Nos últimos dias, parece que entramos numa máquina do tempo.
Fomos levados, do dia para a noite, aos anos de 1960. Década histórica, em que
a opressão e a tirania exerciam seus tentáculos sobre as pessoas no Brasil.
Em nosso país, no ano de 1964, ocorria o golpe dos
militares, que duraria longos 25 anos. Período de absoluto terror, em que a
liberdade de expressão e garantias constitucionais desapareceram mediante a
publicação dos chamados atos institucionais. Um dos eventos que antecederam a
esse triste período de nossa história foi a chamada “Marcha da família com deus
pela liberdade”, realizada no dia 19 de março. O ato contra o presidente da
época, João Goulart, foi uma reunião de grupos sociais como o clero, empresários,
políticos e pessoas em geral, que pediam a saída do presidente, acusado de
comunista. Chegaram a reunir mais de um milhão de pessoas, tendo sido
realizadas 49 marchas ao total. Marcou o apoio de parte da população à retirada
de Jango do poder, o que foi determinante para o golpe militar deflagrado em
1º. de abril de 1964.
Passados 50 anos, um grupo de conservadores vai reeditar a
famigerada “Marcha”, com a intenção declarada de se opor à condução da política
econômica do governo Dilma. Afirmam, dentre outras coisas, serem contrários a
uma tentativa de o Brasil se tornar uma Venezuela, alegando um excesso de
interferência do governo, além de realizarem protestos contra a corrupção.
Falta de segurança e de educação de qualidade não poderiam faltar no rol das
lamentações. Enfim, não parecem ter uma pauta definida, e sim, a vontade de
modificar “no grito” o que se estabeleceu democraticamente.
Prisões indevidas, torturas, assassinatos
e pessoas que até hoje estão desaparecidas parecem não ter ocorrido em nosso país para os
organizadores da tal “Marcha”. Qualquer ato ou manifestação que, de alguma
forma, apoie o que os militares fizeram deveriam ser repreendidos veementemente
por todos. O passado histórico precisa ser lembrado e usado para evitar o pior
no futuro, como bem disse o grande Miguel de Cervantes, em sua obra-prima D.
Quixote: "A história é testemunha do passado, exemplo do presente,
advertência do futuro".
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