UM NOVO PRECONCEITO – por Moacir Poconé
Pela primeira vez, o concurso de beleza Miss Universo aconteceu no Brasil. E pela primeira vez uma mulher negra foi a vencedora. A Miss Angola, Leila Lopes, foi a autora dessa proeza.
Em seguida, no território livre (mas nem tanto) da internet se viu uma enxurrada de opiniões. Alguns internautas chamaram o ocorrido de “efeito Obama”, outros viram a vitória do politicamente correto. Várias manifestações, inclusive do público presente ao evento, elogiavam a beleza exuberante e a simpatia da miss vencedora. Mas, logo estava instaurada a polêmica: seriam racistas aqueles que não concordaram com a vitória da primeira mulher negra no tão concorrido concurso de beleza?
Acredito sinceramente que não. Beleza é questão de gosto que, em outros tempos, sequer se discutia (apenas se aceitava). As pessoas podiam inocentemente dizer se gostavam de algo ou não, se achavam algo correto ou não e, claro, se achavam uma mulher bonita ou não. Parece que esse tempo acabou. Internautas que manifestavam o descontentamento com a escolha da africana como vencedora eram chamados de preconceituosos apenas por preferir a Miss Colômbia ou a Miss Venezuela, por exemplo. Afinal, qual o problema em achar uma mulher mais bonita (ou mais feia) que outra? Não é para isso que servem os concursos de beleza?
Estamos caminhando para um tempo em que nada mais poderá ser dito ou pensado. Tudo que envolve mulher, negro, homossexual, idoso, deficiente físico ou mental e outras minorias deverá ser encarado como “indiscutível”, ou seja, ninguém pode se atrever a falar ou opinar sobre o assunto. Nem mesmo banalidades, como a escolha da Miss Universo. Não será esse radicalismo uma nova forma de preconceito?
Pois é, isso já está ficando chato. As própias pessoas que são descriminadas por terem algum problema físico ou porque simplismente não possui um padrão de beleza estabelecido pela sociedade, deveriam deixar isso de lado. Temos muitos exemplos de superação por aí, uma diferença não faz ninguém melhor ou pior. Só traz um desafio a mais para ser enfrentado.
ResponderExcluirÓtimo texto,e realmente estamos caminhado para a criação de uma nova forma de preconceito e quase uma censura. A cada dia que passa perdemos mais a liberdade de expressão, já não podemos achar mais ninguém feio, pois corremos o risco de ser processado.
ResponderExcluirCom certeza Moacir! A patrulha do politicamente correto tem distorcido valores e, futuramente, poderemos ter problemas com isso. Por exemplo, já há quem queira criar o dia do heterossexual, como revide. É válido? Acho que picuinhas "separatistas" em nada acrescentam. Parabéns mais uma vez pelo texto. E para os nossos leitores, volto quarta, depois de um longo período de estiagem. Abraço, amigo.
ResponderExcluirVicente Bezerra
Muito obrigado pelos comentários. Fico muito feliz com a participação pois um dos objetivos do blog é esse: estimular o debate. O espaço está sempre aberto para as mais variadas opiniões.
ResponderExcluirMoacir Poconé
Essa realmente não posso deixar de comentar.
ResponderExcluirLet's Go!
Acredito sim q pode surgir um novo tipo de preconceito, só que na cabeça de quem já tem isso tudo no seu subconsciente e q pior, acredita nisso. Sei q questão de gosto não se discute, mas q existem gostos q eu nem prefiro ouvir, ah, isso existem. Não é questão de politicamente correto é questão de EU SOU ASSIM, NASCI ASSIM E SOU FELIZ ASSIM. Posso comparar isso tudo com o #orgulhodesernordestino.
O nordestino tem culpa de falar do jeito que fala? Vc queria oq? Que o nordestino falasse russo por natureza?!
O Cearense tem culpa do formato da sua cabeça?
O que deveria ser discutido é o constrangimento e o "deixar o outro triste" por qualquer tipo de comentário absurdo. Já q tem coisas q não precisam ser ditas.
Tomara q eu não tenha sido o mais claro possível.
Gilmagno Amado Santos
Cjavest - 2011
Caro Gilmagno. Obrigado pelo comentário, mas não pude deixar de notar certo preconceito em suas palavras. As frases "O nordestino tem culpa de falar do jeito que fala?" e "O Cearense tem culpa do formato da sua cabeça?" são extremamente preconceituosas. Colocam o falar do nordestino e a cabeça do cearense como coisas ruins, fora dos "padrões" estabelecidos. Realmente, como bem diz sua frase final, você não foi o mais claro possível. Ou talvez não tenha compreendido a essência do texto. De todo modo, participe sempre. Abraços!
ResponderExcluirMoacir Poconé
O assunto em pauta é um "mote para vários motes"... nos deparamos com uma sociedade (e até mesmo um sistema político) que reprime o direito de expressão... hoje vc nao pode simplesmente discordar de um comportamento, ou de um ponto de vista... pois isso logo gera uma polêmica sem fim. Atrás dessa falácia, porém, existe uma carga de hipocrisia imensurável, uma vez que, para não ser repudiado pelo "comportamento preconceituoso", vc acaba "cedendo" as opiniões comuns a sociedade do abaixo o preconceito. Acho de extrema relevância essa discussão, pq, ao meu ver, esse fator comum de opiniões leva a uma tremenda alienação.
ResponderExcluirMuito legal seu texto, professor e muito bacana o blog.
Kisses and hugs! m*.*m