CINEMA DE FASES – por Moacir Poconé
É interessante como o Cinema Brasileiro é composto por
fases. Parece que os diretores, produtores e roteiristas elegem certa temática
como “a do momento”. E somos todos obrigados (quem gosta do cinema nacional,
claro) a assistir filmes que teimam em tratar do mesmo assunto, com uma ou outra
mudança aqui e ali.
Entre as décadas de 30 e 60 tivemos o auge das chanchadas,
filmes que tendiam ao humorístico e que teve nos estúdios da Atlântida a sua
principal referência. Na década de 60 e 70 os “filmes-cabeça” de Glauber Rocha
confundiam o público que sequer entendia o que o diretor baiano queria com o
seu Cinema Novo.
As décadas de 70 e 80 são marcadas por filmes de elevado
teor erótico. Trata-se de uma característica tão marcante que até hoje esse
estigma permanece. Não é raro ouvir pessoas, com certo preconceito, dizendo que
não gostam de filme brasileiro porque “tem muita safadeza”. Isso três décadas
após esse tipo de filme alcançar sua maior popularid
Na década de 90, a denominada “retomada” trouxe a revisão de
certas cenas históricas e o surgimento de filmes psicológicos. E tome crítico
explicando ao espectador o que tal personagem queria dizer com aquela frase ou
ainda por que o diretor enquadrou a cena daquela forma.
Na década passada, outro fenômeno. Dessa vez, de crítica e
de bilheteria. Primeiro, os “filmes de favela”. O cinema nacional praticamente
tornou-se refém desse tipo de filme, sempre num mesmo cenário: o subúrbio
carioca. Violência, linguagem vulgar e até o surgimento de heróis hollywoodianos
saltaram da tela grande.
Atualmente, temos assistido a uma profusão de filmes de
comédia. Costumou-se termos sempre um trailer propagando “o filme mais
engraçado do ano”. Roteiros arrastados, erotismo em alta, personagens
superficiais são os ingredientes desse tipo de filme. O público enche as salas,
agradecendo uma trama superficial e de fácil entendimento. Filme que não serve
para pensar.
Bom seria se tivéssemos em cada época uma mistura dos
gêneros acima tratados. Pelo menos, haveria diversidade, opção para o amante da
sétima arte. Infelizmente, não é isso que ocorre. E a sensação que dá é a de estarmos
vendo o mesmo filme várias vezes.
Grande Mestre!
ResponderExcluirGostaria de fazer uma intervenção. A última década viu comédias em profusão sobretudo pela produção da Globo Filmes, impondo ao país filmes sempre com o mesmo viés cômico, alguns até cópia de comédias "sessão da tarde" hollywoodianas (se eu fosse você, divã, por exemplo), sempre protagonizados por atores globais e contando com propaganda em seus programas (vídeo show, Faustão e excrescências televisivas). Fica-se sem ter como fugir, porque os filmes "alternativos", o são por demais, alguns a ponto de serem ininteligíveis, além da pouca qualidade geral dos mesmos.
Vicente Bezerra
Concordo em gênero, número e grau. Grande abraço! Moacir Poconé
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