quarta-feira, 19 de maio de 2010

Terceira via?


TERCEIRA VIA? - Por Vicente Bezerra

Com a retirada da candidatura de Ciro Gomes, os holofotes da imprensa política se apressaram em direcionar suas luzes para Marina Silva, apontando a mesma como o fiel da balança nas próximas eleições ou uma terceira via.

Antes de aprofundarmos o assunto, falemos de Ciro. A candidatura do eterno “novo Collor”, muito antes de fazê-lo presidente, tinha outro objetivo: arrancar votos. A imprensa noticiava que, por trás das coxias, a candidatura de Ciro era combinada com a de Dilma Kruschev - (ops!) Rousseff - visando criticar, “bater” em José Serra como concorrente, e tecer no máximo críticas superficiais à Dilma. Era intenção enfraquecer a candidatura de Serra.

Voltemos à Marina Silva então. Nesse aspecto, a candidatura desta ex-ministra é independente. Embora ela possa retirar votos, será de ambos candidatos. Marina deve fazer críticas aos dois, indistintamente, não só pelo estilo do seu discurso, mas por não ter amarras ideológicas a nenhum deles, embora tenha tido num passado recente com os petistas.

Marina Silva pode realmente ser o fiel da balança. Pode ser quem defina os destinos do já previsto segundo turno. Seu apoio será mais cobiçado que uma vaga na seleção de Dunga. Mas Marina pode ser mais que isso também. Ela possui uma característica importante, que os outros dois candidatos não possuem: cara de povo, jeito de povo. Ou você não tem aquela vizinha que reclama de tudo em sua rua? Marina parece com nossa vizinha.

Nisso, Dilma e Serra estão atrás. Estão se esforçando. Vemos Serra usar chapéu, colocar boné, sorrir, abraçar. Coisas que não combinam com seu jeito soturno. Dilma vai pelo mesmo caminho, e notamos o quão forçado são esses gestos, pois os dois não conseguem ser naturais. É um festival de sorrisos amarelos. Falta carisma, e isso conta numa corrida eleitoral também.

Um caldeirão de minorias deve acompanhar Marina Silva. Por ser descendente de negros, nortista, ecologista, mulher e evangélica, deve ter a simpatia da maioria desses setores. Cabe a ela quebrar as barreiras destes, para não ficar estereotipada, e afugentar outros setores simpatizantes de seu discurso.

A candidata “verde” é mais próxima do povo, por parecer nossa vizinha. Mas isso também é um problema. Embora mais “povão”, Marina traz esse ranço: o da pessoa que contesta, “reclama” de tudo. Precisa ser mais leve no discurso, apresentar propostas claras e que demonstrem a governabilidade de suas idéias, em caso de vitória. Nossa vizinha pode surpreender. Precisa amadurecer um pouco mais politicamente, ainda está verde (não resisti ao trocadilho!). Bom, pelo menos ela sorri naturalmente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário