terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Marcelo Déda

 

As manifestações populares que vimos no funeral do governador Marcelo Déda mostraram o que ele representou para o povo sergipano. Um político moderno, que sabia conversar com as classes menos favorecidas e que personificou a ruptura de Sergipe com setores oligárquicos que há décadas mandavam em nosso Estado.

O sentimento que se viu na cerimônia fúnebre em Aracaju foi de orfandade. Milhares de pessoas pareciam olhar para o horizonte, que se mostra sombrio. Repentinamente, haviam ficado sem aquele que, com muito esforço, conseguira levar os trabalhadores, as classes populares, ao cargo máximo do poder executivo estadual. A vitória da ideologia sobre o dinheiro finalmente havia se concretizado. Claro que nem tudo foi um mar de rosas. Problemas existiram em seu governo, é certo, mas não se pode negar que a visão de um político socialista como foi Marcelo Déda difere (e muito) daqueles que pensam no poder como forma de exploração.

Ouvimos também nesses dias tristes, testemunhos da família, de amigos e mesmo de adversários. É certo que a morte santifica as pessoas, mas os pronunciamentos feitos nos fazem refletir um pouco e perceber que não é esse o caso. Desde a década de 80, com seu jeito diferente de fazer Política (com P maiúsculo, como bem disse a Presidente Dilma), Déda esteve sempre num nível acima de seus oponentes. Com a família, esteve sempre ao lado da mulher e dos filhos. Com a cultura, manteve relação de amor, colocando a leitura, o cinema e a música como suas paixões. Não à toa, é mencionado como um dos maiores oradores na política nas últimas décadas em nível nacional.

O fato é que a morte tem como uma de suas mais tristes características a certeza da finitude. Tudo o que foi, não mais será. Ela é o fim em si mesma. Acabou no dia dois de dezembro a trajetória brilhante do político e do homem Marcelo Déda. O que ainda conquistaria? Que alegrias teria? O que falaria a seu povo?  Nunca saberemos. Restou-nos o seu legado de homem público íntegro, pai de família responsável e pessoa culta. Que o seu exemplo sirva a outros políticos, para que possam ao menos ter em Marcelo Déda uma referência, uma meta a ser atingida. Já será um bom começo.

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