Roubos de celulares em plena luz do dia. Roubos de motos. Agressões.
Tiros nas ruas. Invasões a residências. Assaltos a lotéricas e academias de
ginástica. Assassinatos até dentro de igreja. Só quem tem muita coragem está
saindo de casa na cidade de Lagarto. Quem não tem, que fique preso. Em sua
própria casa.
A violência contra o cidadão lagartense chegou a níveis jamais
imaginados. Antes, o fato de morar numa cidade promissora do interior sergipano
era sinal de tranquilidade em relação à capital, Aracaju. Pessoas conversavam
até mais tarde, com cadeiras nas calçadas. As pessoas podiam usufruir de seus
bens sem preocupação em escondê-los. Os comerciantes tinham outras preocupações
como as baixas vendas, mas não com a segurança. Uma moto ou um carro eram
motivos de orgulho para o trabalhador que conseguia comprá-los e não motivo de
preocupação. Vivia-se, enfim, num ambiente de tranquilidade.
Hoje, raras são as casas em Lagarto que não possuem cerca
elétrica. Portões fechados, com muros altos e até câmeras de segurança. O
cidadão de bem está preso. Esconde-se atrás das paredes com medo dos marginais.
Não encontra do Poder Público a resposta que gostaria de ter ou o motivo por
que paga tantos impostos. As ruas da cidade já em torno de 22:00 horas estão
bem mais vazias. Ninguém quer se arriscar. Não temos a quem recorrer em caso de
perigo. Estamos à mercê de nossa própria sorte (ou azar). Chegou o tempo do “cada
um por si”. Tempos tristes esses em que vivemos...
Alegria mesmo só para aqueles que não estão presos. Sim,
eles existem. Podem sair livremente sem medo algum. A qualquer hora, seja dia
ou noite. Não temem perigo algum. Não há ameaça. Circulam tranquilamente pela
cidade, buscando uma oportunidade, um vacilo (como eles dizem), dos otários
(que somos nós). Estão soltos e, para eles, nossa cidade e sua insegurança são um
paraíso. Pois é. Nem todos estamos presos.
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