A decisão tomada pelo STJD em punir a Portuguesa pela
escalação de um jogador desconhecido num jogo que já não valia nada na última
rodada do Brasileirão equivale a punir com pena de morte a quem deu um tapa
numa outra pessoa.
Qualquer pessoa, mesmo sendo torcedora do tricolor das
Laranjeiras, sabe que em absolutamente nada teve influência a fatídica
alteração realizada aos 35 minutos do segundo tempo. O mesmo ocorre com o
Flamengo que também pode perder pontos por ter escalado André Santos num jogo
tão amistoso contra o Cruzeiro que até o dia de sua realização foi alterado.
Por que os times fariam tamanha lambança? Desorganização ou ingenuidade? Ou
teríamos outras razões?
O Campeonato Brasileiro teve 38 rodadas. Transcorreu sem nenhum
problema, sem qualquer ameaça de perda de pontos. Eis que, como numa estranha
coincidência, um grande clube carioca, famoso por seu poder nos tribunais, vê a
segunda divisão se aproximando de forma inescapável. Como num passe de mágica,
informações ficam desencontradas, punições são descobertas, notificações não
são dadas e tudo parece entrar num túnel do tempo que, pensava-se, tinha ficado
para trás. Ainda mais quando o Fluminense figura como parte envolvida, uma vez
que por diversas vezes vimos as chamadas “viradas de mesa” em favor do clube
carioca que, por ironia, tem como mascote um cartola.
É preciso comparar a justiça comum com a justiça desportiva.
Cada vez mais, aquela tem buscado a justiça, mesmo em detrimento ao que diz a
letra fria da lei. Essa surge em plenpo século XXI ansiosa por cumprir o que
diz o regulamento. Não se quer analisar as circunstâncias, os interesses, o que
se ganhou com a infração cometida. Nada disso. Logo o futebol, um esporte, que
no Brasil se notabilizou pela ginga, pelo drible, tem nos tribunais um molejo
de zagueiro alemão, uma cintura dura, que não permite que se aplique uma pena
conforme a infração que se cometeu.
O procurador Paulo Schmitt teve um posicionamento em 2010 a
favor da justiça ( e não da lei) quando se cogitou tirar o título de campeão do
Fluminense por irregularidades extracampo. Chegou a dizer que era uma imoralidade o clube
carioca fosse punido, mesmo tendo cometido uma infração semelhante à da Lusa de
hoje. Agora, o mesmo procurador se mostra um guardião intransigente da lei. O
que o terá feito mudar de ideia de forma tão radical?
Quem dera os clubes fizessem nos tribunais o que seus
jogadores fazem quando um outro se machuca, colocando a bola pra fora para seu
atendimento. O chamado fair-play. Imaginemos
o presidente do Fluminense dizendo “O tribunal nos foi favorável. Mas preferimos
jogar a série B, por uma questão de justiça.” Alguns tricolores, tenho certeza,
teriam mais orgulho de seu time.
Nenhum comentário:
Postar um comentário