Quem estava na abertura da Copa, em São Paulo, representando
o país-sede não era Dilma Roussef. Era muito mais que ela. Era um símbolo do
Brasil. Era o nosso maior mandatário, eleito democraticamente pelo povo e que
naquele momento representava nossa nação. As vaias fazem parte do jogo, pois
como dizia Nelson Rodrigues “Em campo de futebol, se vaia até minuto de
silêncio”. Já os xingamentos com frases como “Ei, Dilma, vai tomar no c...”,
demonstram a bestialidade desses indivíduos que comemoraram quando o Brasil foi
escolhido como sede da copa e puderam estar ali no estádio, porque o povão
mesmo não tem acesso à Copa da Fifa.
Os impropérios daqueles que o colunista Juca Kfouri chamou de “elite branca, que tem dinheiro,
mas não tem um mínimo e educação, civilidade ou espírito democrático” mostram a
incoerência de quem se lambuza no prato oferecido por sua vítima. Josias de
Souza, outro colunista do UOL, afirmou sobre o mesmo fato: “(..) Porém, ao evoluir do apupo para o
palavrão, a classe média presente ao Itaquerão exorbitou. Mais do que uma pose
momentânea, o presidente da República é uma faixa. Xingá-la significa ofender a
instituição”. Até mesmo o presidenciável Aécio Neves, rival de Dilma, veio às
redes sociais demonstrar sua indignação com o comportamento das pessoas
presentes no Estádio, embora que num primeiro momento os tenha apoiado.
Já no segundo dia de Copa, tivemos o brasileiro e lagartense
Diego Costa estreando na competição com a camisa da Espanha. As vaias,
certamente, eram esperadas. Mas o que se viu foi uma verdadeira perseguição ao
atacante. Cada toque na bola, cada corrida em direção ao lance, eram
acompanhados de uma vaia tão poderosa que parecia ser uma indignação. Apenas
parecia. Não havia ninguém verdadeiramente indignado. Na verdade, uma campanha
articulada pelo técnico do Brasil, Felipão, foi devidamente bancada pela
imprensa, tornando o lagartense o mais novo inimigo do povo brasileiro. Para os
que não pensam, um prato cheio para demonstram sua ignorância, forjada pela
mídia sensacionalista.
Já no segundo tempo de jogo, ao ser substituído, vieram os
xingamentos; “Diego, viado”, gritava a turba ensandecida. O que teria feito de
tão grave o jogador para receber tal tratamento? A resposta: escolheu o país
que o recebeu de braços abertos, onde fez toda sua carreira e em que viu a possibilidade
de realizar o sonho de todo jogador de futebol, que é jogar o Mundial. Na
seleção brasileira, não tinha qualquer garantia, sequer se seria convocado. Na seleção
espanhola, é titular. Quem não faria o mesmo?
Dois dias de Copa do Mundo. Um presidente da república e um jogador
de futebol execrados sumariamente em público. Pessoas que pagaram caro para estarem ali e
que não representam a sociedade brasileira, mas sim uma elite que se julga além
do bem e do mal. O que mostra que nem sempre condição financeira é sinônimo de
inteligência e boa educação.
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