sábado, 14 de junho de 2014

Dois dias de Copa do Mundo no Brasil, dois dias de vaias e xingamentos injustos




 

Quem estava na abertura da Copa, em São Paulo, representando o país-sede não era Dilma Roussef. Era muito mais que ela. Era um símbolo do Brasil. Era o nosso maior mandatário, eleito democraticamente pelo povo e que naquele momento representava nossa nação. As vaias fazem parte do jogo, pois como dizia Nelson Rodrigues “Em campo de futebol, se vaia até minuto de silêncio”. Já os xingamentos com frases como “Ei, Dilma, vai tomar no c...”, demonstram a bestialidade desses indivíduos que comemoraram quando o Brasil foi escolhido como sede da copa e puderam estar ali no estádio, porque o povão mesmo não tem acesso à Copa da Fifa.

Os impropérios daqueles que o colunista Juca Kfouri  chamou de “elite branca, que tem dinheiro, mas não tem um mínimo e educação, civilidade ou espírito democrático” mostram a incoerência de quem se lambuza no prato oferecido por sua vítima. Josias de Souza, outro colunista do UOL, afirmou sobre o mesmo fato:  “(..) Porém, ao evoluir do apupo para o palavrão, a classe média presente ao Itaquerão exorbitou. Mais do que uma pose momentânea, o presidente da República é uma faixa. Xingá-la significa ofender a instituição”. Até mesmo o presidenciável Aécio Neves, rival de Dilma, veio às redes sociais demonstrar sua indignação com o comportamento das pessoas presentes no Estádio, embora que num primeiro momento os tenha apoiado.

Já no segundo dia de Copa, tivemos o brasileiro e lagartense Diego Costa estreando na competição com a camisa da Espanha. As vaias, certamente, eram esperadas. Mas o que se viu foi uma verdadeira perseguição ao atacante. Cada toque na bola, cada corrida em direção ao lance, eram acompanhados de uma vaia tão poderosa que parecia ser uma indignação. Apenas parecia. Não havia ninguém verdadeiramente indignado. Na verdade, uma campanha articulada pelo técnico do Brasil, Felipão, foi devidamente bancada pela imprensa, tornando o lagartense o mais novo inimigo do povo brasileiro. Para os que não pensam, um prato cheio para demonstram sua ignorância, forjada pela mídia sensacionalista.

Já no segundo tempo de jogo, ao ser substituído, vieram os xingamentos; “Diego, viado”, gritava a turba ensandecida. O que teria feito de tão grave o jogador para receber tal tratamento? A resposta: escolheu o país que o recebeu de braços abertos, onde fez toda sua carreira e em que viu a possibilidade de realizar o sonho de todo jogador de futebol, que é jogar o Mundial. Na seleção brasileira, não tinha qualquer garantia, sequer se seria convocado. Na seleção espanhola, é titular. Quem não faria o mesmo?

Dois dias de Copa do Mundo. Um presidente da república e um jogador de futebol execrados sumariamente em público.  Pessoas que pagaram caro para estarem ali e que não representam a sociedade brasileira, mas sim uma elite que se julga além do bem e do mal. O que mostra que nem sempre condição financeira é sinônimo de inteligência e boa educação.

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