o trabalho para poder se esconder de todas as suas angústias, mas chega um momento do dia que você se depara sozinho, que se remexe na cama toda e acorda assustado, dizendo:

- Poxa não tem ninguém aqui comigo .

E você começa a perceber que a solidão se torna cada vez mais insuportável e a hora que você mais percebe isso é a noite, quando você entra em sua casa, fecha a porta e percebe que você tem quase tudo, menos a pessoa amada ali ao seu lado.

Mas é muito fácil julgar, chamar de burro, besta; mas é muito difícil se perguntar: por que ele fez isso? Ninguém talvez poderá saber jamais o que levou um ente querido a querer tirar a própria vida. Porém, não é julgando que vamos ajudar. É dando atenção fazendo tratamentos com especialistas, parando de criticar e começar a agir, para podermos ver o resultado e ver a força de vontade que o paciente vai querer ter.

E se não for fácil? Na vida é tudo que vem fácil, vai fácil. E nada na vida é conquistado com facilidade. Quando é, fica sem graça. Mas o importante mesmo é nunca desistir. Não deixe para reparar o erro, quando morrer, pois ai já será tarde.

Tudo na vida tem jeito, mas na morte especialista nenhum vai poder ressuscitar um paciente seu.

* Camila Silva Santos, estudante do 2º ano do ensino médio, gosta muito de visitar os amigos, de ler nas horas vagas e de escrever o que dá na telha.

Os textos da "Segunda sem lei" são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião dos criadores deste blog.