sexta-feira, 23 de março de 2012

O homem que era duzentos


O HOMEM QUE ERA DUZENTOS - por Moacir Poconé

São Pedro, dono da chave da porta do céu, confere a lista com os recém-chegados do dia. São muitos, como acontece diariamente. Ele vai chamando um a um, conferindo o nome, a pessoa e dando as felicitações pela chegada ao descanso celestial.

Naquele dia, algo diferente. Um homem apenas. Mas na lista mais de duzentos nomes. “Não pode ser”, pensa o santo. “A lista está errada”. Mais uma conferida: duzentos nomes para uma só pessoa. Como é possível. E chama quase todos:

Albarde, Alberto Roberto, Albino, Al Cafone, Alfacinha, Alfano, Alfinete, Apolo, Azambuja, Badé Mangaio, Baiano, Bandeira, Bento Carneiro, Bexiga, Bicão, Bilac, Biruta, Bilingui,  Blim Blim,  Biu, Bolada, Bonfá, Bonfim, Bóris, Bozó, Brazuca, Bronco Billy, Bruce Kane, Caetano Codô, Caio Malufus, Calheiros, Canarinho, Canavieira, Capitão Trovão, Caramuru, Cascata, Castelinho, Celso Garcia, Charles Westminster, Chiquitim, Cisso Romão, Cleofas, Coalhada, Comandante Alencar, Coronel Bezerra, Coronel Candinho, Coronel Lidu, Coronel Limoeiro, Coronel Lindomar, Corrimão, Delegado Matoso, Divino, Dona Dedé, Dona Ilária, Doutor Excelência, Doutor Rosseti, Doutor Salgado, Ecolouco, Esquerdinha, Flávio Miralski, Flora Romão, Franciscano, Francisco Sufrágio, Frota, Fukida, Fumaça, Galileu, Gamação, Gastão, Genival, Gualicho, Haddock Lobo, Haroldo, Hilário, Honório Kauser, Jean Pierre, João Ninguém, Joca Ezequiel, José Maria, Jovem, Justo Veríssimo, Juventino Senta Aí, Karlos Kafunga, Kenny Rocha, Lingote, Linguinha, Lobato, Lobo Filho, Lord Black, Maria Baiana, Mariano, Marmo Carrara, Mauro Maurício, Meinha, Milton Gama, Mirandinha, Mister Happy, Napoleão, Nazareno, Neyde Taubaté, Nicanor, Nico Bondade, Nozinho, Olegário Rapp, Olindo, Osvaldão, Padre Miguel, Painho, Pantaleão, Paulo Brasilis, Paulo Jeton, Pedro Fortes, Popó, Primo Rico, Professor Beira Baixa, Professor Gavião, Professor Raimundo, Profeta, Prometeu, Quem-Quem, Quirino, Roberval Taylor, Roda-presa, Romero Gordi, Roubonildo da Afanação, Sacadura, Salomé, Santelmo, Savi Sevic, Setembrino Republicano, Seu Genaro, Seu Jayme, Severino Pandolé, Silva, Simplício Sudênio, Tadinho, Tan-Tan, Tavares, Tetéu, Tim Tones, Túlio Boccanegra, Tutóia, Tutu, Urubulino, Valentino, Véio Zuza, Vieira Souto, Virgílio, Vovó Zefa, Washington, Zé Faxineiro, Zé da Silva, Zé Tamborim, Zelberto Zel ...

Para cada nome, o homem responde afirmativamente.

São Pedro, afinal, pergunta. “Afinal, quem é você?”. Ao que o homem responde: “Todos eles. Sou eu e mais duzentos. Todos criei e todos vivi. Sou pai, sou filho e sou vida de cada um deles. Fazem parte de mim. Por isso, estão todos aqui. Comigo e em mim”.

“Então, que entrem todos. Sejam bem-vindos”

E o homem, passo a passo, entrou calmamente. Tinha um leve sorriso no rosto. Mas se ouviram risos de centenas de pessoas.

2 comentários:

  1. Além de muito criativo, foi um gênio e ser humano espetacular! Incontestável Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho!

    Wanderley

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  2. que homenagem linda Poconé! com certeza o humor brasileiro perde seu pai... espero que as proximas gerações humosristicas se espelhem nesse homem que era muito mais que duzentos!
    um abaço!

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