AVENIDA
BRASIL – por Moacir Poconé
Uma novela sem arrodeios, sem as chamadas “barrigas”, verdadeiros
exercícios de paciência ao telespectador, pois faz com que a história
literalmente não ande. Assim é a novela das nove, Avenida Brasil, do autor João
Emanuel Carneiro.
Carneiro já havia feito sucesso em suas outras novelas. Primeiro,
as das sete Da Cor do Pecado e Cobras e Lagartos, memoráveis exemplos de como
se contar uma história e campeãs de audiência naquele horário. Depois, já nas
novelas das nove, escreveu A Favorita, marcada por revelar quem realmente era a
vilã e a mocinha somente no capítulo 56, algo antes nunca feito. Antes disso, o
autor fez sucesso nas telonas, especialmente com o premiadíssimo Central do
Brasil, do qual foi o roteirista.
O grande mérito desse novo autor é desatar logo os nós das tramas,
sem deixar apenas para a última semana que todas as complicações se resolvam,
como num passe de mágica. Além disso, seus personagens não são maniqueístas,
pois, como todo ser humano real, têm algo de bom ou de ruim (nem sempre na
mesma medida, claro). Nesse sentido, já havia se tornado célebre o
herói/malandro Foguinho em Cobras e Lagartos. Dessa vez, é a mocinha mocinha
(Rita/Nina) que tem atitudes típicas de uma vilã, embora possa justificar seus
atos como uma resposta ao passado. Vale tudo pela vingança que pretende impor a
sua inimiga Carminha, mesmo que para isso tenha de renunciar a seu grande amor
de infância. Em outros pontos, temos o hilário bígamo (ou seria trígamo?) e sua
impossível vida tripla e os bastidores do futebol, dentre outras histórias
paralelas que prendem a atenção daqueles que acompanham o folhetim.
Sem muita pirotecnia ou polêmica, Avenida Brasil vem alcançando
excelentes índices de audiência com aquilo que toda novela merece ter: uma boa
história a ser contada. Nesse caso, a história da órfã abandonada num lixão por
sua madrasta e que anos depois volta para se vingar. Simples assim. Mas contado
de forma engenhosa e cheio de reviravoltas se transforma num delicioso prato de
emoções a ser consumido nos sete ou oito meses em que estará no ar.
Para agradar a gregos e troianos, mexe com futebol; e pra segurar o telespectador refere-se ao rubro-negro, pois o folhetim das sete tem um vascaíno. Junte-se a isso uma trilha sonora que coloca no liquidificador Marisa Monte, Seu Jorge, Maria Rita e até Rita Lee + muita porcaria musical. Sensacional mesmo é a fotografia cinematográfica da novela.
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