quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Balada nº 9

BALADA Nº 9 – por Vicente Bezerra

“Conheci um capeta em forma de guri”. Jogava no Cruzeiro. Aos dezesseis anos era titular absoluto da “raposa”, um dos grandes do país. Com a camisa azul fez a torcida feliz com seu talento em fazer gols. Muitos. Foi ainda guri que imprimiu na carreira de um grande goleiro, o uruguaio Rodolfo Rodriguez, um vexame. Para Ronaldinho, como chamado na época, era um lance engraçado. Para Rodolfo, foi o ocaso de uma bela carreira.

Anos depois esse guri se intromete entre uma constelação de jogadores. 1994, copa do mundo. O garoto Ronaldinho vai para os Estados Unidos e se vê no meio de monstros já consagrados à época: Branco, Bebeto, Taffarel, Raí, Jorginho e o gênio da grande área, Romário.

Seguiu a rotina de todo jogador brasileiro que se destaca: foi para o exterior. E como Romário, passa por PSV e Barcelona, com destaque. O menino vira craque. O menino vira homem e agora o chamam de Ronaldo. É no Barça que faz um dos seus gols mais memoráveis, com sua tradicional arrancada.

Ronaldo teve sua carreira pautada por desafios, sempre vencidos. A Itália foi mais um deles. Jogou na Internazionale e no Milan, times rivais, e fez sucesso em ambos, sendo admirado pelas duas torcidas. É chamado de “Fenômeno”. Vencer na Itália é para poucos. E foi na Itália também um dos momentos mais difíceis de sua carreira, quando rompeu os ligamentos do joelho.

Outra dificuldade, na seleção. Copa do mundo de 1998. Até hoje a mal explicada história da convulsão e uma derrota amarga para a França. Mais uma vez levantou-se, sacudiu a poeira e deu a volta por cima. Hoje pode orgulhar-se de ser bi-campeão mundial com a “amarelinha” e o jogador que mais gols fez em copas do mundo.

Não é intenção do texto resumir a carreira de Ronaldo. Os escândalos, os títulos, os gols, estão preservados na história. Hoje, o mundo tecnológico nos permite uma memória mais ativa. Ronaldo estará eternizado nas páginas da internet, nos vídeos do youtube, nos DVDs e blue-rays da vida. Sorte que outros não tiveram. Infelizmente, o tempo não para.

Tudo que podia ser dito já o foi por esses dias. E em homenagem a Ronaldo, desenterro a letra de uma antiga música, conhecida nas vozes de Noite Ilustrada e Moacyr Franco:

Balada nº 7 - Composição: Alberto Luiz

Sua ilusão entra em campo no estádio vazio,
Uma torcida de sonhos aplaude talvez,
O velho atleta recorda as jogadas felizes,
Mata a saudade no peito driblando a emoção.

Hoje outros craques repetem as suas jogadas,
Ainda na rede balança seu último gol,
Mas pela vida impedido parou,
E para sempre o jogo acabou,
Suas pernas cansadas correram pro nada,
E o time do tempo ganhou.

Ergue os seus braços e corre outra vez no gramado,
Vai tabelando o seu sonho e lembrando o passado,
No campeonato da recordação faz distintivo do seu coração,
Que as jornadas da vida, são bolas de sonho.
Que o craque do tempo chutou.

Cadê você, cadê você, você passou,
O que era doce, o que não era se acabou,
Cadê você, cadê você, você passou,
No vídeo tape do sonho, a história gravou.

5 comentários:

  1. Parabéns Vicente pelo ótimo texto, especialmente pela música do final. Vale lembrar que ela foi composta em homenagem ao grande Garrincha, outro grande jogador brasileiro. Moacir Poconé

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  2. Realmente Moacir, faltou a menção de que a música foi escrita para Garrincha. Acho a versão de Noite Ilustrada melhor, mas não menos triste.

    Vicente

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  3. Sabe de quem voces falaram nesse texto? do melhor de todos os tempos. mesmo gordo, tive a honra de ver O CARA no meu time. desde gurizinho sempre gostava do jogo de dele e um dia queria ve-lo em meu time. ocorreu. RONALDINHO FENOMENO É O NOME DELE!!!! FAGNER

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  4. Puxa vida, Fagner, "melhor de todos os tempos"? Corinthiano é exagerado, viu? kkkkkkkkk. Nem melhor atacante de todos os tempos ele foi. Daqui a pouco, os corinthianos coemçarão a pedir Liédson na Seleção (mesmo que ele não possa ir...). Abraços, Moacir.

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  5. imparcialmente falando: - Gostei mais desse!
    kkkk

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