sábado, 4 de junho de 2011

O melhor filme de... Meryl Streep


O MELHOR FILME DE... MERYL STREEP - por Moacir Poconé

Uma atriz indicada dezesseis vezes ao Oscar e vinte e cinco vezes ao Globo de Ouro. Parece inacreditável, mas é o currículo de Meryl Streep, uma das maiores atrizes (senão a maior) que Hollywood já produziu. Com grandes atuações tanto em filmes dramáticos (A escolha de Sofia, Kramer vs. Kramer, O franco-atirador), comédias (A morte lhe cai bem, O diabo veste Prada) passando por filmes românticos (As pontes de Madison, Terapia do amor) e mesmo musicais (Mamma mia!), a versatilidade é marca registrada dessa americana nascida em 1949. O fato de estar em um filme já o faz ser considerado um sucesso de crítica e de bilheteria. Aguarda-se com ansiedade sua próxima produção, o filme A dama de ferro, no qual interpretará a famosa primeira-ministra da Inglaterra Magareth Thatcher. Certamente, seremos agraciados com mais uma grande performance dessa atriz (e ela certamente aumentará o seu número de premiações).

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"Nessa noite acreditei que tinha perdido para sempre a capacidade de me apaixonar, que nunca mais podia rir-me nem perseguir uma ilusão. Mas nunca mais é muito tempo."

"Não me perguntes o que não queres que diga." (do romance A casa dos espíritos)

A saga da família chilena Trueba é a linha condutora do grande filme A casa dos espíritos. Um verdadeiro épico do cinema, o filme certamente afastou espectadores devido ao seu título, que parece se referir a um filme de terror. Mas não. Trata-se de um drama histórico baseado no romance homônimo da escritora chilena Isabel Allende, sobrinha do presidente Salvador Allende, morto no golpe militar que deu o poder ao ditador Pinochet.

O filme narra a vida e as mortes da família Trueba dos anos 20 aos anos 70 do século passado. O jovem Esteban Trueba (representado magistralmente por Jeremy Irons) é um homem decidido e ambicioso. Convicto de seus valores e obcecado por consegui-los a qualquer custo. Vê sua noiva morrer ainda jovem e termina por casar-se com sua irmã mais nova de nome Clara. É a personagem de Meryl Streep. Faz o contraponto à personalidade de seu marido, mostrando-se compreensiva e de uma delicadeza admirável. Na infância, tornou-se famosa por ter poderes sobrenaturais, prevendo o futuro e tendo contato com espíritos.

Os conflitos, claro, não tardam a a surgir. Temos o amor da filha do casal (Blanca, interpretada por Winona Ryder) por Pedro (Antonio Banderas), um simples filho do capataz da fazenda e dono de ideias revolucionárias que despertarão o ódio de Esteban. Há ainda a presença marcante da irmã de Esteban, Ferula, numa atuação primorosa de Glenn Close, que protagoniza uma das cenas memoráveis do filme, além de deixar o espectador com uma sensação de que há algo mais do que amizade entre ela e Clara.

O ponto histórico está justamente na atuação de Esteban na política e o seu desfecho melancólico com a chegada dos militares ao poder. Clara se mantém o tempo todo ao seu lado, mesmo passando por diversas humilhações. A atuação de Meryl Streep impressiona, num misto de sofrimento e de um amor incondicional que tem pelo marido, mesmo passando anos e anos do casamento sem lhe dirigir a palavra. A morte, enfim, apresenta-se a ela como uma redenção, um desfecho mais glorioso que trágico numa vida marcada pelo sobrenatural e pela vida real de desencantos.

A casa dos espíritos possui uma narrativa que cativa o espectador e mesmo sua longa duração (150 minutos) parece ser menor do que realmente é. Um filme de grandes atuações e com uma grande história, daqueles que servem para se compreender a importância do ator no seu papel. Para mim, o melhor filme de Meryl Streep.

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