domingo, 27 de novembro de 2011

Citações sobre a vida

CITAÇÕES SOBRE A VIDA – por Moacir Poconé

Toda a vida passamos por “rituais de transição”. O pior de tudo é que em muitos desses momentos não temos ainda a experiência necessária para enfrentá-los de modo correto. Ainda na adolescência, quando somos um tanto quanto imaturos, nos deparamos com verdadeiras provações, como os primeiros relacionamentos ou a necessidade de escolher a profissão que teremos talvez pelo resto da vida. É muita responsabilidade para uma pessoa que não tem ainda duas décadas completadas!

Melhor seria como o que aconteceu com o fantástico Benjamin Button. Esse personagem do espetacular filme nasceu já velho. Na aparência, claro. Mas foi remoçando ao longo dos tempos. Para ele, o tempo em que tinha a melhor força e aparência física coincidiu com sua fase de maturidade. Seria muito bom que fosse assim com todos, pois haveria uma relação de igualdade nas fases da vida, com aspectos psicológicos semelhantes aos corporais. Mas sabemos que na realidade não é assim. Há uma relação inversamente proporcional entre nosso vigor físico e mental, o que leva a muitos a se arrependerem de atos cometidos ainda na juventude e que terão efeitos por toda a vida.


Mas qual graça a vida teria se não cometêssemos esses erros? Se não tivéssemos essa incerteza sobre o que devemos ou não fazer? Existe um poema chamado Instantes que há muito tempo circula pela internet atribuído ao escritor argentino Jorge Luís Borges (embora seja de uma autora americana) que trata justamente desse tema. Mas nele os erros são aceitos como parte importante do aprendizado. “Se eu pudesse novamente viver a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros”, começa o texto. Não somos e nem devemos lutar pela realização plena e completa de tudo. “Não sois máquinas, homens que sois”, disse certa vez o grande Chaplin. E viramos protagonistas e coadjuvantes do mundo que nos cerca.



Afinal, que cabe a nós então se os erros existem e se fazem parte da nossa formação? Saber aproveitar a vida. Carpe diem, como diria o professor de Sociedade dos Poetas Mortos, outro fabuloso filme. Aproveitem a vida, pois ela é passageira. E não dura mais que um piscar de olhos.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O Orkut morreu?


O ORKUT MORREU? – por Vicente Bezerra
 
Essa semana foi anunciado que o Facebook ultrapassou o Orkut em milhares de usuários, no Brasil. E o porquê dessa notícia aparentemente óbvia? O Brasil era o último reduto onde o Orkut resistia, tal qual gauleses resistindo à invasão Romana. Essa semana foi fincada a bandeira do “Face” na Terra de Santa Cruz.

A verdade é que há muito tempo se diz que o Orkut morreu. O Facebook com sua interface mais simples e interativa, e a velocidade de sua expansão, bem como o uso da mídia indiretamente a seu favor – e aí inclui-se o filme Rede Social – contribuíram para sua rápida ascensão.

Mas há um outro fator preponderante: a curiosidade sobre a vida alheia. Foi a curiosidade ao alheio que fez o Orkut estourar em seus primeiros anos. Como a vida de todo mundo ficou exposta, ficou fácil o surgimento de problemas, tais como a difamação de pessoas, a invasão de privacidade e até mesmo fim de relacionamentos, entre outras muitíssimas coisas. O Orkut passou a se policiar, a criar ferramentas para bloquear fotos e para se denunciar abusos, como pedofilia por exemplo.

Mas aí ficou chato. A geração internet ficou sem saber quem ficou com quem no fim de semana, quem viajou pra onde, quem está namorando, e etc. e etc. Veio o Facebook e escancarou a privacidade de novo. Agora, por exemplo, todos os seus amigos sabem que aquela solteirona encalhada está “sozinha, mas feliz”. Sabem que aquele amigo seu disse que “o Asa arrêa!”, embora tenha pago o olho da cara para ficar no aperto, tomar empurrão, ficar horas na fila do banheiro, beber cerveja quente e pegar umas “bozengas” que ele vai afirmar que eram gatas. O Facebook vende a imagem da vida feliz, da gabolice gratuita, do intelectualismo de frases feitas (quando não parachoques de caminhão), da felicidade depressiva (porque você afirma que tá ótimo, mas tá com a cara no travesseiro) e da curtição. E que graça tem se você não souber que seu amigo fez isso tudo? E você pode curtir também! Esse é o mote do “Face”.

E o Orkut morreu? Ainda não. Mas não diga que o usa. Vão olhar torto pra você. Vão falar que você é ultrapassado, está “out”. Vão cochichar que você é Nerd. Na verdade o Orkut sobrevive graças às comunidades. Lá a pessoa pode encontrar um tema do seu interesse e debater sobre o mesmo, como por exemplo, o artista que você gosta, o escritor, algum tema que lhe atrai, até mesmo debater sobre a programação de canais de Tv. É ainda atraente, além do fato de trocar opinião sobre o assunto com quem você não conhece e aprender. Nisso o “Face” engatinha.

Morte do Orkut? Não curto.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A doença e a doença de Lula


A DOENÇA E A DOENÇA DE LULA – por Moacir Poconé

Há no Brasil uma doença que ataca as pessoas de modo indistinto. Seja de que classe social for, credo, sexo ou militância política. Aparece quase que sorrateiramente e, quando menos se espera, eis que passa a fazer parte do consciente coletivo, sendo aceita como verdade incontestável. Esconde-se atrás da máscara da indignação, mas traz, em verdade, o toque do cinismo. Essa doença chama-se hipocrisia.

Seu último ato se deu nos últimos dias com a divulgação do câncer na laringe do ex-presidente Lula. Logo após o choque e o sentimento de piedade de muitos, surgiu um movimento na internet para que o ex-presidente fizesse o seu tratamento num hospital público “para ver como são tratados os doentes do SUS”, afirmavam. Percebe-se nitidamente o tom de vingança no pensamento mesquinho e aproveitador. Aliado a isso, há o tom de desafio combinado com o deboche. Como sentimentos tão vis podem ser direcionados a alguém (quem quer que seja) que enfrenta um drama como esse? A resposta é simples: os idealizadores do tal movimento colocam-se como cidadãos indignados com a condição da saúde no Brasil. E acham (vamos acreditar) que fazem um protesto em favor da população. Nada mais são que meros hipócritas.

Primeiro, porque o Brasil é reconhecidamente um país em que o Sistema Público de Saúde atende com ótimas condições doentes com câncer. Há vários hospitais públicos nos quais o ex-presidente poderia se internar e receber um tratamento similar ao que recebe no Hospital Sírio-Libanês. A crítica que pode (e deve) ser feita é que esses hospitais públicos estão quase sempre localizados no Sul e Sudeste do país. Mas Lula poderia receber o tratamento tranquilamente. Segundo, porque o ex-presidente, como qualquer cidadão, tem plano de saúde. Pago há muitos e muitos anos, pois prefere o atendimento particular. Se será ou não utilizado é outra história, mas o fato é que ele possui esse direito pois pagou para isso. Não é esse o sentido da democracia? Cada um não escolhe aquilo que acha melhor para si, desde que tenha meios para isso?

Aproveitaram-se de um fato pessoal lastimável para levantar bandeiras políticas. Pior: levantadas com a força da raiva e do ódio. Lula certamente se curará da doença que hoje o atinge. Mas a outra doença, a hipocrisia, é maior que qualquer quimioterapia ou radioterapia. Não tem cura e se alastra como um câncer pela sociedade, que apenas se decompõe sem qualquer reação.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O melhor filme de... Jack Nicholson




O MELHOR FILME DE... JACK NICHOLSON – por Moacir Poconé

Um dos mais versáteis atores de Hollywood, Jack Nicholson é sinônimo de grande interpretação, seja em comédias, dramas ou mesmo filmes de suspense. Sua maneira de encenar muitas vezes é alvo de críticas, que a consideram exagerada. Mas não é nada disso: Nicholson certamente interpretou papéis que exigiam justamente essa característica, como o Coringa do primeiro Batman e o cheio-de-tiques Melvin Udall no ótimo Melhor é Impossível, que inclusive lhe valeu o Oscar de Melhor Ator. Inesquecível também seu personagem Jack Torrance, protagonista de O Iluminado, filme sempre presente nas listas de melhor filme de terror de todos os tempos. Numa oposição, destaque-se o caricato Dr. Buddy Rydell na comédia Tratamento de Choque. No drama, destaque entre outros filmes, àqueles que lhe garantiram seus outros dois prêmios Oscar: de ator coadjuvante, em Laços de Ternura e mais um de ator principal pelo excelente Um estranho no Ninho. Seus filmes mais recentes, como As confissões de Schmidt, Alguém Tem que Ceder, Os Infiltrados e Antes de partir, mostram que, apesar da idade (tem 74 anos), Nicholson continua sendo um ator de muitos recursos e sempre disposto a trazer para a sétima arte personagens memoráveis.

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Ao lado de Aconteceu Naquela Noite (1934) e O Silêncio dos Inocentes (1991), Um Estranho no Ninho é um dos poucos filmes a ganhar os cinco principais prêmios Oscar: melhor filme, melhor direção, melhor ator, melhor atriz e melhor roteiro adaptado. A premiação não foi exagerada: trata-se de um dos filmes que marcaram a década de 70 e que freqüenta as listas de maiores filmes de todos os tempos.

Baseado no romance homônimo de Ken Kesey, o filmes se estrutura em torno do protagonista: o malandro Randle McMurphy, que ao ser preso, finge ser louco com o intuito de cumprir sua pena num hospital psiquiátrico, onde julga terá melhor tratamento que numa prisão. Agindo de forma irônica e irresponsável, McMurphy passa a influenciar os demais internos, causando revoltas na clínica e despertando a ira da cruel enfermeira Mildred. Começa então uma verdadeira análise sobre comportamentos e conceitos: quem são os loucos? O que é fazer o bem para as pessoas que julgamos loucas? Somos todos preconceituosos?

Numa outra análise, temos a regra e a ordem ditadas a ferro e fogo pela enfermeira e a transgressão e a rebeldia incorporadas por McMurphy. Não há espaço para os dois, que querem não apenas dominar o outro, mas impor a sua verdade no ambiente recluso em que vivem. O "estranho" que dá título ao filme representaria não um ou outro personagem e sim todos aqueles que quebram as regras impostas no mundo em que vivemos. Infelizmente, esse comportamento não é aceito pela maioria (ou por aqueles que dominam), o que faz surgirem sanções, muitas vezes terríveis. Por isso o desfecho chocante, concebido de forma tão radical quanto verossímil.

Para interpretar McMurphy não se imagina outro ator senão Nicholson. Seu cinismo e ironia estão no ponto certo. O modo com que zomba do sistema e coopta os loucos a segui-lo o transforma num líder sem causa estabelecida. E seu declínio nos faz tornar piedosos de sua mísera condição. Personalidades tão distintas de uma mesma personagem que apenas um grande ator consegue criar. Um verdadeiro clássico do cinema, desses que vale a pena ver por diversas vezes. Para mim, o melhor filme de Jack Nicholson.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Mentes tão bem


MENTES TÃO BEM – por Vicente Bezerra

Zezé di Camargo e Luciano são, possivelmente, a dupla sertaneja de maior êxito no país. Sucesso na música, sucesso inclusive no cinema. Pode-se questionar o estilo e a música, mas não se pode ignorar a importância midiática dos dois no segmento “sertanejo”. Porém, há mais ou menos umas três temporadas esse poderio esteve ameaçado por duplas emergentes como Bruno e Marrone, Vítor e Léo e mais recentemente por artistas solo como Paula Fernandes, Michel Teló e Luan Santana.

Os dois filhos de Francisco ficaram ofuscados. A verdade é que depois do sucesso do melodrama trágico baseado suavemente em fatos reais (o filme e sua trilha), Zezé e Luciano viveram de cds e dvds de regravações. Os sucessos rarearam, à exceção talvez da canção “Mentes tão bem”, que mesmo assim teve repercussão mediana ante as massivas execuções radiofônicas anteriormente experimentadas pela dupla.

Os sertanejos foram então em busca de algo impactante e que retumbasse na mídia. Como uma Gretchen em seu 89º casamento, criaram um factóide para atrair a atenção. E conseguiram. Na última semana a “separação da dupla” foi um dos assuntos mais comentados, ofuscando por vezes os problemas de saúde de Lula, da corrupção no Ministério dos Esportes e no PC do B e do Governo Dilma.

Eis que Luciano “briga” com o irmão, não sobe ao palco inicialmente, para depois de uns minutos anunciar, já no palco, que não pretendia mais seguir com a dupla. A velocidade da internet – através de twitters e youtube – espalhou a notícia. E tomou conta da mídia, para alegria das Sônia Abrãao da vida. E muito se debateu sobre o assunto, correntes pró união foram criadas e a imprensa em geral torcia pela volta da dupla.

Como a Viúva Porcina, que foi viúva sem nunca ter sido, assim foi a volta do que nunca teve separação. E o anúncio da “volta” se deu praticamente em rede nacional, onde o erudito Jô Soares se prestou ao ridículo papel de entrevistar a dupla e tentar nos fazer engolir a ridícula desculpa para a tal briga motivadora da separação. Que Jô Soares e seu programa há muito vem decepcionando não é novidade. Mas se igualar à já citada Sônia Abrão e ao Tv Fama foi de doer. Não bastasse isso, passou o programa a bajular e tirar brincadeirinhas a respeito de briguinhas de irmão.

O motivo da briga? Ninguém sabe. Disse o Luciano que tomou Rivotril (um remédio “controlado”) e misturou com Whisky. Antes, enfatizou que nunca bebera, nem nunca brigara com irmão. Tá certo, acreditamos. A verdade? Na verdade pouco importa. O que importa é que não nos fazem de bobo. Não mesmo.