A VITÓRIA DA NOVELA - por Moacir Poconé
São muitos os gêneros narrativos. Crônica, conto e romance
são os mais conhecidos. O contar de uma história vem chamando a atenção desde o
século XIX, quando Joaquim Manuel de Macedo publicou, ainda em forma de folhetim,
aquele que é considerado o primeiro romance brasileiro: A Moreninha. A história
adocicada do amor entre Augusto e Carolina arrebatou os corações da elite
carioca, emocionando as poucas leitoras da época.
O tempo passou e os textos escritos já não causam tanta
comoção como em séculos atrás. O advento de técnicas audiovisuais desvia o
público das páginas do livro tradicional. Não à toa, o cinema e a televisão
possuem bem mais repercussão do que obras escritas em geral, salvo as exceções
dos best sellers. Até mesmo a internet, mídia bem mais nova, com seus vídeos
curtos encontra em si mesma caminhos para alcançar visualizações que beiram os
milhões de acessos. Isso em dias. É um fenômeno irreversível. Devido a isso, a
arte tem deixado as páginas dos livros e se transferido para as telas tanto do
cinema como da televisão (ou mesmo dos computadores).
No Brasil, ocorre um fenômeno cultural que as chamadas
pessoas “cultas” teimam em fechar os olhos. É a vitória da novela televisiva
como forma de manifestação literária. Certamente, por se tratar de um objeto
massificador, muitos acreditam que se trata apenas de uma forma de
entretenimento, não possuindo qualidades artísticas. Ora, como negar a
capacidade narrativa de um autor em manter por seis, sete meses a atenção de
milhares de pessoas numa mesma história? Personagens complexos vêm sendo
criados, elementos técnicos como figurino, cenário, iluminação são trabalhados
com esmero. Atores e atrizes se destacam encarnando personagens que passam a
fazer parte da memória coletiva. A população repercute as cenas, imita as falas
das personagens, copia seus figurinos. Cidades chegaram a parar como no último
capítulo da novela das nove, a já emblemática Avenida Brasil.
Óbvio que existem boas e más produções. Mas também existem
bons e maus livros. Afinal, a história a ser contada é que tem que ser boa.
Seja ela escrita ou filmada. Seja veiculada em ambiente acadêmico ou na casa
das pessoas. A qualidade de uma boa narrativa não deve se prender ao veículo ou
ao local. Deve, sim, cativar as pessoas. E isso a novela televisiva faz há
muito tempo.
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