Estar
presente numa lista pode ser motivo de alegria ou de tristeza, dependendo do conteúdo
que o rol possa apresentar. O fato é que a lista normalmente não fica restrita
àquele que dela faz parte. Sua publicidade é uma de suas principais
características, tornando-a do conhecimento de todos assim que divulgada.
Comecemos
pelas listas que trazem satisfação a seu componente. Haverá alegria maior a um
jovem (e seus familiares) que fazer parte de uma lista de aprovados num
vestibular ou num concurso público? O nome do candidato é procurado avidamente,
significando uma mudança de vida ou um futuro promissor. E ao ser localizado,
há uma explosão de felicidade, conjugada com o alívio pela conquista alcançada.
Ainda no campo das “boas listas” há também as famosas na História, como a
cinematográfica “Lista de Schindler”, na qual constavam os nomes de judeus que
seriam salvos pelo alemão Oskar Schindler, em plena Segunda Guerra Mundial. Foi
uma lista que significou para muitos a própria vida.
Mas, como
dito, há as listas nas quais ninguém gostaria de estar. São temidos os anúncios
de grandes empresas que, nas crises econômicas, divulgam relações de empregados
demitidos. Ficaram famosas, anos passados, as imagens das folhas de papel
pregadas nos muros de fábricas, com os nomes das pessoas. Encontrar o seu ali, trazia,
certamente, um misto de tristeza e preocupação com o futuro. Outro exemplo de lista
negativa é aquela divulgada quando há mortos em acidentes. Familiares ficam na compreensível
expectativa de não encontrar o nome do ente querido na mórbida relação. Para a
pessoa que dela faz parte, é o fim de tudo. A lista final.
Essa
semana mais uma lista já se tornou famosa. Foi batizada com o nome de seu divulgador.
“A lista do Facchin”, numa referência ao ministro do Supremo Tribunal Federal
Luiz Edson Facchin. Num país um pouco mais sério, seria uma hecatombe de
proporções inimagináveis. Aqui, teve certo impacto, mas não tão avassalador
como deveria. Toda a cúpula política do Brasil sob alvo de inquérito, investigada
sob acusação de recebimento de propina da empreiteira Odebrecht. Oito ministros, vinte e quatro senadores, trinta
e nove deputados federais, três governadores, e mais uns outros tantos que não
possuem foro privilegiado. Estar nessa lista causou apreensão a seus integrantes,
que logo se apressaram em desfazer de tal documento. São divulgadas notas de
esclarecimento, justificativas, textos nas redes sociais. Mas não adianta. A
publicidade inerente à lista já fez seus estragos, independente da culpa ou não
do indivíduo.
Daí se
percebe que mais importante que os seus desdobramentos é a lista por si só. Ela
que ficará para a posteridade. Ao se consultar, daqui a anos, os nomes dos
envolvidos, lá estarão todos. Como vale também o oposto: não estar presente servirá
como atestado de honestidade. Do que se fez dela, pouco importa. A lista é
absoluta. Para o bem ou para o mal.