segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Lei ou Justiça?







A decisão tomada pelo STJD em punir a Portuguesa pela escalação de um jogador desconhecido num jogo que já não valia nada na última rodada do Brasileirão equivale a punir com pena de morte a quem deu um tapa numa outra pessoa.

Qualquer pessoa, mesmo sendo torcedora do tricolor das Laranjeiras, sabe que em absolutamente nada teve influência a fatídica alteração realizada aos 35 minutos do segundo tempo. O mesmo ocorre com o Flamengo que também pode perder pontos por ter escalado André Santos num jogo tão amistoso contra o Cruzeiro que até o dia de sua realização foi alterado. Por que os times fariam tamanha lambança? Desorganização ou ingenuidade? Ou teríamos outras razões?

O Campeonato Brasileiro teve 38 rodadas. Transcorreu sem nenhum problema, sem qualquer ameaça de perda de pontos. Eis que, como numa estranha coincidência, um grande clube carioca, famoso por seu poder nos tribunais, vê a segunda divisão se aproximando de forma inescapável. Como num passe de mágica, informações ficam desencontradas, punições são descobertas, notificações não são dadas e tudo parece entrar num túnel do tempo que, pensava-se, tinha ficado para trás. Ainda mais quando o Fluminense figura como parte envolvida, uma vez que por diversas vezes vimos as chamadas “viradas de mesa” em favor do clube carioca que, por ironia, tem como mascote um cartola.

É preciso comparar a justiça comum com a justiça desportiva. Cada vez mais, aquela tem buscado a justiça, mesmo em detrimento ao que diz a letra fria da lei. Essa surge em plenpo século XXI ansiosa por cumprir o que diz o regulamento. Não se quer analisar as circunstâncias, os interesses, o que se ganhou com a infração cometida. Nada disso. Logo o futebol, um esporte, que no Brasil se notabilizou pela ginga, pelo drible, tem nos tribunais um molejo de zagueiro alemão, uma cintura dura, que não permite que se aplique uma pena conforme a infração que se cometeu.

O procurador Paulo Schmitt teve um posicionamento em 2010 a favor da justiça ( e não da lei) quando se cogitou tirar o título de campeão do Fluminense por irregularidades extracampo.  Chegou a dizer que era uma imoralidade o clube carioca fosse punido, mesmo tendo cometido uma infração semelhante à da Lusa de hoje. Agora, o mesmo procurador se mostra um guardião intransigente da lei. O que o terá feito mudar de ideia de forma tão radical?

Quem dera os clubes fizessem nos tribunais o que seus jogadores fazem quando um outro se machuca, colocando a bola pra fora para seu atendimento. O chamado fair-play. Imaginemos o presidente do Fluminense dizendo “O tribunal nos foi favorável. Mas preferimos jogar a série B, por uma questão de justiça.” Alguns tricolores, tenho certeza, teriam mais orgulho de seu time.

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