PESOS E MEDIDAS – por Moacir Poconé
Apuração das escolas de samba de São Paulo. Revolta dos presidentes das agremiações. Xingamentos das torcidas. Público nervoso. De repente, invasão à mesa apuradora. Um homem salta e arranca das mãos do locutor envelopes com as notas. Rasga-as. Esconde-as nas calças e sai andando. A polícia age rapidamente. Supressão de documentos: crime inafiançável. É levado à delegacia e após a um centro de detenção. Até ontem ainda se encontrava preso.
Dia de sol em Bertioga, São Paulo. Uma família brinca feliz. Os pais levam a única filha, de três anos, pela primeira vez à praia. A câmera registra a felicidade da garotinha. De súbito, o choque. Um jet-ski avança sobre a areia e atinge a menina. É atendida com urgência, mas não resiste. Quem pilotava a embarcação era um menor de 14 anos. Foge para a casa de familiares. Não se apresenta à delegacia. Especialistas dizem que dificilmente será preso.
As duas situações acima descritas aconteceram no último carnaval. Causa estranheza a todos o desenrolar dos fatos. Parece que, para a legislação e seus cumpridores, é mais grave destruir envelopes do que a vida de pessoas. Por que será que uma ação tão mais grave e perversa certamente não trará punições a seu infrator?
Conjecturas são feitas. Talvez pelo fato de quem pilotava o jet-ski fosse um menor de idade. Um adolescente de quatorze anos não tem consciência de seus atos? A família do adolescente é de classe alta. A justiça não é igual para todos? Não houve filmagem do ato em si, como no caso das escolas. Imagem é tudo? Não há milhões de reais envolvidos, como os que se gastam nos desfiles. Só o dinheiro importa?
São diversas as incógnitas presentes nos casos. Respostas? Encontre-as quem conseguir.