sexta-feira, 3 de junho de 2011

A mulher invisível e a oposição mambembe


A MULHER INVISÍVEL E A OPOSIÇÃO MAMBEMBE – por Vicente Bezerra

No filme e no agora seriado, Selton Melo vive um personagem que cria uma mulher imaginária, vista só por ele, com quem protagoniza cenas sensuais. É a “mulher invisível” como diz o título. Nossa presidente também tem sido invisível até o momento, no que diz respeito à visibilidade prática do seu governo (obviamente não pela sensualidade).

Embora ainda estejamos chegando ao meio do primeiro ando de governo, pouco se vê de prático na gestão de Dilma. Antes da eleição a agora presidente (ou presidenta para alguns) botou cela nos frutos do governo Lula, montou na popularidade do mesmo e empunhou a espada da continuidade. Lula passou o bastão. Não há que se desmerecer Dilma no quesito continuidade das benesses do Lulismo, mas há que se criticar a também continuidade de problemas, inclusive agravamento de alguns.

O “oba-oba” da copa no Brasil (e olimpíadas) passou e a realidade bate à porta. Os problemas nos setores de transportes são inúmeros, as greves brotam, e nem falemos dos aeroportos que, tardiamente, passarão a ser explorados por empresas privadas, dada a incapacidade da gestão pública. É um atestado da própria incompetência. Estádios atrasados, alguns ainda na planta! Aliado à isso, volta à tona a desconfiança geral nos membros do PT, alguns dos “mensaleiros” de volta à ativa e Palloci como alvo da vez, em razão do crescimento astronômico de seu patrimônio (de forma suspeita). Nos tempos áureos das crises do governo Lula, o próprio, mesmo que fosse pra dizer nada, aparecia, se pronunciava. De Dilma temos o silêncio e o olhar parcimonioso sobre o horizonte dos acontecimentos. É uma mulher “quase” invisível.

Do outro lado, temos um circo. A oposição desarticulada pela própria falta de união em torno de um discurso, tenta atirar para todos os lados visando atingir o governo, mas sem direção definida ou objetivo que o valha. Nos plenários da Câmara, discursos inflamados contra o governo, sem um mote claro, apenas o de criticar por criticar, sem apresentação de alternativas. Não bastando essa falta de coesão, a oposição se vê cada vez mais esvaziada, uma vez que muitos parlamentares e políticos outros estão deixando a oposição, por ser mais conveniente ser governo. Gilberto Kassab é o ícone dessa turma, que está se filiando ao recém criado PSD (um partido que não é de esquerda nem direita, nem de cima, nem de baixo) por conveniência política e esvaziando a oposição, já há muito vazia de idéias.

Em entrevista recente à revista Época, ACM Neto, um dos líderes da oposição, descreveu da mesma forma a atual situação política dos oposicionistas. O deputado baiano reconhece que a oposição não possui unidade, nem política, nem discurso, nem de críticas. Disse ainda que não há projeto de governo alternativo, nem de consistência nos contrários ao governo. Reconhece também que há a necessidade desse projeto ser criado, debatido, e mais ainda, que a oposição tem que sair às ruas, debater idéias e se mostrar. Assim como fez o PT. Em outras palavras, ser popular. Ir de encontro ao povo e se despir da pecha de elitista, e ter um projeto de acompanhamento crítico e alternativo de governo, são os desafios de quem não pulou do barco da oposição.

Enquanto isso, pra onde está indo o Brasil? Com a palavra, Tiririca.

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