sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Cinema de fases





CINEMA DE FASES – por Moacir Poconé

É interessante como o Cinema Brasileiro é composto por fases. Parece que os diretores, produtores e roteiristas elegem certa temática como “a do momento”. E somos todos obrigados (quem gosta do cinema nacional, claro) a assistir filmes que teimam em tratar do mesmo assunto, com uma ou outra mudança aqui e ali.

Entre as décadas de 30 e 60 tivemos o auge das chanchadas, filmes que tendiam ao humorístico e que teve nos estúdios da Atlântida a sua principal referência. Na década de 60 e 70 os “filmes-cabeça” de Glauber Rocha confundiam o público que sequer entendia o que o diretor baiano queria com o seu Cinema Novo.

As décadas de 70 e 80 são marcadas por filmes de elevado teor erótico. Trata-se de uma característica tão marcante que até hoje esse estigma permanece. Não é raro ouvir pessoas, com certo preconceito, dizendo que não gostam de filme brasileiro porque “tem muita safadeza”. Isso três décadas após esse tipo de filme alcançar sua maior popularid

Na década de 90, a denominada “retomada” trouxe a revisão de certas cenas históricas e o surgimento de filmes psicológicos. E tome crítico explicando ao espectador o que tal personagem queria dizer com aquela frase ou ainda por que o diretor enquadrou a cena daquela forma.

Na década passada, outro fenômeno. Dessa vez, de crítica e de bilheteria. Primeiro, os “filmes de favela”. O cinema nacional praticamente tornou-se refém desse tipo de filme, sempre num mesmo cenário: o subúrbio carioca. Violência, linguagem vulgar e até o surgimento de heróis hollywoodianos saltaram da tela grande.
Atualmente, temos assistido a uma profusão de filmes de comédia. Costumou-se termos sempre um trailer propagando “o filme mais engraçado do ano”. Roteiros arrastados, erotismo em alta, personagens superficiais são os ingredientes desse tipo de filme. O público enche as salas, agradecendo uma trama superficial e de fácil entendimento. Filme que não serve para pensar.

Bom seria se tivéssemos em cada época uma mistura dos gêneros acima tratados. Pelo menos, haveria diversidade, opção para o amante da sétima arte. Infelizmente, não é isso que ocorre. E a sensação que dá é a de estarmos vendo o mesmo filme várias vezes.