quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Agora quem dá bola é o Santos...e o Palmeiras


AGORA QUEM DÁ BOLA É O SANTOS... E O PALMEIRAS – por Vicente Bezerra

A CBF resolveu, finalmente, reconhecer os títulos brasileiros de 1959 a 1970. Concordo, com uma ressalva, que farei mais tarde. Fez-se justiça histórica com os clubes e com muitos heróis do nosso futebol em sua fase áurea, entre eles Pelé e Tostão.

Os times e a imprensa da época já reconheciam como campeonato nacional, faltava apenas a chancela da CBF. Com isso, Santos e Palmeiras passaram a ter oito títulos brasileiros. Bahia, Cruzeiro, Botafogo e Fluminense também foram reconhecidos. Não conheço um único torcedor do Bahia (torcida que acompanho de perto) que não se considerasse bicampeão brasileiro (59 e 88). Para os tricolores, tal decisão não vai surtir muito efeito.

Também não conheço um único cronista, jornalista, comentarista esportivo que não seja parcial. Desafio quem me aponte um. Todos trabalham com as camisas de seus times por baixo das fardas. E nisso aponto o aclamando Juca Kfouri como exemplo, o paladino da moralidade e da ética no futebol. “Me poupem”. Para Juca, o reconhecimento é inadmissível. Claro, seu Corinthians passa a ser a quarta força paulista, em termos de títulos realmente importantes. Mas entendo a ótica dele. Para o mesmo, Ronaldo sofreu pênalti claríssimo e o campeonato brasileiro de 2005 foi uma lisura só, afinal foi o curingão campeão.

Muitos comentaristas têm ido de encontro a esse reconhecimento, alegando que a fórmula de disputa e o número de clubes não merecem comparação ao campeonato brasileiro. Comparação com qual campeonato brasileiro? Já tivemos diversas fórmulas de dispute e um sem número de clubes participantes. Argumento pobre esse. Segundo essa ótica, a Copa do Mundo de 1930 não deveria ter validade, pois havia 13 clubes, muitos grupos com 3 seleções, e o Uruguai foi campeão realizando 4 jogos. As primeiras Libertadores contaram com 7 equipes, não deveriam valer. Muitos títulos mundiais de clubes não deveriam valer, pois só houve um jogo apenas, enquanto que o Santos, por exemplo, chegou a fazer 3 jogos para ser campeão mundial. Os primeiros campeonatos carioca e paulista (e desconfio que outros estaduais) tiveram seus primeiros campeonatos com três a cinco times em média. Não devem valer também? Já disse, argumento pobre esse. Esses campeonatos reconhecidos, eram o campeonato brasileiro possível de se realizar à época. E não se fala mais disso.

Agora entro na ressalva que falei adiante. Em 67 e 68, a Taça Brasil e o “Robertão” foram disputados no mesmo ano, tendo sido reconhecidos campeões os vencedores dos dois, ficando esses anos com dois campeonatos brasileiros. Nosso futebol é recheado de títulos divididos e esses serão mais um, ou melhor, dois.

Quanto ao fatídico campeonato de 1987, nada resolvido. O Flamengo, vencedor da Copa União (e aí, considera ou não? Não foi outra fórmula, outro nome?) continua na batalha de ver reconhecido o campeonato brasileiro de 87. Também não conheço um único flamenguista que não se ache campeão nesse ano. Surtirá efeito o reconhecimento? Os vascaínos irão sempre protestar. A CBF está proibida judicialmente de fazer tal reconhecimento. Este escriba sugere a divisão do título entre Flamengo e Sport, mas a polêmica será infinita e haverá os que não concordam. Só posso dizer uma coisa: o choro é livre e o freguês tem sempre razão. Não é Flu?

P.S.: Um feliz natal a todos os leitores do blog!

4 comentários:

  1. Olhe, Vicente, ainda não tenho opinião formada a respeito, mas o argumento dos poucos jogos realizados não é tão sem validade assim. Isso porque nos anos 60 já havia os times de hoje. Poderiam participar da Taça Brasil ou sei lá que nome se dava. Como explicar Santos e Palmeiras entrando somente na semifinal de campeonatos brasileiros (como de fato ocorreu) se os times do Rio, São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul e até mesmo do Nordeste como Bahia e Pernambuco estavam em plena atividade? É diferente da Copa do Mundo de 1930 pois várias seleções europeias desistiram de participar devido às longas viagens, pois se usava o navio para atravessar o Atlântico. Sei apenas que é estranho o Santos jogar 43 vezes para ser hexa e o São Paulo jogar 192 vezes para ter o mesmo número de títulos. Abraços, Moacir Poconé

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  2. Moacir, justiça no futebol não existe. O Brasil é um país continental. Era a fórmula da época. Era o possível para aqueles anos. O futebol não era o comércio, o business que é hoje. Não é justo o São Paulo jogar tanto e o Santos não para o número de títulos? Azar. Na época nem se sonhava com pontos corridos (que hoje em dia ainda é polêmico). É justo nosso maior jogador, e o maior de todos os tempos, não ser campeão Brasileiro? Azar? Não. Era o campeonato brasileiro da época e a fórmula da época. Tivemos campeonatos com poucos times. Em 84 teve 90 times. Porque os dois não podem ser campeonatos brasileiros?
    Vicente

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  3. Mais alguns esclarecimentos: http://globoesporte.globo.com/platb/gustavopoli/2010/12/27/a-carie-de-pele/

    Vicente

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  4. "Comunico que assim que voltar das férias começarei uma campanha para que os dois títulos olímpicos do Uruguai sejam reconhecidos como equivalentes às duas Copas do Mundo que ganhou.

    Assim, o Uruguai será tetracampeão mundial porque o torneio de futebol das Olimpíadas era o mais importante até o advento da Copa do Mundo.

    E tenho certeza de que a CBF, coerentemente, endossará a campanha."
    por Juca Kfouri

    Esse rapaz está se revelando cada vez mais patético e ridículo.
    Vicente Bezerra

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