O Estádio Paulo Barreto de Menezes, o Barretão, está com os
seus dias contados. Aquele que foi o palco das maiores conquistas e decepções
do futebol de Lagarto será vendido, demolido e, em seu lugar, certamente se
erguerá algum prédio comercial. A promessa da construção de um novo estádio logo
foi colocada como condição para a venda, mas o fato é que nunca mais veremos um
jogo de futebol no Barretão.
Sentimento semelhante se deu, guardadas as devidas proporções,
à grande reforma por que passou o mais famoso estádio brasileiro, o Maracanã,
para receber jogos da Copa do Mundo de 2014. Muita modernidade, muita
tecnologia, mas a magia do velho Maracanã (é o que dizem) se perdeu. E vejam
que se tratou de uma reforma e não a demolição e construção de um novo estádio.
Ainda pior para nós. Por mais que se dê o mesmo nome, teremos um outro estádio
sem qualquer relação com o anterior. Os racionais dirão que assim é melhor,
pois o velho Barretão está em local indevido, não tem segurança e outros muitos
problemas. Mas a razão não pertence às características de um torcedor. O
verdadeiro torcedor terá saudade da geral, das arquibancadas de cimento até
mesmo do sol que castiga um lado da torcida no início da tarde. E todo conforto
que hoje as chamadas “arenas” possuem parecerá somente algo estranho a seu
universo de fanatismo e emoção.
Tudo isso pode soar como saudosismo, mas para aquele que
acompanha os jogos será triste sentar para assistir ao jogo e não recordar das
façanhas dos famosos esquadrões esmeraldinos, que há décadas emocionaram e
ainda hoje emocionam o apaixonado e sofrido torcedor lagartense. Quantos gols foram comemorados, quantos outros
foram perdidos, quantas defesas salvadores e até mesmo quantas confusões
ficaram eternizadas. Tudo agora não passará de uma mera lembrança daqueles que
puderam viver esses momentos. O consolo que resta é que deixará o risco de ser
um torcedor nômade, como ocorrido esse ano, em que teve que acompanhar o
Lagarto mandando seus jogos em cidades como Simão Dias e Itabaiana, diante do
descaso que se abateu sobre o nosso antigo estádio.
Por fim, só nos resta homenagear esses seus últimos dias,
uma vez que o fim parece mesmo inevitável, lembrando das glórias que ali
tivemos. Como dizia o escritor alemão Goethe: “O que passou, passou. Mas o que
passou luzindo, resplandecerá para sempre”. Que assim seja com as lembranças do
velho Barretão.