sexta-feira, 25 de maio de 2012

Quem cala não consente




QUEM CALA NÃO CONSENTE – por Moacir Poconé

Um dos ditados de conhecimento universal diz: “Quem cala, consente”. Assim, pressupõe que aquele que fica calado, seja em qualquer circunstância, admite o fato que lhe é imputado.

Essa semana, essa máxima se viu agredida. Depoimento do bicheiro Carlinhos Cachoeira na CPI mista. O momento mais aguardado de toda a investigação. Os deputados e senadores com mais de cem perguntas prontas para fazer a “Vossa Senhoria”, como respeitosamente o chamavam. O contraventor, embora preso, compareceu à sessão de terno e gravata, um senhor muito distinto, pelo menos na aparência. Ao seu lado, o ex-ministro da justiça de Lula, o advogado Márcio Thomaz Bastos. Orientado por seu procurador, Cachoeira foi logo avisando que não iria responder nada. Falaria apenas após depoimento em juízo.

O que se viu em seguida foi um verdadeiro circo: perguntas teatralmente feitas por políticos que buscavam mais a própria evidência do que “evidências”, afinal a sessão era transmitida para todo o Brasil. Impávido, Cachoeira repetia, monocórdio, que nada iria dizer. Até que uma senadora, num arroubo de realismo, sugeriu suspender a sessão, dizendo que estavam “entregando o ouro ao bandido”, espera-se que no sentido conotativo. Disse ainda que o contraventor estava fazendo todos de “palhaços”, numa ofensa àquele que é a alegria do circo.

Enfim, nada se soube da boca que mais se queria ouvir. O seu calar nada confirmou. Protegido pelas leis que deveriam condená-lo, preferiu o silêncio que, nesse caso, serviu como um grande aliado. Nesse episódio, mais adequado seria o provérbio romano: "Tu é senhor do teu silêncio e dono da tua palavra". Esse Cachoeira soube muito bem utilizar.

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