A Seleção Brasileira pode não ser campeã da Copa do Mundo,
mesmo sendo sua anfitriã. Um título, porém, a seleção de Felipão já tem. Sem
dúvida, é o time que mais chora nos jogos do Mundial.
Antes que se pense que o problema está na famosa frase
machista que diz “Homem não chora”,
convém alertar que não se trata disso. O problema é a aparente falta de
controle emocional e psicológico que os jogadores da seleção canarinho parecem estar
sofrendo. Choram quando se preparam para entrar em campo, choram no momento da
execução do Hino Nacional, choram quando fazem um gol, choram quando sofrem um
gol, choram quando o jogo vai para os pênaltis e, finalmente, choram quando
vencem o jogo. É um chororô sem fim e sem precedente na história de nossa
seleção. Como um profissional pode estar preparado, seja em que função for,
para ter uma boa performance diante de tanta emoção?
Desde o último jogo contra o Chile é esse o assunto mais
comentado nas famosas mesas redondas dos canais esportivos da televisão aberta
ou paga. O mau jogo feito pelo Brasil, os riscos que correu, até mesmo os
acertos que teve, ficaram em segundo plano. A presença de um psicólogo nesses
programas se tornou quase que um item obrigatório. E tome teoria a explicar que
o choro é sinal de fraqueza ou, ao inverso, que se trata de esforço por parte
dos atletas. Ex-jogadores são convidados para falar de sua experiência e da
pressão que também sentiam. Invariavelmente, condenam a atitude do atual grupo
e se mostram preocupados com o que isso pode causar.
Mais preocupante ainda é o caso do capitão brasileiro, o
zagueiro Thiago Silva. Escolhido pelo técnico para ser o líder brasileiro por
ser um dos mais experientes do grupo, Thiago se isola nos momentos de maior
aflição, como se viu nas cobranças de pênaltis no jogo do Chile. Não chegou sequer
a ver as cobranças dos companheiros. Ainda mais: pediu a Felipão para ser o último
a fazer a cobrança, atrás até do goleiro Júlio César. Ou seja, aquele a quem os
jogadores deveriam ter como referência, simplesmente se esconde de sua
responsabilidade. No nosso time, não temos um líder em campo, alguém que chame
a responsabilidade para si. E está provado ao longo da história das Copas que o
campeão sempre teve um jogador com esse estilo.
Mesmo assim, vamos passando de fase em fase. Chegamos às
quartas-de-finais e, apesar dos pesares, temos boas perspectivas de ao menos
chegarmos às semifinais. Para chegarmos ao título, será preciso colocar os
nervos no lugar e ter muito mais concentração no que se pretende. Caso
contrário, será o torcedor brasileiro que chorará com a derrota da Seleção em
sua própria casa.
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