segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Segunda sem lei - Decadência musical


DECADÊNCIA MUSICAL – Por Elísio Cristovão*


Parece ser um assunto que volta e meia alguém vai e escreve sobre. Pois é, eu ainda não escrevi sobre. Mas a música nacional de qualquer gênero (forró, axé, samba, pagode, pop, rock, MPB, etc) está em declínio há muito tempo. Não falo do sucesso das bandas, que esse só aumenta. Mas sim por causa das letras das músicas que estão fazendo sucesso, músicas com letras vulgares, letras que fazem apelo sexual, e o pior é que as músicas estão sempre na boca do povo. Meu Deus, aonde iremos chegar?

A cada dia que passa só piora. Onde estão letras que dizem coisa com coisa? Tomemos o forró como exemplo. Veja o caso dessa letra: “Eu achei um cobertor que me deu tanto amor e que nunca deixa o frio toma conta de mim...” é uma letra um tanto piegas, porém tem um tom de romantismo, tem certa inteligência e não é vulgar. Agora vejamos a seguinte letra de forró: “Mamãe tá dodói, papai dá beijo que passa” ou então: “ela está de saia e de bicicletinha uma mão vai no guidão a outra tapando a calcinha” ou ainda “chupa, chupa, chupa que é de uva”. Onde está o bom senso desses compositores? Onde está a razão nessas letras? Onde está o forró de Baby Som, Forró Maior, Limão Com Mel? Letras como: “Na ausência eu sinto saudades, na presença eu não sinto verdade, será amor? Ou é paixão?” Que bela letra não? Sem vulgarismo e sem apelo sexual. Essas músicas faziam sucesso sem apelar.

Vejamos o caso do pagode/axé, letra: “Rodrigão já pegou, alguém pegou também, Dadinho comeu de quatro, alguém fez frango assado, alguém sem camisinha, pegou uma coceirinha (parte educativa da musica)” ou ainda “me dá, me dá à patinha, me dá, me dá sua cachorrinha”. O que é isso? E o povo decora e canta, acha bonito o filho de quatro anos que dança e canta essa letra. Quais valores esse menino terá? Quais valores a música está nos passando? Lembro-me da época em que o axé era uma aula de história e geografia “Madagascar, ilha, ilha do amor Madagascar”, “Tutancamom se encontrou com Bob Marley, no deserto de Madagascar” ou ainda “ô berimbau, pedaço de arame, pedaço de pau”. Bandas como o Olodum, Timbalada (fase antiga), até o chato do Carlinhos Brown eram bandas com boas letras, não precisavam apelar ao sexo para cair na boca das pessoas.

No caso do rock, que não é culturalmente brasileiro, huve um declínio de rebeldia. O rock sempre terá suas letras com cunho político, letras de amor, etc. Entretanto o que os rockeiros esperam é um pouco de vontade, de “peso”, mas o que ocorre atualmente? Bandas como o Titãs, Engenheiros do Hawaii, Capital Inicial, Camisa de Vênus, dentre outras da década de 80 e 90 que já não lançam álbuns bons, algumas delas nem existem mais, outras estão sumidas. Mas onde está o legado dessas bandas? Onde está à geração Coca-Cola? O que se vê são bandas de “crianças” que colocam cabelos para frente, usam boné de marca e tocam “rock”, segundo eles. Bandas como NX-Zero, Restart, Fresno, etc. Que referência de rock um adolescente que conhece o estilo por essas bandas pode ter. O que será deste indivíduo que não ouviu as bandas citadas anteriormente (Titãs, Kid Abelha, etc). Tenho saudades do tempo em que “restart” era só um botão de videogame.

Mas a pergunta principal não foi feita. O que levou a esse declínio? Por que essas bandas ainda tocam músicas assim? Muitos dizem que antigamente a música era elitizada, os preços dos CDs eram elevados, a classe mais baixa não tinha acesso a esse material. Com a pirataria tudo ficou mais fácil, a música se espalha rapidamente e as classes baixas agora compram cds. O público mudou, a música mudou, será que isso banalizou o mercado musical? Ou será que os valores passados aos adolescentes em sua educação mudaram? Ou sempre esteve ali, porém não eram liberados? A banalização de valores como o amor e o respeito está tamanha que de tal forma modificou a composição da música?

Até onde a música pode influenciar a sociedade? Ou é a sociedade que influencia a música? O que você anda ouvindo? O que você realmente gostaria de ouvir? É isso que você quer que seu filho escute? Onde a música irá parar? Tenho medo do que ainda está por vir.

*Elisio Cristovão - bacharel em Eng. Ambiental. Cursando atualmente Mestrado em Ciência e Engenharia dos Materiais. Guitarrista da 1ª banda de Heavy Metal de Lagarto a "STTONEHENGE".

Os textos da "Segunda sem lei" são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião dos criadores deste blog.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A maldição de M. Night Shyamalan


A MALDIÇÃO DE M. NIGHT SHYAMALAN – por Moacir Poconé

Talvez você nunca tenha ouvido falar nele. Mas certamente já assistiu a algum de seus filmes. Um novo diretor (já nem tão novo assim) que revolucionou Hollywood com seus filmes, carregados de suspense e mistério, além de finais pra lá de surpreendentes. Mas que a cada lançamento perde um pouco de sua magia. Falo do indiano M. Night Shyamalan.

Shyamalan é roteirista, produtor e diretor de todos seus filmes. Chega a fazer pontas em alguns deles. O primeiro e, sem dúvida alguma, seu maior sucesso, foi O Sexto Sentido. “I see dead people” (Eu vejo pessoas mortas) dizia o menino problemático do filme. Sucesso absoluto de crítica e de público, talvez a maior obra do gênero em todos os tempos (perdoe-me Hitchcock!). A reviravolta no final do filme já está na história do cinema. Uma obra-prima de originalidade e de um roteiro bem costurado. Mas a partir daí, uma maldição se abateu sobre Shyamalan. Nunca mais repetiu o êxito em seus outros seis filmes posteriores.

É a chamada "Síndrome de Orson Welles", uma referência ao diretor estadunidense, autor de um dos mais aclamados filmes de todos os tempos: Cidadão Kane. Dirigido por Welles quando tinha apenas 25 anos, Cidadão Kane encabeça muitas listas como o melhor filme de todos os tempos. Pena que o seu jovem diretor ao longo de toda sua carreira não conseguiu produzir algo que chegasse ao menos perto do clássico de 1941. E olhe que ele só morreu aos 70 anos!

Até que Shyamalan fez algumas coisas consideradas boas. Corpo Fechado e Sinais são alguns exemplos. Fossem feitos por outro diretor, talvez recebessem melhores considerações. Em A Vila o final surpreendente, marca de seus filmes, reaparece, mas sem tanto impacto. Com o fantasioso A Dama na Água, o diretor parece ter se perdido de vez. O fraco Fim dos Tempos e a aventura O Último Mestre do Ar (esse último ainda em cartaz nos cinemas) não parecem nem de perto ser produtos da mesma mente original que criou toda atmosfera nebulosa e enigmática que assombrou tantas pessoas.

O tempo está se esgotando. A cada lançamento pífio, milhões de dólares em prejuízo. E sempre a mesma expectativa: será um novo O Sexto Sentido? Em verdade, creio que é esse o fantasma que acompanha e assusta Shyamalan.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O Rio de Janeiro continua lindo?


O RIO DE JANEIRO CONTINUA LINDO? - por Vicente Bezerra

A resposta que se impõe para a pergunta, infelizmente, é não. A cidade maravilhosa das lindas praias, dos carnavais ricamente fantasiados, das mulheres exuberantes, dos seus artistas, músicos, das belas paisagens, há muito não é mais a mesma. Tudo isto ainda existe na sua essência, mas com brilho muito menor.

Hoje o Rio de Janeiro, como conhecemos outrora (ou como vendiam sua imagem para o mundo), é uma ilha, cercada por favelas, marginalidade e violência. Não entraremos aqui na discussão social, no debate sobre a exclusão, não. A intenção aqui é outra.

A marginalidade e a violência hoje fazem parte do Rio de Janeiro. Estão entre as maravilhas citadas acima, e como elas, fazem parte do Rio. Estão tão incrustadas na sua essência, que fazem parte da cidade. Não há mais como dissociar o Rio, da violência. Tanto isso é verdade que o cinema nacional demonstra isso em inúmeros filmes, tendo o Rio violento como pano de fundo e, por vezes, como protagonista. Cidade de Deus, Tropa de Elite, 400 contra 1, só pra citar alguns. Já há filmes inclusive, romantizando e glamourizando essa violência: os bandidos são os mocinhos! Até o cinema estrangeiro quando vem filmar no Rio, mostra o seu lado podre. Vide Hulk 2 e mais recentemente o filme de Stallone.

Um contrasenso que se apresenta é a alta sociedade carioca querer vender uma imagem que já não é sua: a da elite preocupada com a violência. Não adiante vestir branco, fazer passeata e colocar cruzes na praia, se os próprios alimentam o crime comprando drogas. Registre-se que não se está generalizando.

A mesma elite carioca, ainda tenta vender a imagem da “cidade maravilhosa” como se o caos não fizesse parte do seu cotidiano. Luta-se por Olimpíadas, Copa do Mundo, realização do Panamericano, sem se preocupar (ou sem querer enxergar) de que o Rio, hoje, é uma selva. Criam ilhas de isolamento, para receber turistas e mantê-los afastados da violência. Não há mais como fazer isso, há muito tempo, e o caso recente do hotel invadido é exemplo disso. Que segurança se dará a milhares de atletas? E enquanto isso, como fica a população? O Rio não precisa de Olimpíadas, precisa ser limpado.

Não é segredo, nem novidade, que o próprio carioca se incomoda com isso. Nem é segredo, nem novidade o que precisa ser feito para minorar e melhorar essa situação. A vontade do povo, seja da elite ou não, não é suficiente: há de se ter vontade política. Se nada for feito, continuará como está ou pior. A violência fará parte do cardápio cultural do Rio de Janeiro. Os Simpsons estarão certos?

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Segunda sem lei: colaborações


SEGUNDA SEM LEI: COLABORAÇÕES - por Vicente Bezerra

O vento. A poeira. O assovio do mesmo vento entre a quase inexistente vegetação dali. De longe, vêem-se sombras e se tem a impressão de se ouvir as patas dos cavalos batendo no solo seco, levantando a poeira...

Poeeeeeeeeiraaaaa, poeeeeeeeeeeiraaaaa, poeeeeeeeeeiraaaaaa, levantou poeira! (odeio essa música!).

Não meus caros, não é um filme de faroeste, apesar do texto e do título. As segundas-feiras estavam desertas, e pra levantar a poeira e fazer barulho, a alta cúpula do “Deu na telha!”, após diversas, exaustivas e exasperadas reuniões que ocorreram nesses últimos meses, resolveu por maioria absoluta dos seus acionistas, decidir o seguinte: as segundas-feiras estarão abertas e disponíveis para qualquer leitor, seguidor ou amigo, com o mínimo e aceitável conhecimento do vernáculo e suas regras gramaticais, escrever no blog o que lhe aprouver. Claro, que deve ter bom senso e respeitar as regras do primeiro “post” do blog. Quais são? Deixa de preguiça e procure no blog!

Bom, então sejam bem vindos (com ou sem hífen?) colaboradores do blog. A segunda-feira é de vocês. Sintam-se à vontade.

Se puderem, assistam ao vídeo do filme acima (e ao filme também!). Está no endereço: http://www.youtube.com/watch?v=_d2fZxIbZPU

PS: Os textos devem ser enviados para: moapocone@yahoo.com.br ou vicente_bezerra_1@hotmail.com , acompanhado de breve histórico do autor.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Obama, Nobel da paz


OBAMA, NOBEL DA PAZ – por Moacir Poconé

Causou muita estranheza o fato de Barack Obama, presidentes dos Estados Unidos, ser agraciado com o Nobel da Paz. Como pode o chefe de uma nação em guerra receber tal honraria? Os Estados Unidos, usando o discurso da falsa democracia, colocam-se como a polícia do mundo e interferem em nações que estejam atrapalhando seus interesses.

Conforme declarou o próprio Obama, a concessão do prêmio deveria ser visto não como um reconhecimento, mas sim como um compromisso que assumiria naquele momento e do qual não poderia se afastar. Estava recebendo um verdadeiro ultimato para que desse fim a uma guerra iniciada por motivos puramente econômicos e que já durava mais de cinco anos. Mais de quatro mil soldados estadunidenses morreram na Guerra do Iraque, lutando não se sabe bem por que motivo. Uma de suas promessas de campanha foi a retirada das tropas do solo iraquiano. Essa semana houve o anúncio do cumprimento dessa promessa.

Não se tenha a ingenuidade de pensar que Obama representa a paz mundial. Muito menos que isso. Há muito de apelo popular por trás dessa medida. Pesquisas públicas mostram que a população estadunidense é contra a presença de seus militares no Iraque. Além disso, o próprio custo da operação militar é bastante elevado, até mesmo para os padrões do Tio Sam. Nesses tempos de recessão, nada mais simpático que estancar uma sangria de dólares tão abundante. O papel de arauto da paz se mostrou muito conveniente para o presidente estadunidense.

Enfim, percebe-se que a paz nada mais é que um mero ingrediente do complexo jogo político que envolve interesses muito maiores. A depender do cenário, os interesses da indústria bélica, demonstração de força perante o mundo, conquista de territórios petrolíferos são elementos muito mais determinantes nesse jogo. Obama teve a sorte de encontrar o vento a seu favor.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Em nome do pai, do filho e da filha


EM NOME DO PAI, DO FILHO E DA FILHA – por Vicente Bezerra

O clã de Fábio Jr é o destaque da mídia no momento. É pai, é filho, é papagaio, é gato, é cachorro. Os programas de “celebridades” abriram um espaço entre os “merchans” e os casos Eliza e Mércia para noticiarem ou darem destaque a tudo, ou qualquer coisa, que envolva o cantor e seus filhos Fiuk e Cléo Pires.

Cléo Pires largou na frente do irmão. Com o duplo apadrinhamento do pai já citado e da mãe Glória Pires, Cléo já faz algum tempo que iniciou a carreira de atriz. Com papéis em novelas, e aparecendo bastante nas telonas, ela virou “habitué” dos programas de televisão, seja como participante, seja como assunto. Cléo hoje é uma atriz estabelecida, principalmente no cinema, onde tem aparecido bastante. Tal como Selton Mello, é figura carimbada nas produções nacionais. Atriz contestada, Cléo Pires atraiu ainda mais as luzes para si ao sair na nova edição da Playboy, desfilando sua beleza exótica e sua pequena coleção de tatuagens. Papai fez biquinho. O público masculino, boca aberta. Mas ainda fica a questão se ela é mais um “rostinho bonito” que chegou ao estrelato ou uma atriz de talento. A dúvida permanece e os anos nos darão as respostas.

Já Fiuk, tem se apresentado na televisão mais do que o pastor R.R. Soares, anterior recordista de aparições na tv. É Malhação, é Caldeirão, é Faustão, é Fantástico (o programa, não o adjetivo), é banda, é cd. Fiuk tem sido contestado, assim como sua irmã quando surgiu. Bom, mas ele tem talento que justifique tamanha exposição na mídia? Essa é mais fácil responder: ele não canta bem, não atua bem. O que explica então a horda de garotas a gritar e suspirar pelo marmanjo? Beleza e mídia. E convenhamos, ele herdou os dois do pai. Espera-se que ele não resolva no futuro, querer posar de maduro e estabelecido na carreira e estampar sua figura nas capas das revistas eróticas “femininas”. Não merecemos mais esse suplício. Basta já ter que ouvi-lo cantar e atuar. Mas tem quem goste...fazer o que?

Pra não ficar de fora da família midiática, o pai também resolveu aparecer. Fábio Jr - este sim incontestável como cantor e razoável como ator – chegou ao fim do seu sétimo casamento, este com o exagero de mulher que é a Mari Alexandre. Nos programas de “fuxico” voltou a ser a bola da vez, dividindo espaço com o resto da família. Fábio tem casado na mesma proporção com que lança discos. Talvez ele dê alguma declaração se dizendo um “eterno apaixonado”, mas o objetivo dele parece ser outro: entrar pro Guinness Book no lugar da Liz Taylor.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ainda bem que a Espanha ganhou a Copa


AINDA BEM QUE A ESPANHA GANHOU A COPA - por Moacir Poconé

“Estádio Sarriá, 1982. Copa da Espanha. O Brasil joga pelo empate contra a Itália para ir às semifinais. Mesmo assim, o time não joga na retranca. Busca a vitória. E perde o jogo por 3 a 2. Era a eliminação da seleção de jogava o futebol mais bonito daquela Copa. Seria um desastre para o próprio futebol.”

“Estádio Soccer City, 2010. Copa da África. Espanha e Holanda fazem a final. O time espanhol é mais talentoso, menos burocrático. Joga pra frente. Possui volantes que sabem jogar futebol. A Espanha vence o jogo. E mostra ao mundo que é possível jogar bonito e ser campeão."

É impressionante como a conquista da Copa do Mundo influencia o futebol. Em 1982, a seleção italiana jogava um futebol de resultados. Empatara os três primeiros jogos da 1ª. fase e somente se classificara como terceira do seu grupo (naquele tempo era assim). Na segunda fase, os italianos ganharam quando era necessário e chegaram à conquista de sua terceira copa. Por muitos e muitos anos, o futebol se viu prisioneiro desse esquema de resultados, em que a defesa é privilegiada. Marcação, força física e disciplina tática venceram a alegria, o talento e o improviso dos jogadores.

Atualmente, vemos uma verdadeira revolução nesse cenário após a vitória espanhola na última copa. Esquemas táticos como o 4-4-2 e o 3-5-2 foram substituídos pela forma de como se joga. Não importam números, e sim a filosofia que a equipe possui. O que é mais importante? Evitar gols? Ou seria melhor fazê-los? A conquista espanhola coroou a tese de que é preciso buscar a vitória e não esperar que ela lhe caia nos braços. Vários times e até mesmo seleções de outros países têm se inspirado na maneira de como joga a Espanha e isso tem proporcionado alegrias aos torcedores e aos amantes do bom futebol.

Um caso exemplar é o da seleção brasileira. Há anos (talvez décadas) que nossos treinadores têm apostado em táticas cautelosas, nas quais se vislumbra uma clara preocupação em não ter a defesa vazada. Mas na qual existe o outro lado da moeda: abdica-se do ataque. Na Copa de 2010 vimos um time em que o principal setor era a defesa. Nosso goleiro, o melhor do mundo. E o talento do jogador brasileiro? “Não se pode abrir muito o meio-de-campo”, dizia o técnico. E se enchia o meio-de-campo de brutamontes, que mal sabiam dar um passe para o lado. Ao se tomar um gol (pois não há defesa invencível) como reagir? Como quebrar o paradigma de que o melhor ataque é a defesa e pensar em marcar gols?

Felizmente, a Espanha se sagrou campeã. E a nova seleção de Mano Menezes já segue essa influência. Há muito tempo não se via uma seleção brasileira tão talentosa, com tanta vontade de chegar ao ataque e de marcar gols. A imprensa nacional e internacional comemoraram a volta de nosso futebol. É certo que foi apenas uma partida do novo time, mas já se percebe a mudança. Na verdade, é a volta do futebol alegre, vistoso que sempre foi a marca registrada de nossa seleção. Bem diferente da seleção italiana de 1982 e muito próxima do time espanhol de 2010.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ói! Olha o trem!

ÓI! OLHA O TREM! – por Fabiano Andrade (contribuição)

Olá, meia-dúzia de leitores. Hoje, temos o texto de um colaborador. A correria desses meus dias me impediram de escrever e, aliado à importância do tema do texto e do amigo, vamos publicá-los. Um abraço e semana que vem estamos aqui de novo. (Vicente Bezerra). Eis o texto:

Eleições chegando e tudo em sua volta esmaece. Há menos de quatro anos para o início da copa, as incertezas sobre o transporte ferroviário preocupam. Não se sabe quem vai manter e cuidar deste transporte. A constituição determina que o transporte urbano seja de responsabilidade do município ou do estado, mas hoje quem faz este papel, no sistema ferroviário, em algumas capitais sedes da Copa brasileira é a estatal federal Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) – prova da incapacidade da Gestão Pública.

Os municípios utilizadores do sistema ferroviário trabalham com o serviço no vermelho. O faturamento com os passageiros cobre apenas 40% dos custos operacionais das ferrovias, o restante vem de repasses do Governo Federal. Se os municípios não têm condições de arcar com os custos de funcionamento e é uma empresa estatal quem administra o setor nessas localidades, leva a crer que, dessa forma, tudo fluiria bem. Porém, a CBTU, que desde o ano passado administra à distância, não conseguiu nem pagar sua última folha anual que foi de R$ 211 milhões contra uma receita de R$ 110 milhões. A quem interessa o caos? Por que será que as linhas férreas brasileiras não atraem usuários? Será que é mais barato sair de casa com seu próprio carro? Preocupar-se com estacionamento? Congestionamento? Furto?

E surgindo detrás da montanha vem o trem, fumegando o resquício da qualidade européia, chorume japonês. E aqui os esperaremos em 2014. “Quem vai chorar? Quem vai sorrir?”

“Quem vai chorar? Quem vai sorrir?”

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Troque seu cachorro por uma criança pobre


TROQUE SEU CACHORRO POR UMA CRIANÇA POBRE - por Moacir Poconé

Nesta última quarta-feira, a equipe do Santos se sagrou campeão da Copa do Brasil mesmo após a derrota para o Vitória. Essa conquista, no entanto, foi um pouco ofuscada pelo comportamento grosseiro de alguns jogadores do clube paulista no último final de semana.

Após uma partida do Campeonato Brasileiro, três jogadores do Santos, dentre eles o goleiro Felipe, acessaram a internet e se puseram a “teclar” com torcedores. Usavam uma webcam, com a qual se podia notar que não estavam sóbrios. Um dos torcedores, de modo provocativo, ofendeu o goleiro chamando-o de “mão de alface”, numa alusão a sua falta de segurança no gol. Então, eis que o goleiro Felipe, de modo grosseiro, proferiu a seguinte frase direcionada ao torcedor: “O que eu gasto de ração com o meu cachorro é o teu salário no mês”.

Perceba-se que não houve invasão na privacidade dos jogadores santistas. Foram eles que abriram a janela para que os interessados adentrassem em sua intimidade. Devem fazer isso para sentir o quanto estão distantes da realidade dos demais brasileiros. Certamente se consideram seres superiores, pois ainda jovens já encontraram sucesso e dinheiro, enquanto que os simples mortais trabalham arduamente e são mal remunerados como bem observou o goleiro santista em sua frase de extremo mau gosto.

Ao ouvir a famigerada frase, lembrei-me de um clássico do rock nos anos 80. “Troque seu cachorro por uma criança pobre”, diziam os versos iniciais do Rock da Cachorra, de autoria de Léo Jaime, famosa na voz de Eduardo Dusek. Numa letra ácida, o compositor faz uma crítica aos cuidados exagerados que alguns têm com seu animal de estimação, enquanto há seres humanos vivendo em condição de miséria. Ao fim da canção, surge uma outra alternativa: a de dar atenção aos dois (ao cachorro e ao menino):

Seja mais humano
Seja menos canino
Dê guarita pro cachorro
Mas também dê pro menino
Se não um dia desse você
Vai amanhecer latindo
Uau! Uau! Uau!...

Tem gente que já está latindo...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Exemplo de candidatos


EXEMPLO DE CANDIDATOS! - por Vicente Bezerra

Tiririca, Ronaldo Ésper, Kiko do KLBestas, Maguila, Simony, Vampeta, Netinho de Paula, Jean Willys (ex-BBB !?!), Marcelinho Carioca, Leandro (também dos KLBobos), Romário, Leci Brandão, Popó, Joãosinho Trinta, Túlio Maravilha e Reginaldo Rossi. Você deve estar pensando que essa é a lista de convidados da semana para o Programa do Gugu. Não é. É algo pior: todas essas “celebridades” citadas poderão reger os destinos do nosso país. Como? Todos serão candidatos na próxima eleição.

“Não se ria minha senhora, pois sua filha pode estar aqui dentro” diz o cantor/comediante cearense Falcão em uma de suas músicas. É isso mesmo, não se ria, podemos todos estar dentro dessa, mesmo involuntariamente.

Sempre concordei e admirei o político Cristóvam Buarque, não só por sua postura e inteligência, mas sobretudo por defender como objetivo principal de suas ações a educação. Só a falta desta justifica a candidatura dessas pessoas. Muitos podem dizer que a maioria dos políticos são formados, possuem “cultura” e as coisas andam como vemos: corrupção e escândalos. Realmente, isso existe e não devemos tolerar. Mas o que faz crer que os candidatos citados melhorem o panorama? Alguém imagina que projeto de lei pode um Vampeta ou Maguila apresentar? Quais interesses os KLBs irão defender? A Simony vai criar o programa “ursinho de pelúcia zero”, para que toda criança não fique sem o seu “pimpão”. Reginaldo Rossi deverá instituir o “Dia do Corno” como feriado nacional. Já Joãosinho Trinta, um eterno carnaval. Quem me convence que Romário, que faltava treinos, estará presente nas sessões da câmara? E pra completar a palhaçada, lógico, teremos Tiririca. Realmente o Brasil não é um País sério.

Ah, tinha esquecido do Frank Aguiar! Au!

O pior pode estar por vir: eles podem se eleger! Muitos desses candidatos possuem grande identificação com o povão, com as “massas” e devem arrebatar muitos votos. Some-se a isso os votos que são dados por protesto ou até mesmo por graça e chacota. Exemplo disso foi o Enéas (meu nome é Enéas!!!), que teve expressivas votações em sua vida justamente por esses motivos.

Não é preciso dizer que nós eleitores teremos que fazer esse filtro. Não só impedir que essas “celebridades” oportunistas piorem o que já está ruim, mas também abrir o olho quanto às velhas e novas raposas que pretendem herdar as suas “capitanias hereditárias”. Pensemos bem em quem votamos.

P.S. – Esse texto sofreu uma prévia e também autocensura, por uma passagem um pouco mais pesada em referência à Simony. Os interessados em saber sobre, e-mail-me.