segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Circo de horrores





O lamentável acidente que vitimou o presidenciável Eduardo Campos e mais membros de sua equipe, além da tripulação do jatinho em que viajavam, iniciou um verdadeiro circo de horrores que há muito tempo não se via no Brasil.

Um dos meios para que se desse tal famigerado espetáculo foi a internet. Pessoas inescrupulosas fizeram circular, nas redes sociais, textos que merecem aplausos somente pela inventividade que apresentam, porque o conteúdo é próximo ao desprezível. Querem ligar de toda forma o fatídico evento ocorrido em Santos ao Governo Federal, fazendo acusações descabidas de que o avião de Eduardo Campos teria sido derrubado a mando da Presidente Dilma, criando uma série de teorias da conspiração que mais parece saída de um filme de Hollywood. Nesse ponto, a criatividade está em unir pontos que não possuem qualquer ligação plausível, não se esquecendo, claro, de introduzir falsas notícias para que se tenha uma ideia de credibilidade. Isso sem falar nas inúmeras imagens de restos mortais ou de corpos carbonizados que seriam das mencionadas vítimas. Tudo falso como uma nota de três reais.

Falsas também se mostraram certas pessoas no velório do ex-governador de Pernambuco. A comoção que se esperava diante da tragédia foi substituída por selfies ou fotos tendo por cenário de fundo o caixão de Eduardo Campos. A falta de respeito das pessoas em geral e dos políticos foi visível, com risadas, cumprimentos efusivos e, certamente, conversas acerca do novo cenário eleitoral que ora se apresenta. Pesquisas eleitorais começaram a ser realizadas nas ruas um dia após o acidente, mesmo ainda sem se ter a confirmação do substituto de Eduardo Campos. Lógico que a vida continua, mas certamente não eram esses o momento e local para recomeçar o jogo. 

O fato é que numa campanha eleitoral morna esse foi, sem dúvida, um divisor de águas. Teremos ainda o uso de todos esses tristes fatos pelos candidatos, especialmente no horário eleitoral gratuito que começa no dia 18. Espera-se que haja mais respeito em relação às mortes da última semana. O Brasil precisa discutir projetos sérios e o povo escolher seu presidente por sua capacidade administrativa e não por meio da emoção decorrente de um acontecimento tão lastimável.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O melhor filme de... Robin Williams





Um ator que sofreu no início de sua carreira o preconceito por vir da televisão e por ser comediante, mas que se tornou prestigiado e reconhecido com o passar dos anos. Famoso por filmes em que interpreta personagens extremamente motivadores, Robin Williams continuou fazendo sucesso na comédia, mas incorporou como ninguém personagens dramáticos de grande qualidade nas telas do cinema. É famoso ainda por sua habilidade em imitações e em fazer vozes engraçadas e também por seu tipo de humor considerado muitas vezes “politicamente incorreto”. Indicado várias vezes ao Oscar como melhor ator ou ator coadjuvante, tem apenas um prêmio: pela interpretação em Gênio Indomável. Merecia mais. Atuou em grandes filmes como Bom dia, Vietnã; Tempo de Despertar; O Pescador de Ilusões; Patch Adams; Amor Além da Vida; O Homem Bicentenário e O Som do Coração. Participou ainda como a voz de diversos personagens em famosas animações como Aladdin, Robôs e Happy Feet. Um ator versátil e que traz sempre em sua maneira de atuar a certeza de um grande espetáculo ao público.

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"Carpe diem. Aproveitem o dia, meninos. Façam de suas vidas uma coisa extraordinária.".

"Não lemos e escrevemos poesia porque é bonitinho. Lemos e escrevemos poesia porque somos membros da raça humana e a raça humana está repleta de paixão. E medicina, advocacia, administração e engenharia, são objetivos nobres e necessários para manter-se vivo. Mas a poesia, beleza, romance, amor… é para isso que vivemos.”

  (Prof. John Keating, em Sociedade dos Poetas Mortos)

Academia Welton, 1959. Uma tradicional escola apenas para rapazes. O rigor e a disciplina fazem parte do dia-a-dia acadêmico. A tradição impera sobre todos. É nesse cenário opressivo que surge o novo professor de Literatura, o sr. John Keating. Ex-aluno da Welton, ele logo se destacará por suas maneiras um tato quanto inadequadas aos padrões da escola. Porém, não se trata de apenas um professor excêntrico. Keating fará com que os jovens comecem a pensar, a refletir sobre suas vidas e que se tornem donos de seus destinos. Ou seja, fará uma revolução na mente e no comportamento de jovens, transformando-os em verdadeiros seres humanos.

Indicado a quatro Oscars em 1990 (melhor filme, melhor diretor, melhor ator – Williams e melhor roteiro original, tendo ganho somente esse último), Sociedade dos Poetas Mortos traz na mensagem latina Carpe Diem a sua essência: aproveitem o dia. Essa máxima lança nos jovens alunos o desejo de viver, de arriscar. Logo, os alunos da Welton veem no professor um líder a ser seguido, mesmo que se frustrem expectativas familiares ou normas da escola. É quando descobrem que o sr. Keating se reunia com amigos no tempo em que era estudante, realizando sessões secretas numa caverna abandonadas, nas quais se ouviam músicas, liam-se poesias, falavam de paixões. Era a Sociedade dos Poetas Mortos, que dá título ao filme.

Muito mais que um filme que trata da relação professor/aluno, temos uma obra que discute a fugacidade da vida. A ideia de que é preciso aproveitá-la, pois, como diz o sr. Keating, logo “seremos adubo de cemitério”. Um filme com uma profunda mensagem de amizade e de luta contra a opressão. Para mim, o melhor filme de Robin Williams.
Publicado originalmente em 06 de abril de 2012.