quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Nau à Deriva

NAU À DERIVA – por Vicente Bezerra

O Vasco da Gama passa por um momento difícil. Em quatro jogos acumula quatro derrotas, num campeonato carioca cujo nível técnico não é aconselhável para a saúde ou para menores de 18 anos. O que aconteceu ao Vasco? Na verdade, ele vem trilhando um longo caminho, há quase uma década.

Os anos 90 foram muito bons para o Vasco. Tricampeão carioca, um deles invicto, campeão do Rio-São Paulo, duas vezes campeão brasileiro, campeão da taça libertadores da América e campeão da Mercosul, num jogo histórico, conhecido como a “virada do milênio”. O torcedor se acostumou às vitórias. Jejum, no máximo de dois anos sem título. O que mudou?

Concomitante a este bom momento, o Vasco, através do seu manda-chuva à época, Eurico Miranda, sonhou com um malfadado projeto olímpico, através do qual desejava tornar o Vasco da Gama uma potência também nos esportes amadores e olímpicos. Eurico e seu jeito truculento, de querer passar por cima de tudo e todos para alcançar seus objetivos, contratou a rodo esses atletas e tornou o Vasco uma potência nesses esportes. Mas não só isso. Transformou o clube também num dos mais endividados do país. E a forma de Eurico comandar, se manifestar e se impor, transformou o Vasco num time antipatizado por muitos, principalmente pela imprensa, que aumentou sua má-vontade com o clube.

Com as dívidas, alimentadas também pela forma com que Miranda administrava o clube (pra não chamá-lo de desonesto), começaram a rarear também as fontes de recursos. Com a antipatia atraída por sua figura (e sua administração), começaram a desaparecer os patrocinadores. Um clube como o Vasco da Gama passar mais de cinco anos sem patrocínio na camisa é impensável. Mas aconteceu. O Vasco também passou a revelar menos jogadores e a contratar atletas desconhecidos ou medianos, oriundos de clubes menores do futebol carioca. Lógico, os resultados não vieram. O Gigante da Colina, como é chamado, passou apenas a participar de campeonatos e não disputando como de costume. De 2001 até hoje, um mísero carioca em 2003.

Os vascaínos estavam fartos dessa situação e viram a luz no fim do túnel: o grande ídolo Roberto Dinamite ser eleito presidente. Após muita turbulência, Dinamite chega ao cargo. Meses depois o Vasco cai para a segunda divisão brasileira. A culpa é colocada na “herança maldita” da administração Eurico Miranda. O fato é que o caos foi deixado por Eurico mesmo. Mas a seqüência de decisões equivocadas por parte de Roberto, aliada também à demora em tomá-las contribuíram e muito para a queda. Da posse de Dinamite, até este dia, em sua gestão, não foi contratado um treinador sequer, de comprovada experiência, tarimba e história no futebol. Tita, Renato Gaúcho, Celso Roth, Mancine e PC Gusmão foram apostas que deram errado. E a situação atual do Vasco não merece aposta. Exige competência, história, experiência.

Roberto tem os seus méritos. A valorização do marketing, a criação do programa de sócios, o resgate da imagem do Vasco junto à imprensa, o equacionamento de algumas dívidas, o retorno dos patrocínios, são contribuições valiosas sim. Mas falta algo. E o que falta, Dinamite deveria aprender com seu rival político. O que de melhor Eurico possuía: a defesa intransigente do Vasco e, sobretudo, o comando que exercia sobre seus comandados. As fotos do post dizem tudo.

O momento pede união. A política tem que ser deixada de lado, e é o que vem prejudicando o Vasco da Gama. A nau está à deriva. E se o novo intendente não aprender as lições do velho capitão, esquecendo o lado negro do mesmo, ou unirem suas melhores intenções, vai ficar como está ou pior. Ou então ficará a caravela vascaína esperando um novo almirante. Se não afundar antes.

Um comentário:

  1. O penúltimo parágrafo, pra mim, é essencial: Roberto é o melhor para o Vasco. O que acontece, acredito, é que no futebol carioca as oposições nos clubes são "bandidas": trabalham pesado pra derrubar quem está no poder. O Flamengo sofreu recentemente isso, quando um ex-chefe de torcida conseguiu derrubar o maior ídolo do Flamengo. Basta dizer isso. Homem sério e íntegro não trabalha em clube do RJ.

    Wanderley

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