sexta-feira, 1 de junho de 2012

O melhor filme de... Woody Allen



O MELHOR FILME DE... WOODY ALLEN – por Moacir Poconé

O sujeito tímido, pessimista, que se considera um verdadeiro fracasso é o elemento característico de Woody Allen. Essa personagem (ou não) existe no limite da realidade. Não sabemos se o ator/diretor é assim ou se tudo não passa de um jogo de cena. Especialista em narrar tipos repletos de obsessões e em falar de sua Nova York, é o roteirista com mais indicações ao Oscar em todos os tempos (doze no total), além de ter dirigido e atuado em pelo menos uma dezena de grandes filmes. Sua obra não traz o espetáculo artificial das mega produções hollywoodianas, e sim a análise da vida de pessoas comuns em situações comuns. Fantasia e realidade também se encontram às vezes, elevando a experiência da Sétima Arte. Filmes memoráveis como os já clássicos Noivo Neurótico, Noiva Nervosa; Manhattan; Hannah e Suas Irmãs, Crimes e Pecados; Poderosa Afrodite; Match Point; Vicky Cristina Barcelona e o recente Meia-Noite em Paris, são exemplos da obra desse grande diretor/ator/roteirista que enriquece o cinema com a inteligência de seus filmes.

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"Acabei de encontrar um homem maravilhoso. É de ficção, mas não se pode ter tudo."
                                                                                Cecilia/Mia Farrow em “A Rosa Púrpura do Cairo”


A fusão entre ficção e realidade alcança contornos indescritíveis nessa grande obra do cinema, dirigida por Woody Allen. Embora não atue como ator, sua marca se percebe em cada cena. É o jogo provocada pela imaginação que se apresenta agradável e a cruel verdade.

Tendo como cenário o momento da Grande Depressão, uma garçonete (Mia Farrow) tem de sustentar a si e ao marido, um bêbado violento. Encontra no cinema seu ponto de fuga. Ao assistir ao filme “A Rosa Púrpura do Cairo” pela quinta vez tem uma grande surpresa quando o ator principal (Jeff Daniels) literalmente sai da tela e a convida para novas experiências de amor e carinho.

O mundo da fantasia se mostra muito mais prazeroso que o da realidade. A personagem Cecília, inclusive, tenciona mudar-se para o mundo da tela grande, quando poderia trazer seu amante para o seu mundo. Mas, embora real, não é o que ela deseja. Talvez mais do que alguém que a ame, Cecília deseja viver num lugar que a acolha. Pelo menos até que venha o próximo filme.

Trata-se, portanto, de uma aula de como conduzir uma narrativa, jogando a todo instante com elementos da ficção e da realidade, ao mesmo tempo em que se analisa a produção em massa da indústria cinematográfica que parece querer matar seus próprios ídolos. Uma grande obra, sem dúvida. Para mim, o melhor filme de Woody Allen.

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