quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Justa mudança


O governo de Jackson Barreto vem sendo alvo de muitas críticas. Muitas delas, merecidas. Entretanto, o governador tomou uma medida que há muito se esperava de um mandatário sergipano: retirou o nome de ditadores brasileiros de algumas escolas e praça de esportes do nosso Estado, numa recomendação da Comissão Nacional da Verdade.

Ao se homenagear um vulto histórico, espera-se que dele surjam referências dignas de um ser humano. Ainda mais numa escola, em que a formação do jovem está acontecendo. Esse certamente era o caso mais alarmante da contradição que era ter como nome da instituição o de um general ditador do regime militar. Era o que acontecia nos colégios Pres. Médici, Costa e Silva e Castelo Branco. Mudaram-se os nomes, respectivamente, para presidente Nelson Mandela, símbolo da luta contra a segregação racial, prof. Paulo Freire, reputado como um dos maiores educadores do Brasil e prof. João Costa, emérito educador sergipano. Também houve mudança no nome do Estádio de Itabaiana, chamado presidente Médici. Agora, será chamado de Etelvino Mendonça, desportista daquela cidade.

Mais que uma mera mudança nos nomes, a alteração significa uma correção, para que um momento lamentável de nossa História seja visto como degradante que foi e não algo a ser exaltado. Momento histórico que, infelizmente, é trazido por alguns como benéfico, chegando a ser pedido o seu retorno em atos públicos ou na própria internet. Será muito importante agora explicar o porquê das mudanças, destacando-se os atos opressores dos detentores dos nomes retirados e os atos humanísticos dos detentores dos nomes que agora chegam.

O único senão de todo esse processo se deve ao fato de a própria população envolvida não ter sido ouvida no debate em alguns casos. O próprio governador reconheceu esse erro no momento em que assinou o decreto que promoveu a alteração. Realmente. Seria perfeito ter dado a palavra às pessoas, numa celebração da liberdade de expressão justamente contra líderes autoritários. Mas já se trata, sem dúvida, de um grande avanço em prol da memória daqueles que lutaram em defesa de um mundo melhor.


Nenhum comentário:

Postar um comentário