sexta-feira, 18 de junho de 2010

A estrela da Copa


A ESTRELA DA COPA - por Moacir Poconé

Existe uma crônica do grande Luís Fernando Verissimo em que uma criança estranha o presente que recebe do pai. Trata-se de uma bola. Sim, uma bola. A graça do texto está justamente no fato de ser algo inusitado uma criança não saber que a bola é um brinquedo e nem como funciona. Chega a pedir ao pai um manual de instruções ou regras para o novo brinquedo, pois não sabe brincar com aquele objeto esférico. Claro que se trata de uma crítica aos brinquedos ultratecnológicos, cheios de luzes, sons ou qualquer coisa do tipo.

Algo parecido acontece com a bola dessa copa, a já famosa Jabulani. Nunca se ouviu falar tanto de uma bola para a Copa do Mundo. Uns dizem ser “leve”, que parece até de plástico, como nosso goleiro Júlio César. Craques e mesmo os “cabeças-de-bagre de nossa seleção acusaram a bola de ser uma “patricinha que não que ser chutada”, como se alguma patricinha quisesse. Foram tantas reclamações que o secretário-geral da FIFA se manifestou em defesa da bola e foi logo repreendido por nosso severo técnico Dunga, que disse que o cidadão jamais chutara uma bola num campo qualquer.

Depois da polêmica futebolística, entraram em campo as informações vindas do marketing esportivo. Os jogadores que teriam se queixado da Jabulani seriam todos patrocinados por uma empresa de material esportivo concorrente da que fabrica o objeto de tanta confusão. Em resposta, esta última programou um contra-ataque no melhor estilo das seleções sulamericanas: convocou atletas patrocinadas por ela para defender a pobre bola. E aí ouvimos elogios, exaltações, comentários sobre a forma aerodinâmica da Jabulani e coisa e tal.

Diante de tanta discórdia, que relegou os jogos da Copa ao segundo plano, lembrei-me da tal crônica citada no início do texto. A Jabulani, queiram ou não, É uma bola. Redonda, esférica, com o peso certamente adequado às normas estabelecidas pela FIFA. Será que causa tanto desconforto aos goleiros e jogadores? Ou será que eles precisarão de um manual para saber como usá-la?

Um comentário:

  1. Caro amigo Moacir. Achei brilhante seu texto, compactuo com sua opinião sobre a dita cuja (A Jabulani), acho mesmo que os cabeças-de-bagre (não só, os da nossa seleção) deveriam falar menos e jogar mais, pois com essa bola ou qualquer outra anterior, muitos não conseguem nem cobrar lateral...

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