segunda-feira, 14 de abril de 2014

Espetáculo das seis



Surpreendente. Esse seria um dos adjetivos cabíveis à primeira semana da nova novela das seis da Rede Globo, Meu Pedacinho de Chão. Uma verdadeira obre de arte, numa direção primorosa do conceituado diretor Luiz Fernando Carvalho, que tem em seu currículo obras como Renascer, Os Maias, Hoje é Dia de Maria e A Pedra do Reino.

O autor da novela é Benedito Ruy Barbosa e, na verdade, trata-se de uma inspiração em novela de mesmo nome. Meu pedacinho de chão foi ao ar na própria Rede Globo em 1971 e foi a primeira novela nessa faixa de horário na emissora carioca. O autor, porém, avisa que não se trata de uma refilmagem. Somente os nomes de personagens e locais se repetirão. Tratará de assuntos que, na época, a censura não permitiria. Entretanto, a grande novidade nessa versão é a atmosfera lúdica e teatral que foi concebida para o folhetim. As cores, o cenário, o figurino e, especialmente, a interpretação dos atores fogem ao padrão que o espectador encontra nas obras desse gênero que é, sem dúvida, o mais popular no Brasil. Algo parecido já se viu em séries ou minisséries, mas, numa novela, trata-se de algo inédito. 

Outra novidade é o elenco. Muito pequeno, com apenas vinte atores. Número muito menor que o de minisséries. São nomes de primeira linha. Antônio Fagundes, Osmar Prado, Rodrigo Lombardi, Juliana Paes, Bruna Linsmeyer são apenas alguns nomes de destaque. Como também o ator pernambucano Irandhir Santos, renomado no cinema e que faz sua estreia nas novelas como o pistoleiro apaixonado Zelão. Um primor de interpretação. A trama é extremamente atual: a opressão dos poderosos em relação às classes menos favorecidas. Tudo contado de forma sucinta: serão somente cerca de cem capítulos. Amor, humor e drama são os demais componentes, numa caprichosa produção que a crítica especializada já trata como um dos grandes acontecimentos nos últimos tempos na televisão. 

Está aí o grande perigo para a excepcional novela. Todo universo ficcional, certamente encontrará resistência por parte do público mais conservador. Muitos poderão achar a novela infantil ou fora da realidade, com suas galinhas mecânicas, seu cavalo de madeira ou personagens que nunca mudam de roupa. Ou simplesmente que é colorida demais (como se isso fosse um defeito).  São apenas elementos de um mundo de fantasia, que querem levar o espectador a uma viagem à Vila de Santa Fé, local onde se desenrola a trama. Um convite para conhecer personagens fantásticos, dotados de características surreais.  Uma pena que num mundo extremamente realista as pessoas estejam cada vez mais racionais, não deixando espaço em suas mentes para a maravilha que é a imaginação.
Surpreendente. Esse seria um dos adjetivos cabíveis à primeira semana da nova novela das seis da Rede Globo, Meu Pedacinho de Chão. Uma verdadeira obre de arte, numa direção primorosa do conceituado diretor Luiz Fernando Carvalho, que tem em seu currículo obras como Renascer, Os Maias, Hoje é Dia de Maria e A Pedra do Reino. O autor da novela é Benedito Ruy Barbosa e, na verdade, trata-se de uma inspiração em novela de mesmo nome. Meu Pedacinho de Chão foi ao ar na própria Rede Globo em 1971 e foi a primeira novela nessa faixa de horário na emissora carioca. O autor, porém, avisa que não se trata de uma refilmagem. Somente os nomes de personagens e locais se repetirão. Tratará de assuntos que, na época, a censura não permitiria. Entretanto, a grande novidade nessa versão é a atmosfera lúdica e teatral que foi concebida para o folhetim. As cores, o cenário, o figurino e, especialmente, a interpretação dos atores fogem ao padrão que o espectador encontra nas obras desse gênero que é, sem dúvida, o mais popular no Brasil. Algo parecido já se viu em séries ou minisséries, mas, numa novela, trata-se de algo inédito. Outra novidade está no elenco. Muito pequeno, com apenas vinte atores. Número muito menor que o de minisséries. São nomes de primeira linha. Antônio Fagundes, Osmar Prado, Rodrigo Lombardi, Juliana Paes, Bruna Linzmeyer são apenas alguns nomes de destaque. Como também o ator pernambucano Irandhir Santos, renomado no cinema e que faz sua estreia nas novelas como o pistoleiro apaixonado Zelão. Um primor de interpretação. A trama é extremamente atual: a opressão dos poderosos em relação às classes menos favorecidas. Tudo contado de forma sucinta: serão somente cerca de cem capítulos. Amor, humor e drama são os demais componentes, numa caprichosa produção que a crítica especializada já trata como um dos grandes acontecimentos nos últimos tempos na televisão. Está aí o grande perigo para a excepcional novela. Todo universo ficcional, certamente encontrará resistência por parte do público mais conservador. Muitos poderão achar a novela infantil ou fora da realidade, com suas galinhas mecânicas, seu cavalo articulado ou personagens que nunca mudam de roupa. Ou simplesmente que é colorida demais (como se isso fosse um defeito). São apenas elementos de um mundo de fantasia, que querem levar o espectador a uma viagem à Vila de Santa Fé, local onde se desenrola a trama. Um convite para conhecer personagens fantásticos, dotados de características surreais. Uma grande metáfora da vida real. Uma pena que, num mundo extremamente realista, as pessoas estejam cada vez mais racionais, não deixando espaço em suas mentes para a maravilha que é a imaginação.Como Perder barriga
Surpreendente. Esse seria um dos adjetivos cabíveis à primeira semana da nova novela das seis da Rede Globo, Meu Pedacinho de Chão. Uma verdadeira obre de arte, numa direção primorosa do conceituado diretor Luiz Fernando Carvalho, que tem em seu currículo obras como Renascer, Os Maias, Hoje é Dia de Maria e A Pedra do Reino. O autor da novela é Benedito Ruy Barbosa e, na verdade, trata-se de uma inspiração em novela de mesmo nome. Meu Pedacinho de Chão foi ao ar na própria Rede Globo em 1971 e foi a primeira novela nessa faixa de horário na emissora carioca. O autor, porém, avisa que não se trata de uma refilmagem. Somente os nomes de personagens e locais se repetirão. Tratará de assuntos que, na época, a censura não permitiria. Entretanto, a grande novidade nessa versão é a atmosfera lúdica e teatral que foi concebida para o folhetim. As cores, o cenário, o figurino e, especialmente, a interpretação dos atores fogem ao padrão que o espectador encontra nas obras desse gênero que é, sem dúvida, o mais popular no Brasil. Algo parecido já se viu em séries ou minisséries, mas, numa novela, trata-se de algo inédito. Outra novidade está no elenco. Muito pequeno, com apenas vinte atores. Número muito menor que o de minisséries. São nomes de primeira linha. Antônio Fagundes, Osmar Prado, Rodrigo Lombardi, Juliana Paes, Bruna Linzmeyer são apenas alguns nomes de destaque. Como também o ator pernambucano Irandhir Santos, renomado no cinema e que faz sua estreia nas novelas como o pistoleiro apaixonado Zelão. Um primor de interpretação. A trama é extremamente atual: a opressão dos poderosos em relação às classes menos favorecidas. Tudo contado de forma sucinta: serão somente cerca de cem capítulos. Amor, humor e drama são os demais componentes, numa caprichosa produção que a crítica especializada já trata como um dos grandes acontecimentos nos últimos tempos na televisão. Está aí o grande perigo para a excepcional novela. Todo universo ficcional, certamente encontrará resistência por parte do público mais conservador. Muitos poderão achar a novela infantil ou fora da realidade, com suas galinhas mecânicas, seu cavalo articulado ou personagens que nunca mudam de roupa. Ou simplesmente que é colorida demais (como se isso fosse um defeito). São apenas elementos de um mundo de fantasia, que querem levar o espectador a uma viagem à Vila de Santa Fé, local onde se desenrola a trama. Um convite para conhecer personagens fantásticos, dotados de características surreais. Uma grande metáfora da vida real. Uma pena que, num mundo extremamente realista, as pessoas estejam cada vez mais racionais, não deixando espaço em suas mentes para a maravilha que é a imaginação.Como Perder barriga

sábado, 5 de abril de 2014

Duplo estupro



O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) divulgou uma pesquisa que provocou fortes reações por parte da sociedade. Segundo o Instituto (que é um órgão governamental) nada menos que 65% das pessoas entrevistadas concordavam que mulheres que usam roupas que mostrem o corpo mereceriam ser atacadas.

As manifestações de repúdio ao alarmante dado ocorreram não apenas em nível nacional, mas também mundial. Jovens posaram com parte do corpo exposto em redes sociais e com a legenda "Não mereço ser estuprada". Claramente, a pesquisa colocava a "culpa" pelo estupro na vítima, como se o estuprador tivesse sido provocado por suas roupas e atitudes. Muito mais que um ato de violência e covardia, estaríamos diante de uma situação em que o criminoso não atacaria, caso a vítima não o incitasse a fazê-lo.

Passada uma semana de fortes debates, eis que o IPEA divulga que houve erro na divulgação da referida pesquisa. Simplesmente, o percentual de 65% era na verdade de 26%. Um erro de quase pontos percentuais. Teria havido um erro em relação a uma outra pergunta constante no questionário feito. A pergunta seria "Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar?". As duas perguntas fazem parte de um trabalho intitulado Tolerância social à violência contra as mulheres, composto de 41 perguntas, que pretende mostrar como anda o preconceito ligado ao gênero no Brasil. Ressalte-se que há outros pontos alarmantes, como a concordância de 58,5 dos entrevistados com a afirmativa de que "se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros". Esse último dado foi ratificado pelo instituto.

Lamentável perceber que um instituto federal tenha cometido erro tão grosseiro. Ou, pior ainda, pensar se esse erro foi realmente acidental ou se há algum interesse em tal conteúdo. A pergunta tinha cunho somente sociológico ou esconderia a maldita justificativa de o ato violento ter acontecido? Outro ponto condenável é o de se aceitar o  novo percentual por ser mais baixo, considerando que "somente" 26 entre 100 pessoas colocariam a culpa na mulher estuprada pelo uso de suas roupas. É eximir da culpa os verdadeiros responsáveis, criminosos da pior espécie que são. É condenar a mulher pelo estupro, ou seja, estuprá-la mais uma vez, agora na sua integridade moral.