O MELHOR FILME DE... CHARLIE CHAPLIN – por Moacir Poconé
Uma pequena introdução:
Como bem disse meu amigo Vicente Bezerra sou um amante da sétima arte. Não que ele precise me pedir licença para falar sobre o assunto, mas efetivamente gosto e aprecio muito o cinema, com seus grandes filmes, atores e diretores. É uma sensação prazeirosa ao fim de cerca de duas horas notar que se assistiu a um grande filme. O inverso também é verdadeiro. A sensação das horas perdidas com um mau filme é terrível, como devem ter ficado os que assistiram a Pânico na Neve, assunto do post anterior.
Pois bem. Pensando nisso, resolvi criar a seção “O melhor filme de...”. Na primeira sexta-feira de cada mês terei a pretensão de discorrer sobre aquele que considero o melhor filme de determinado ator ou diretor. Claro que deverão surgir (e seria muito bom que surgissem) comentários com outras escolhas. É natural e salutar que existam opiniões diversas. A intenção (pretensiosa mais uma vez) é a de discutir sobre a obra e até mesmo fazer com que alguém a assista por essa indicação. Então, comecemos...
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Charlie Chaplin foi, sem dúvida, o maior ator de cinema de todos os tempos. Foi ator, diretor, produtor, roteirista, dançarino e músico, criando várias trilhas sonoras para seus filmes. Era o tempo em que o cinema era mudo e não havia efeitos especiais, a interpretação do ator tinha um peso muito maior. A prova maior de seu grande talento é a confusão que até hoje as pessoas fazem ao chamar o personagem Carlitos, o vagabundo, de Charlie Chaplin, o nome do ator.
Geralmente, Tempos Modernos ou O Grande Ditador disputam o título de melhor filme de Chaplin. Discordo dessa opinião. O melhor filme de Charlie Chaplin é Luzes da Cidade, comédia romântica lançada em 1931.
O filme conta a história de um vagabundo (Carlitos, obviamente) que conhece uma florista cega. A cena em que ambos se conhecem foi repetida por Chaplin mais de duzentas vezes, tamanha a necessidade de se dar veracidade ao encontro, pois a partir dele é que a florista pensará que se trata de um milionário. Foi necessária muita criatividade fazer isso num filme mudo com uma personagem que é cega. Mas Chaplin resolve o problema genialmente.
O vagabundo permanece fingindo que é rico para a florista. E ela sonha em fazer uma cirurgia nos olhos para voltar a enxergar. No decorrer do filme, o vagabundo salva um milionário bêbado de suicidar-se e se torna grande amigo dele. Infelizmente, o milionário só reconhece o vagabundo quando está embriagado, o que provoca cenas de riso e comoção. Além disso, a florista corre o risco de ser despejada da casa onde mora com sua avó, pois não tem dinheiro para pagar o aluguel. Sensibilizado, Carlitos vai trabalhar como varredor de ruas e até mesmo como lutador de boxe (momentos mais engraçados do filme) para tentar ajudar a amada.
Ocorre que numa de suas bebedeiras, o milionário real dá mil dólares ao vagabundo que vê a possibilidade de pagar o aluguel e a tão sonhada operação para a sua florista amada. Ele fica muito feliz e sai correndo para usufruir do dinheiro, Porém, ao ficar sóbrio, o millionário acusa Carlitos de roubo. Envergonhado, não consegue dizer a verdade à florista. Deixa o dinheiro com a florista e some ainda antes da operação, dizendo que precisa se ausentar. Acaba preso, acusado do roubo. Mas o dinheiro tem a serventia que desejava.
O desfecho do filme é espetacular. A florista, já com a visão restabelecida, é dona agora de uma floricultura. Não sabe quem é o seu amado, responsável pela operação. Apenas imagina ser um milionário, com quem sonha encontrar todos os dias. Nesse momento reaparece o vagubundo. Tendo passado alguns meses na prisão, caminha sem ter para onde ir e pega uma flor na calçada da floricultura, sendo agredido por dois jovens. Vendo aquilo, a moça começa a rir. Carlitos a vê e fica paralisado sem acreditar que reencontrou o seu amor. Ela, claro, não o reconhece. Zomba do vagabundo. E vai lhe entregar uma flor e uma moeda. É quando toca em sua mão. Nesse momento, percebe que se trata de seu grande amor. Ainda confusa, chora, de emoção e arrependimento. A expressão de Chaplin na cena é indescritível, nesse que é considerado por muitos um dos momentos mais marcantes do cinema em todos os tempos e reproduzido na foto acima.
Assim termina Luzes da Cidade. Um filme que resume aquilo que o cinema tem a oferecer de melhor: emoção, graça, amor, risos. Isso tudo mostrado de maneira que o espectador ao terminar de apreciá-lo terá a certeza de ter visto um grande filme. Para mim, o melhor de Charlie Chaplin.