O lamentável acidente que vitimou o presidenciável Eduardo
Campos e mais membros de sua equipe, além da tripulação do jatinho em que
viajavam, iniciou um verdadeiro circo de horrores que há muito tempo não se via
no Brasil.
Um dos meios para que se desse tal famigerado espetáculo foi
a internet. Pessoas inescrupulosas fizeram circular, nas redes sociais, textos
que merecem aplausos somente pela inventividade que apresentam, porque o
conteúdo é próximo ao desprezível. Querem ligar de toda forma o fatídico evento
ocorrido em Santos ao Governo Federal, fazendo acusações descabidas de que o
avião de Eduardo Campos teria sido derrubado a mando da Presidente Dilma,
criando uma série de teorias da conspiração que mais parece saída de um filme
de Hollywood. Nesse ponto, a criatividade está em unir pontos que não possuem
qualquer ligação plausível, não se esquecendo, claro, de introduzir falsas
notícias para que se tenha uma ideia de credibilidade. Isso sem falar nas
inúmeras imagens de restos mortais ou de corpos carbonizados que seriam das mencionadas
vítimas. Tudo falso como uma nota de três reais.
Falsas também se mostraram certas pessoas no velório do
ex-governador de Pernambuco. A comoção que se esperava diante da tragédia foi
substituída por selfies ou fotos tendo por cenário de fundo o caixão de Eduardo
Campos. A falta de respeito das pessoas em geral e dos políticos foi visível,
com risadas, cumprimentos efusivos e, certamente, conversas acerca do novo
cenário eleitoral que ora se apresenta. Pesquisas eleitorais começaram a ser
realizadas nas ruas um dia após o acidente, mesmo ainda sem se ter a
confirmação do substituto de Eduardo Campos. Lógico que a vida continua, mas
certamente não eram esses o momento e local para recomeçar o jogo.
O fato é que numa campanha eleitoral morna esse foi, sem
dúvida, um divisor de águas. Teremos ainda o uso de todos esses tristes fatos
pelos candidatos, especialmente no horário eleitoral gratuito que começa no dia
18. Espera-se que haja mais respeito em relação às mortes da última semana. O
Brasil precisa discutir projetos sérios e o povo escolher seu presidente por
sua capacidade administrativa e não por meio da emoção decorrente de um
acontecimento tão lastimável.