sexta-feira, 8 de julho de 2011

Ironia espacial


IRONIA ESPACIAL – por Moacir Poconé

Nos anos 60, no auge da Guerra Fria, os Estados Unidos e a antiga União Soviética disputavam passo a passo a primazia espacial. A cada nova descoberta que pudesse levar o homem a pisar na Lua (o maior troféu de todos), a população desses países vibrava e, mais do que isso, um sistema econômico mostrava ao mundo o seu valor. Era a batalha entre capitalismo e comunismo.

Como sabemos, os Estados Unidos venceram essa guerra nas estrelas. Foi o primeiro país a chegar à Lua (embora muitos até hoje duvidem disso...) e implementou um programa espacial que permitiu a realização de diversas experiências num ambiente sem gravidade e a construção de uma estação espacial. Esse programa era viabilizado por um transporte que se tornou conhecido por todos como “ônibus espacial”. Lançado ao espaço por um foguete, permitia o retorno à Terra como um avião, aterrissando pistas de pouso. Um verdadeiro sucesso, com a exceção de duas tragédias ocorridas em 1986 e 2003, com os ônibus Challenger e Columbia que causou a morte de 14 astronautas. Mas não podemos esquecer que 335 astronautas das mais diversas nacionalidades usaram esse meio de transporte. Um número muito maior de sucessos que de fracassos, portanrto.

Hoje, o ônibus espacial Atlantis decolou para aquela que será a última missão desse símbolo norte-americano. Devido aos altos custos e ainda sob a suspeita da insegurança deixada pelos trágicos fracassos, a Nasa, agência espacial norte-americana, anunciou o fim da utilização dos ônibus espaciais por seus astronautas. Para se ter ideia da economia, cada missão de um ônibus espacial custava cerca de 2,5 bilhões de dólares. Já a tala “passagem” russa custará cerca de 145 milhões. A grande ironia está no fato de que agora esses astronautas “comprarão passagens” nas naves russas, suas antigas rivais até que, com a ajuda de empresas privadas, os Estados Unidos passem a utilizar um novo transporte ao espaço.

Desde os tempos de Gagarin e Armstrong, não há exemplo maior de que “o mundo dá voltas”. Nesse caso, calculadas em anos-luz.

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