OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS? – por Moacir Poconé
O assunto dessa semana, sem dúvida, foi a morte do terrorista Osama Bin Laden. Procurado há dez anos pela maior potência mundial, Osama parecia ser inalcançável. Driblava o poderoso setor de inteligência dos Estados Unidos e, de tempos em tempos, aparecia num videozinho feito em um fundo de quintal ameaçando seus inimigos, numa comprovação de que estava vivo. O que mais nos chamou a atenção, no entanto, não foi o fato do terrorista ter morrido. Imaginávamos que isso mais cedo ou mais tarde iria acontecer. Na verdade, os procedimentos adotados na operação, sejam anteriores, posteriores ou mesmo durante o ato em si é que merecem ser analisados de forma mais cuidadosa.
Comecemos pelo início. O chefe da CIA, serviço de inteligência dos Estados Unidos confirmou em entrevista que foram usados métodos de tortura em uma pessoa para se conseguir informações a respeito do paradeiro de Osama. Isso no governo de Barack Obama, presidente que entre outras propostas de governo prometeu desativar a base militar americana em Guanánamo, Cuba, devido às suspeitas de tortura naquele local. O chamado “water boarding” simula um afogamento, sendo o preso colocado de cabeça para baixo, preso numa tábua, enquanto seu algoz joga baldes de água em seu rosto. Certamente, uma técnica de tortura dentre várias outras que foram usadas para se alcançarem os objetivos desejados. Os fins justificam os meios?
Vamos ao “durante”, à ação em si. Apesar de informações desencontradas, sabemos que Osama se escondia em uma casa bem estruturada no Paquistão. Numa invasão que durou cerca de quarenta minutos, vinte militares da marinha americana invadiram a mansão em que se escondia o terrorista. Noticiou-se então que morreram , além de Osama, três homens (um era seu filho) e uma mulher. Osama morrera com um tiro na cabeça. Ao que consta, não estava armado. Pergunta-se: não havia a possibilidade de prendê-lo, para que fosse julgado? Há muito tempo, o homem abandonou o preceito de se fazer a chamada “justiça com as próprias mãos” e para isso criou um ordenamento jurídico que prevê a necessidade de realização de um julgamento justo, independente do crime cometido. Certamente, isso não foi cogitado durante a ação para que os resultados fossem obtidos. Os fins justificam os meios?
Segue-se o “depois”. O governo americano informou que o corpo de Osama foi sepultado no mar, seguindo os preceitos da religião muçulmana. Isso não parece corresponder à verdade. No site “Observatório de Relações Internacionais, tem-se a fala do imã Abduljalil Sajid, diretor do Conselho para Harmonia Religiosa e Racial da Grã-Bretanha, que diz “seriam necessários quatro passos: a lavagem do corpo, envolvê-lo em panos brancos, ritos religiosos e o sepultamento”. Segundo ele, não há a necessidade da presença de um imã, mas os procedimentos devem ser conduzidos por pelo menos um muçulmano que “saiba o mínimo das leis islâmicas para funerais”. Não é possível saber se alguém assim esteve presente, dadas as informações disponíveis. Além disso, Sajid diz que é correto o funeral no mar quando alguém morre durante uma viagem marítima, mas não foi o caso. De acordo com o governo americano, o tal sepultamento no mar foi escolhido para se evitar que o local do corpo onde o terrorista fosse enterrado se tornasse um centro de peregrinos extremistas. Os fins justificam os meios?
Por fim, a pergunta que se repetiu por todo o texto e que busca ainda sua resposta: os fins justificam os meios? A depender do crime, da pessoa, do mal que fez, do contexto enfim, pode uma outra pessoa ou, nesse caso, um país agir da forma que achar mais conveniente para satisfazer seu desejo de vingança? Que cada um encontre a sua resposta, usando as convicções que achar necessárias e formando o juízo que achar mais correto.
boa Poconas!
ResponderExcluirminha reflexão é a seguinte: capturar Osama, estuda-lo e depois tortura-lo até quando o Corinthians ganhasse a Libertadores.
Pedro Luis Fernandes