sábado, 6 de agosto de 2011

O melhor filme de... Clint Eastwood


 O MELHOR FILME DE... CLINT EASTWOOD – por Moacir Poconé

Um dos maiores exemplos (senão o maior) do ator que se reinventou no cinema mundial é o de Clint Eastwood. Tornou-se conhecido nas décadas de 60 e 70 por estrelar faroestes macarrônicos (nome dado pelo fato dos diretores serem italianos), especialmente os dirigidos por Sergio Leone, como Três homens em conflito e Por um punhado de dólares. Notabilizou-se também por dar vida a um dos durões mais famosos do cinema: o detetive “Dirty” Harry, nas décadas de 70 e 80.

Ainda na década de 70, Clint começa a dirigir e produzir filmes, além de fazer a trilha sonora de alguns, já que é um apaixonado por jazz. Com seus dramas carregados de forte teor psicológico, alcança grande aceitação do público e da crítica, tendo ganho inclusive dois prêmios Oscar na categoria “melhor direção”. As pontes de Madison, Sobre meninos e lobos, Os imperdoáveis, A troca e Gran Torino são apenas alguns exemplos dessa nova fase desse verdadeiro astro do cinema que, aos 81 anos, continua em intensa atividade nos sets de filmagem.

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"Se existe magia em lutar além dos limites da resistência, esta é a mágica de arriscar tudo por um sonho que ninguém enxerga, só você".

"Eu conheci o mundo, eu vi as pessoas gritarem meu nome, você acha que alguma vez eu sonhei com isso?" (do filme Menina de Ouro)

A história de um velho treinador de boxe que tem uma péssima relação com sua filha e que se vê praticamente obrigado a treinar uma garçonete já com 31 anos de idade é o fio condutor de Menina de Ouro, grande vencedor do Oscar 2005, com quatro prêmios, incluindo melhor filme, diretor (Clint Eastwood, atriz (Hillary Swank) e ator coadjuvante (Morgan Freeman). O relacionamento inicialmente difícil entre Frankie Dunn (o treinador) e MaggieFitzgerald (a lutadora) se transforma numa estreita relação de amizade, certamente a relação que o amargurado senhor quisera ter com sua filha. Por outro lado, a batalhadora Maggie é uma jovem esperançosa, mas que sofreu ao longo da vida com sua família desprezível e subempregos. Mesmo assim é uma personagem otimista e principalmente perseverante. Não desiste de seus objetivos, ainda que se mostrem utópicos. E luta (literalmente) por ele.

A narrativa é feita, em grande parte, por Scrap, até então o único amigo de Frankie. Scrap é um velho lutador aposentado que mora no ginásio do treinador e que ao contar a história vai também nos deixando suas impressões. É ele, inclusive, que convence o inflexível Frankie a treinar Maggie. Até a primeira metade do filme temos o crescimento da amizade entre as personagens antagônicas e a improvável conquista da lutadora. Tudo parece caminhar para mais um desfecho feliz quando é Eastwood que nos dá um “soco no estômago”, mergulhando vertiginosamente num final depressivo e arrasador, mas que não foge em momento algum da realidade. Certo que essa realidade se mostra dura demais para alguns, mas a vida não é feita apenas de momentos felizes (e os filmes também não).

Menina de Ouro é uma história que possui os mais felizes e os mais trágicos sentimentos que o ser humano pode experimentar: alegria, superação, amizade postas lado a lado com a ingratidão, a tristeza e o sofrimento. Mais que um filme sobre boxe é um filme sobre a condição humana e suas fragilidades. Para mim, o melhor filme de Clint Eastwood.

7 comentários:

  1. Grande Moacir. 3 homens em conflito - embora bang bang italiano - é um filmaço, clássico! Me surpreendeu a escolha de Clint. Abraço.
    p.s.: já estou com computador e quarta voltam os textos...
    Vicente

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  2. Obrigado, Vicente. Mas o que o surpreendeu foi o filme escolhido como " Omelhor de" ou o ator (e diretor, no caso) em si?
    Moacir Poconé

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  3. Faltou mencionar As Cartas de Iwo Jima e A Conquista da Honra!

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  4. É verdade Igor: As cartas de Iwo Jima e A conquista da honra são dois grandes filmes de Eastwood que mereciam ser mencionados. Comente sempre. Valeu!
    Moacir Poconé

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  5. A surpresa foi a escolha de Clint pelo fato de não ser considerado um ator de primeira linha, e como diretor ter despontado tardiamente. Abraço

    Vicente

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  6. Sou suspeita pra falar de "Menina de Ouro". Já assisti várias vezes, e a cada novo olhar, um novo encanto. Fantástico!

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  7. Também acho, Milena. É o tipo do filme que a cada vez que é revisto surgem novos detalhes. Obrigado pela participação! Abraços
    Moacir Poconé

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