sexta-feira, 28 de maio de 2010

A vitória da antipatia

A VITÓRIA DA ANTIPATIA - por Moacir Poconé

Qualquer que seja o resultado da eleição presidencial deste ano já teremos um vencedor. Ou melhor, uma vencedora: a antipatia.

Contrariando o manual do político moderno, que alia dinamismo e competência com uma boa dose de empatia, os dois principais candidatos a presidente possuem a falta de carisma como uma característica comum. Isso parece muito estranho num país que tem um presidente tão popular e carismático como é Lula. Sem falar no índice de aprovação do atua governo, que transforma o continuísmo praticamente numa obrigação. Assim, o mais normal seria termos candidatos o mais próximo possível da figura do presidente. Mas não é isso que vemos. Tanto José Serra como Dilma Rousseff apresentam um comportamento oposto ao de Lula, seja nos discursos, seja perante as câmeras. Há um esforço grande, não se pode negar, em ser simpático, mas é justamente esse esforço que os torna antipáticos e artificiais.

E essa característica é fundamental para um bom governo? Claro que não. Não se quer aqui fazer uma apologia da beleza ou mesmo colocar num plano superior ao de uma administração correta o fascínio que o presidente exerça sobre as pessoas. Não é isso. Mas não podemos deixar de perceber que a antipatia vem se fortalecendo na sociedade brasileira. E não apenas no campo da política. Por exemplo, quando pensaríamos que num programa popular como o Big Brother Brasil um participante grosseiro e homofóbico, ou seja, uma figura extremamente antipática sairia vencedor? E a seleção brasileira, comandada pelo antipático Dunga, num regime de concentração no Paraná, sem permissão para a entrada de torcedores? Uma atitude extremamente antipática às vésperas do início da Copa.

Esses são alguns casos. Ser simpático, como se vê, está deixando de ser requisito para se conseguir ou manter algo conquistado. Os resultados não deixaram de acontecer por conta dessa característica. Ainda bem para Serra e Dilma, que poderão ganhar a eleição sem essa qualidade. Mas, certamente, teriam maior facilidade em governar se a possuíssem.

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