Em julho do ano passado, essa foi a pergunta que mais se fez
no Brasil. Onde estaria Amarildo, o servente de pedreiro que no dia 14 de julho
desapareceu, após ser detido por policiais militares na Favela da Rocinha. O
caso se tornou famoso mundialmente, exemplo de violência policial e até hoje
não teve solução.
Quase um ano depois, os brasileiros fazem a mesma pergunta: “Onde
está o Amarildo?” Claro que não se trata
do mesmo assunto. Estamos num campo bem mais ameno do que os problemas de
segurança que assolam o país. A pergunta é feita no futebol, alegria e sofrimento
dos milhares de brasileiros que têm a honra de sediar a Copa do Mundo. A
fatídica entrada do jogador colombiano Zuniga retirou da competição nosso maior
astro, Neymar. E a história se mostra como apaziguadora dos ânimos mais
pessimistas.
Chile, 1962. Pelé já era nosso maior jogador, tendo sido
campeão em 1958. Logo, no segundo jogo contra a Thecoslováquia, Pelé se machuca
e não tem mais condições de entrar em campo no restante da Copa. Ele é substituído
por Amarildo, jogador do Botafogo, de apelido “O Possesso”, que seria decisivo
na conquista de nosso bicampeonato ao marcar três gols, dois deles na difícil
vitória de virada contra a seleção da Espanha. Percebam que o Amarildo de 1962
substituiu nada menos do que o Rei do Futebol e não apenas nosso maior jogador.
Sem esquecer que a participação de Garrincha naquele ano foi tida como extraordinária.
Em 2014, no Brasil, quem será o nosso Amarildo? Quem dentre
aqueles escolhidos por Felipão terá a capacidade de substituir à altura nosso
principal jogador? Ainda não se sabe, mas a certeza é de que é nessas ocasiões
que as grandes seleções aparecem. Jogaremos contra a temível Alemanha na
terça-feira pelas semifinais. Mais do que o pessimismo inicial com a terrível
notícia de ontem à noite, temos que ter o otimismo de ver a história se
repetir. Partiremos para o título, como em 1962, com o aparecimento de um novo
Amarildo.
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