As
manifestações populares que vimos no funeral do governador Marcelo Déda
mostraram o que ele representou para o povo sergipano. Um político
moderno, que sabia conversar com as classes menos favorecidas e que
personificou a ruptura de Sergipe com setores oligárquicos que há
décadas mandavam em nosso Estado.
O
sentimento que se viu na cerimônia fúnebre em Aracaju foi de orfandade.
Milhares de pessoas pareciam olhar para o horizonte, que se mostra
sombrio. Repentinamente, haviam ficado sem aquele que, com muito
esforço, conseguira levar os trabalhadores, as classes populares, ao
cargo máximo do poder executivo estadual. A vitória da ideologia sobre o
dinheiro finalmente havia se concretizado. Claro que nem tudo foi um
mar de rosas. Problemas existiram em seu governo, é certo, mas não se
pode negar que a visão de um político socialista como foi Marcelo Déda
difere (e muito) daqueles que pensam no poder como forma de exploração.
Ouvimos
também nesses dias tristes, testemunhos da família, de amigos e mesmo de
adversários. É certo que a morte santifica as pessoas, mas os
pronunciamentos feitos nos fazem refletir um pouco e perceber que não é
esse o caso. Desde a década de 80, com seu jeito diferente de fazer
Política (com P maiúsculo, como bem disse a Presidente Dilma), Déda
esteve sempre num nível acima de seus oponentes. Com a família, esteve
sempre ao lado da mulher e dos filhos. Com a cultura, manteve relação de
amor, colocando a leitura, o cinema e a música como suas paixões. Não à
toa, é mencionado como um dos maiores oradores na política nas últimas
décadas em nível nacional.
O fato é
que a morte tem como uma de suas mais tristes características a certeza
da finitude. Tudo o que foi, não mais será. Ela é o fim em si mesma.
Acabou no dia dois de dezembro a trajetória brilhante do político e do
homem Marcelo Déda. O que ainda conquistaria? Que alegrias teria? O que
falaria a seu povo? Nunca saberemos. Restou-nos o seu legado de homem
público íntegro, pai de família responsável e pessoa culta. Que o seu
exemplo sirva a outros políticos, para que possam ao menos ter em
Marcelo Déda uma referência, uma meta a ser atingida. Já será um bom
começo.
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