quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Eu já vi esse filme



EU JÁ VI ESSE FILME – por Vicente Bezerra

“Eu sou o Brasil no mundo!”. Essa foi a frase nada humilde, dita por Ivete Sangalo e mostrada no Fantástico domingo último, quando a cantora iniciou seu show no Madison Square Garden, que é a Meca do show business internacional.

Ivete é talentosa, carismática, divertida, simples e sem estrelismos, e sabe usar a mídia a seu favor como ninguém. A baiana é figura constante de programas das maiores redes de TV do nosso país, Globo e Record. Bateu uma lata, ela está presente. É Faustão, Caldeirão, Teleton, Criança Esperança, Fantástico, entre muitos outros. Mas com a frase que iniciou o citado show, espera-se que não perca a humildade e entre na estrada da soberba, tão comum a artistas no auge do estrelato. Quem segue essa estrada, geralmente desce a ladeira do sucesso.

“A voz dessa cidade sou eu, o canto dessa cidade é meu!”. Essa frase, nada humilde, é da letra de um dos maiores sucessos de Daniela Mercury (e composto pela mesma), lançada há vários domingos atrás, também no Fantástico. Daniela, como Ivete, andou de braços dados com a mídia na época e deslanchou numa carreira internacional. Chegou ao auge da carreira e fazia mais shows fora do que no Brasil. O resultado disso foi a queda vertiginosa do seu sucesso aqui e a saturação de sua carreira no exterior. Mercury entrou na soberba de ser uma estrela internacional, esqueceu seu público local e perdeu espaço. Foi aí que surgiram Ivete, Claudia Leite e afins. Hoje, Daniela tenta correr atrás do tempo perdido, lançando CDs que passeiam por diversos estilos (pop, axé, MPB, eletrônico), querendo agradar a todos e não agradando a ninguém. Daniela nem bloco possui mais no carnaval de Salvador.

A mídia geralmente exagera quando anuncia que determinado artista brasileiro está em carreira internacional. Caetano já disse em entrevistas que isso é ilusório, porque, o público desses shows, na verdade, é formado quase que exclusivamente por brasileiros residentes fora do país. Isso é verdade. Japão e EUA, onde geralmente artistas brasileiros excursionam, possuem imensa quantidade de brasileiros lá morando. São raras as exceções de realmente sucesso internacional: Tom Jobim, Sepultura, Morris Albert, Lenine, João Gilberto. São poucos.

Dizem que a história se repete. Cabe à Ivete observar os acontecimentos, bem próximos dela por sinal, e não permitir que a história se repita. Para o bem dos seus fãs brasileiros. Dentro e fora do Brasi.

2 comentários:

  1. Li uma notícia que falava justamente de um ponto tratado no texto: havia muito mais brasileiros que americanos no show da Ivete. Essa tal de "carreira internacional" é pura ilusão...

    Moacir

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  2. Eu acho que li essa matéria também, Moacir. Também dizia lá que o ritmo e o português seriam barreiras pra carreira dela lá nos states, né mesmo? Quanto à Daniela, na minha opinião, apenas saiu um pouco dos padrões musicais brasileiros. O show dela é um belo espetáculo (e digo como alguém que não curtia, nem curto mto ela). Fui ver Skank no festival de verão, na Caueira, e acabei gostando mesmo foi do show dela. Belíssimo espetáculo de música e dança(acho que já é o intercâmio com os EUA fazendo efeito). Acrísio Jr.

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