sábado, 11 de fevereiro de 2012

Polícia para quem precisa


POLÍCIA PARA QUEM PRECISA – por Moacir Poconé

Carnaval chegando e eis que surge uma nova modalidade de crime: o sequestro em massa da população. Ao que tudo indica, milhões de pessoas serão mantidas em cárcere privado, por medo de sair às ruas ou ir às cidades em que a festa momesca é maior, como Salvador e Rio de Janeiro. As polícias destes Estados cruzaram os braços e fazem das exigências um verdadeiro pagamento de resgate para o fim da situação.

A greve é um instrumento legítimo para a classe trabalhadora buscar melhores condições de vida. Os salários dos policiais em todo o Brasil, via de regra, são baixos, isso não se discute. Discutível é a forma como se dão os fatos: invasão da Assembleia Legislativa de Salvador e consequente quebra-quebra da coisa pública, conchavos nos bastidores com políticos interessados nas próximas eleições, atentados nas ruas e intransigência. Independente de qualquer resolução local, os grevistas querem uma conquista nacional: a aprovação da PEC 300, proposta de emenda constitucional que cria um piso nacional para todos os policiais. E forçam os legisladores a aprovarem essa emenda de qualquer forma, anunciando uma greve geral das polícias em praticamente todos os Estados.

A população se vê no meio de um fogo cruzado. Houve aumento de 140% no número de homicídios na Bahia nos últimos dias. O comércio está fechado, escolas públicas não voltaram às aulas e o turismo vê um grande número de pacotes para o Carnaval ser cancelado. Já no Rio de Janeiro, embora o governo tenha se adiantado e aprovado um pacote de aumentos salariais até o ano de 2013, houve deflagração da greve na última quinta-feira, embora a adesão não esteja como na capital baiana. Mas já se veem riscos para o carnaval fluminense. Os líderes desses movimentos circulam pelos Estados, incitando a violência e cobrando dos seus companheiros a mesma atitude. Transformam-se em verdadeiros marginais, pegos em flagrante em conversas exibidas nos meios de comunicação, planejando ataques a caminhões ou deixando a greve ser usada como instrumento político.

Veremos os desdobramentos dessa conjuntura. Teremos uma onda de greves por todo o país (como se anuncia) ou o governo federal começa a agir e impede que isso ocorra? Enquanto isso, ficamos a mercê de bandidos, fardados ou não, numa insegurança que assusta e que nos prende.

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