sexta-feira, 22 de junho de 2012

Esquartejar virou moda



ESQUARTEJAR VIROU MODA – por Moacir Poconé

Está no dicionário: esquartejar – dividir um todo em quatro partes, dilacerar, despedaçar. Na seara criminal, mais especificamente, temos que é o “ato homicida de cortar os membros da vítima em pedaços, separando-os”. Um crime bizarro por sua crueldade e que, por incrível que pareça, está em alta em nosso País.

Recentemente, a mídia tem noticiado diversos casos de corpos encontrados aos pedaços. Até mesmo a estranheza que se sentia ao ouvir notícias desse tipo de crime está perdendo o impacto. O normal parece ser, especificamente nos chamados crimes passionais, a dilaceração do corpo da vítima, ou para ocultação do cadáver ou simplesmente devido ao ódio do autor. Alguns desses crimes, claro, ganham mais destaque. É o caso da ex-garota de programa Eliza Matsunaga, protagonista do já batizado caso Yoki. A história por si já possui o apelo da repercussão: alto executivo, milionário, apaixona-se por garota de programa, têm uma filha, vivem um casamento dos sonhos, até que ele é morto de forma cruel.

Agindo por medo, ódio ou ciúmes, o fato é que Eliza não só matou o marido como o esquartejou. Ainda mais: conforme laudos técnicos, a degola e o desmembramentos dos braços da vítima foi feito enquanto ela ainda estava viva. Não se sabe se o algoz tinha conhecimento dessa fato ou não, mas assombra pelo detalhe aterrorizante. Se a prática do esquartejamento já causa repugnância ao ser feita em cadáveres, mais ainda num ser humano vivo, talvez até consciente dessa condição.

Ao longo da história, sempre se esquartejaram pessoas, notadamente aquelas que conspiravam contra reis ou que atentaram contra a vida dos monarcas. No Brasil, o caso mais famoso é o de Tiradentes, que morreu enforcado, mas que teve a determinação do esquartejamento como desdobramento da pena. A cena tornou-se famosa, retratada no quadro do pintor Pedro Américo que ilustra essa postagem. Era parte da pena capital, imposta pelo Estado, e não objeto da loucura de indivíduos. Era exceção e não costume, como parece ser nos dias de hoje.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Cronologia de um ex-craque




CRONOLOGIA DE UM EX-CRAQUE - por Moacir Poconé

2012 – Começo da queda

Junho - Ronaldinho é contratado pelo Atlético-MG.

Agosto – após jogar mal por mais de cinco jogos, Ronaldinho falta treinos alegando estar doente. Exames comprovarão que era ressaca.

Setembro - Vai para a reserva, muito criticado. Em entrevista ao Fantástico promete dar a volta por cima.

Outubro – Lança um clipe com a banda de pagode Sorriso Maroto.

Dezembro - Depois de um campeonato brasileiro pífio (marcou somente cinco gols, sendo dois de pênalti) seu contrato não é renovado.

2013 – Ano novo, vida nem tanto

Janeiro – Após diversas especulações, é contratado pelo América-MG.

Março – O time não faz um bom campeonato e é rebaixado no Campeonato Mineiro para a segunda divisão.

Junho – Ronaldinho é anunciado como o grande reforço do Grêmio, mas não o gaúcho, e sim o Barueri, que disputará a Série C do Campeonato Brasileiro.

Dezembro - O Grêmio Barueri termina em oitavo lugar e Ronaldinho termina o campeonato sendo reserva de Marcelinho Paraíba, destaque do time paulista.

2014 – O recomeço?
Janeiro – Após uma balada no Rio de Janeiro, Ronaldinho é levado a uma delegacia acusado de não querer pagar o programa de duas supostas “moças” que lhe prestaram serviços.

Março – Bem mais gordo, diz que não abandona os gramados e que ainda tem muito para mostrar em entrevista no Programa do Ratinho.

Maio – O seu irmão e também seu agente é preso por sonegação fiscal. O jogador afirma que passará ele mesmo a cuidar de seus contratos.

Junho – É chamado para compor a seleção brasileira de futebol de areia no 34º Mundialito da modalidade. Joga apenas meio tempo e diz não se adaptar ao jogo.

Agosto – É chamado para compor a seleção gaúcha ou mineira ou carioca ou paulista de showbol. Joga somente uma partida e não aparece mais. É visto numa boate em São Paulo.

2015 – Início do fim



Agosto – em rara aparição, afirma que desconhece as três mulheres que o acusam de ser pai de seus filhos.

Outubro – pede ajuda a Neymar, astro do futebol brasileiro após a conquista do mundial, por estar passando grave situação financeira.



2016 – O fim



Maio – Seus bens são confiscados devido aos processos do irmão. Some da mídia.



Setembro – Testemunhas afirmar tê-lo visto em um circo nos arredores de Maringá, em exibições de equilíbrio de bola.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

O melhor filme de... Woody Allen



O MELHOR FILME DE... WOODY ALLEN – por Moacir Poconé

O sujeito tímido, pessimista, que se considera um verdadeiro fracasso é o elemento característico de Woody Allen. Essa personagem (ou não) existe no limite da realidade. Não sabemos se o ator/diretor é assim ou se tudo não passa de um jogo de cena. Especialista em narrar tipos repletos de obsessões e em falar de sua Nova York, é o roteirista com mais indicações ao Oscar em todos os tempos (doze no total), além de ter dirigido e atuado em pelo menos uma dezena de grandes filmes. Sua obra não traz o espetáculo artificial das mega produções hollywoodianas, e sim a análise da vida de pessoas comuns em situações comuns. Fantasia e realidade também se encontram às vezes, elevando a experiência da Sétima Arte. Filmes memoráveis como os já clássicos Noivo Neurótico, Noiva Nervosa; Manhattan; Hannah e Suas Irmãs, Crimes e Pecados; Poderosa Afrodite; Match Point; Vicky Cristina Barcelona e o recente Meia-Noite em Paris, são exemplos da obra desse grande diretor/ator/roteirista que enriquece o cinema com a inteligência de seus filmes.

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"Acabei de encontrar um homem maravilhoso. É de ficção, mas não se pode ter tudo."
                                                                                Cecilia/Mia Farrow em “A Rosa Púrpura do Cairo”


A fusão entre ficção e realidade alcança contornos indescritíveis nessa grande obra do cinema, dirigida por Woody Allen. Embora não atue como ator, sua marca se percebe em cada cena. É o jogo provocada pela imaginação que se apresenta agradável e a cruel verdade.

Tendo como cenário o momento da Grande Depressão, uma garçonete (Mia Farrow) tem de sustentar a si e ao marido, um bêbado violento. Encontra no cinema seu ponto de fuga. Ao assistir ao filme “A Rosa Púrpura do Cairo” pela quinta vez tem uma grande surpresa quando o ator principal (Jeff Daniels) literalmente sai da tela e a convida para novas experiências de amor e carinho.

O mundo da fantasia se mostra muito mais prazeroso que o da realidade. A personagem Cecília, inclusive, tenciona mudar-se para o mundo da tela grande, quando poderia trazer seu amante para o seu mundo. Mas, embora real, não é o que ela deseja. Talvez mais do que alguém que a ame, Cecília deseja viver num lugar que a acolha. Pelo menos até que venha o próximo filme.

Trata-se, portanto, de uma aula de como conduzir uma narrativa, jogando a todo instante com elementos da ficção e da realidade, ao mesmo tempo em que se analisa a produção em massa da indústria cinematográfica que parece querer matar seus próprios ídolos. Uma grande obra, sem dúvida. Para mim, o melhor filme de Woody Allen.